A Importância da Epigenética no Contexto da Psiquiatria
Por: Gustavo Varela • 11/1/2017 • Trabalho acadêmico • 942 Palavras (4 Páginas) • 585 Visualizações
A importância da Epigenética no contexto da Psiquiatria
Nas últimas décadas as teorias neurocientíficas sobre as patologias mentais vem se destacando como a principal e mais coerente explicação para esse fenômeno. Nessas teorias predomina o pensamento determinista biológico sobre as doenças mentais e a valorização da medicamentação excessiva com base nas abordagens científicas.
Graças a grande tendência a remedicalização da psiquiatria, os transtornos mentais são entendidos como resultado de fenômenos estritamente ligados a fatores biológicos, portanto, acessíveis por meio de uma visão que reduz tudo a uma investigação científica, em contraste as explicações psicológicas e ambientalistas que tomam o indivíduo como ponto de partida.
Com o avanço das tecnologias médicas, as pesquisas neurológicas avançam e inauguram a possibilidade de estudar organismos e estruturas moleculares muitíssimos pequenos. A partir da valorização da determinação biológica das doenças psicológicas e do avanço tecnológico esperava-se encontrar, finalmente, a causa dos transtornos mentais.
Em todo esse contexto a noção de epigenética dentro do campo psiquiátrico vem sendo considerada de grande importância na explicação do funcionamento do cérebro, consequentemente, dos transtornos mentais. Nos entanto, as noções de epigenéticas também apontam para um grande redirecionamento desafiando o determinismo biológico e estabelecendo novos fatores de configuração entre a biologia e o ambiente.
A epigenética vem sendo considerada como uma das principais apostas no campo psiquiátrico para explicar os transtornos mentais, pois tem sua fundamentação no campo biológico, sendo capaz de explica-los sobre uma ótica de nível molecular. Esse modelo considera a interação entre herança genética e fatores ambientais analisando essa ligação em processos intracelulares na expressão do material genético no organismo, que são expressadas nas características exibidas pelo indivíduo.
Essa “revolução genômica” pode significar o entendimento dos mecanismos da epigenética construindo soluções interessantes para explicar os transtornos mentais. Nesse sentido o conceito de epigenética pode significar uma grande contribuição nos estudos de psiquiatria, já que as explicações de cunho exclusivamente determinista biológicas não foram o suficiente para se explicar as patologias mentais.
Historicamente os estudos dentro da psiquiatria se ocupavam apenas em distinguir os fatores genéticos e os fatores ambientais ligados aos transtornos mentais, por meio de pesquisas com irmãos gêmeos, adoções e famílias de indivíduos portadores de doenças mentais. Umas das principais suposições dessas pesquisas residia na diferença de ocorrência de transtornos mentais entre gêmeos monozigóticos, pois, se os indivíduos possuem a mesma carga genética as ocorrências de transtornos mentais poderiam então serem atribuídas a fatores ambientais não partilhados entre os irmãos. Importava discriminar o impacto da herança genética na predisposição aos aparecimentos de doenças e identificar que fatores ambientais exercem impactos na formação das psicopatologias.
Usando a esquizofrenia como exemplo na qual em diversas pesquisas vários fatores ambientais foram identificados como capazes de aumentar o risco para a esquizofrenia: abuso, estresse físico e mental, dieta materna durante a gravidez, uso de drogas, vida urbana entre outros. Além dos fatores ambientais, a determinação genética da esquizofrenia continuou a ser investigada, porem a ambição de encontrar um único gene para explicar o aparecimento da doença não se confirmou. Deste modo, tanto as pesquisas sobre fatores hereditários, como ambientais acabam sendo apenas descritivas, mas não explicativas dos mecanismos das doenças psíquicas.
Além das limitações próprias destes estudos, algumas complexidades carecem de explicação, como por exemplo as recentes pesquisas que associam
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