A Dependência Química
Por: Gabriela Torres • 2/7/2019 • Trabalho acadêmico • 2.388 Palavras (10 Páginas) • 130 Visualizações
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GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA
Dependência Química
Disciplina: Anatomia e Neuroanatomia
Professora: Renata Resende
Turma: PS2A
Gabriela Torres
Stela Hubner
Vitor Guilherme
O uso de substâncias capazes de alterar o estado de consciência vem sendo feito desde os primórdios da humanidade. Sejam estimulantes ou sedativos, lícitas ou ilícitas, as drogas estão presentes em todas as camadas da sociedade. Podemos destacar como algumas das drogas ilegais a maconha, cocaína, LSD, anfetaminas, ecstasy, crack e opióides. Mas também é importante lembrar que existem muitas drogas legais que são ainda mais utilizadas e que podem fazer tão mal quanto, como álcool, cigarro, cafeína, ansiolíticos e outras substâncias farmacológicas. Cada uma delas age de formas diferentes e têm diferentes níveis de probabilidade de dependência, podendo ser de alto ou baixo risco. Cerca de 10% das pessoas que utilizam uma substância psicoativa pela primeira vez se tornarão dependentes e em algumas dessas drogas, como a nicotina, essa chance é cinco vezes maior.
O problema começa quando o uso ocasional começa a se tornar cada vez mais frequente, gerando um desequilíbrio no organismo que altera o metabolismo químico e, assim, causando a dependência. A dependência química é uma doença biopsicossocial, visto que seus sintomas são variados, sendo estes cognitivos, comportamentais e fisiológicos. O sujeito passa a deixar de fazer outras atividades antes consideradas prazerosas para fazer atividades em prol do vício, além de apresentar dificuldades de se relacionar socialmente, visto que é afetada sua capacidade de pensar, sentir e agir. Outros sintomas comuns são a falta de controle, ansiedade, irritabilidade, confusão mental e em casos mais graves até transtornos de personalidade. Além de poderem gerar inúmeros problemas para a saúde física.
A capacidade de tomada de decisões é gravemente afetada no caso do abuso de substâncias. O fluxo contínuo de estímulos que recebemos tanto do ambiente quanto do nosso organismo nos leva a nos posicionarmos sobre o que é prazeroso e o que é adequado dentro de cada contexto. A fim de restringir essa tomada de decisões existem, em cada sociedade ou meio social, certas estruturas nas quais os indivíduos são levados a acatar certar linhas de pensamento ou comportamento. Como estruturas religiosas, militares, entre outras.
Muitos são as causas pelas quais os indivíduos buscam o uso de drogas, estando relacionadas a fatores psicológicos, sociais, biológicos e ambientais. Alguns sujeitos podem apresentar em seu organismo uma predisposição ao abuso de substâncias. Cerca de 50% do problema no caso do álcool está relacionado diretamente a fatores genéticos, podendo uma pessoa com pais alcoólatras ter quatro vezes mais chance de também desenvolver o vício. Os grupos que estão mais propensos a reagirem aos efeitos do álcool são mulheres, jovens e idosos, sendo estes os com maior predisposição à dependência.
Outros aspectos sociais que podem ser determinantes no uso da droga são fatores como moradia, estabilidade social, vínculos e pressões sociais. O ambiente em que o indivíduo cresce também pode ter grande influência a medida que certas crenças disfuncionais desenvolvidas na infância e não amadurecidas podem levar a um padrão de pensamentos automáticos disfuncionais e sentimentos impulsivos. Geralmente em casos de dependência química as crenças centrais são construídas em contextos de famílias disfuncionais, como rigidez excessiva, violência domiciliar e ausência paterna.
No início da década de 40 surge uma teoria que poderia explicar todo o processo de desenvolvimento da dependência quimíca, a chamada teoria do reforço que afirma que o comportamento das pessoas pode ser influenciado e controlado através do reforço das ações, recompensando as desejadas e desprezando as indesejadas. O primeiro teste foi realizado com chimpanzés que foram induzidos ao vício de opioides através de injeções dadas diariamente, após um tempo eles voluntariamente pediam as injeções e trabalhavam para conseguir. Houveram testes com ratos que foram induzidos ao vício de estímulos elétricos, apesar de que somente uma parte dos ratos deixou suas necessidades de lado para ficar em função do choque. Com isso, foi possível descobrir que todas as drogas, apesar de atuarem de formas diferentes, ativam a mesma região do cérebro: o sistema de recompensas central.
As drogas de abuso causam um aumento rápido na liberação de dopamina, um importante neurotransmissor do sistema nervoso central (SNC). A dopamina é uma substância química produzida e liberada no cérebro que tem importantes funções no organismo, como movimento, sono, cognição, memória, aprendizagem, emoções e, principalmente, a sensação de prazer. Ela é localizado no núcleo accumbens, uma das principais partes do estriado. Esse núcleo tem sido considerado como a estrutura chave envolvida nos processos emocionais, na interface límbica, motora e no efeito das drogas psicoativas. O prazer intenso tem a ver com o sistema de recompensas, pois ele é peça fundamental para o aprendizado por associação, ou seja, a base do condicionamento. Outro importante neurotransmissor do SNC presente no sistema de recompensas é a serotonina, produzida no lobo frontal, aréa do cérebro que modula a flexibilidade, seleção de ações e avaliação das mesmas. Logo, quando há um déficit na produção da serotonina, podemos observar a capacidade de tomada de decisões ser gravemente prejudicada.
Quando o indivíduo repete o uso da droga, os neurônios liberadores de dopamina já entram em atividade ao reconhecer os estímulos externos e internos vividos no momento anterior ao uso da substância. Este momento em usuários dependentes é conhecido como fissura e é por isso que a memória tem papel tão importante no processo de dependência química. Pode-se observar que ao voltar a locais onde foi utilizada a droga, ter pessoas utilizando por perto ou estar sob o mesmo estado mental que estava antes, a tendência é que o sujeito se sinta pressionado a utilizar a droga novamente. Como alguém que bebe e um dia experimenta um cigarro, é natural que ao beber novamente perto de pessoas que fumam ela sinta vontade de fumar novamente. Até que esse ocasionalmente se torna vício. Este condicionamento é tão forte que existem pessoas que mesmo após deixar de ser usuária, continuam com a dependência, podendo ter surtos de fissura.
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