A Intervenção Psicoterapêutica Com Agressor Conjugal: Um Estudo de Caso. Revista Psicologia em Estudo,
Por: laismariaana • 23/5/2023 • Trabalho acadêmico • 1.628 Palavras (7 Páginas) • 79 Visualizações
PADOVAN, R. da Costa.; WILLIAMS, L. C. de Albuquerque. Intervenção Psicoterapêutica Com Agressor Conjugal: Um Estudo de Caso. Revista Psicologia em Estudo, Maringá, v. 7, n. 2, p. 13-17, jul./dez. 2002. Disponível em: https://www.scielo.br/j/pe/a/SfqKnqQQy7DfGz5Wpqv7rFg/?format=pdf. Acesso em: de abr. 2023.
Neste estudo de caso “Intervenção Psicoterapêutica Com Agressor Conjugal” aborda a temática de tratar o gerador da violência na relação conjugal, buscando minimizar as violências e intensidades e debatendo se há a possibilidade de cessá-las. O sujeito estudado era um homem de 52 ano, pertencendo à classe média alta, profissional da área da saúde, casado há 23 anos com a sua esposa de 46 anos juntos eles tiveram 3 filhos, duas gêmeas de 19 anos e um filho de 24 anos, as filhas moravam com os pais e o filho cursava faculdade particular em outra cidade.
O estudo se desenvolveu após o dia em que a esposa procurou o Serviço de Psicologia da Delegacia da Defesa da Mulher (DDM), relatando a agressão física e psicologia do marido, no qual o marido dizia que a esposa era “louca” e mostraria as pessoas da delegacia quem a esposa realmente era. Cerca de um mês depois a esposa iniciou o acompanhamento psicoterapêutico, logo em seguida seu marido aceitou o convite para fazer psicoterapia, os atendimentos eram feitor em uma sala de psicologia da DDM de São Carlos, descrita no Programa de Intervenção a Vítima de Violência em que estagiários do curso de Graduação de Psicologia da UFSCar prestam atendimento psicoterapêutico a mulheres agredidas e suas famílias, ao marida a intervenção seguiu por seis meses, sendo realizadas 15 sessões de cerca de uma hora cada, onde faltou apenas três vezes, sendo duas das faltas justificadas, evidenciando o estabelecimento do vínculo terapêutico, o que é fundamental para o progresso do cliente, as filhas foram encaminhadas para terapia individual e o filho se recusou ao atendimento, quando houve a recusa a mãe relatou que o mesmo já havia tido episódios de violência contra a namorada, que estava apresentando comportamentos semelhantes ao pai, “ele está indo para o mesmo caminho”.
Aqui se percebe que o comportamento violento pode ser “ensinado”, se é ensinado é mutável, há como aprender novamente e melhor.
Na seção “Procedimento” descreve-se que foi adaptado para o atendimento individual uma abordagem cognitivo-comportamental do trabalho de grupo de O’ Leary, Heyman & Neidig (1999), onde a intervenção teve duração de seis meses, tendo 15 sessões de 1h cada, na qual as técnicas utilizadas consistiram de: tarefa de casa (fazer relaxamento, praticar assertividade), autoregistro de comportamentos violentos (antecedente, ocorrência de violência, consequente), registro de pensamentos que desencadeavam agressões (acontecimentos que desencadeavam raiva, pensamentos que teve e o que fez em seguida), técnicas de autocontrole (substituição de pensamentos “quentes” que desencadeavam agressões por pensamentos “frios”, que a dissipavam), autoaplicação de time-out ( sair de casa quando percebia que estava perdendo o controle), manejo de raiva (discriminações de mudanças corporais), estratégias de controle de estímulo associadas ao comportamento violento (exemplo: discutir sobre dinheiro apenas em locais públicos, onde o comportamento violento não era desencadeado), análise de pensamentos disfuncionais, técnicas de combate à depressão (exercício físicos, lazer, enfrentamento de verbalizações pessimistas), treino de assertividade, relaxamento muscular progressivo, role-play e leitura sobre a temática da violência doméstica seguida por discussão. O material utilizado para leitura foram trechos descrevendo o “Ciclo da Violência” de Walker (1979) e sobre efeitos da punição (Sidman,1995). Após dois meses do termino da intervenção o marido quis dar um feedback sobre seu desempenho, mesmo acontecimento não sendo planejado foi dado como medida de follow-up (acompanhamento).
No “Resultado e Discussão” se tem um resumo de como foi que a violência adentrou a vida do esposo, onde desde sua infância seu país o “educava” e seus irmãos na base de castigos físicos e psicológicos e que sua mãe também sofria nas mãos de seu pai rígido e severo, ele relata que “aprender era sinônimo de apanhar”. Mas de fato o seu comportamento violento surgiu no primeiro ano de casamento, quando o esposo deu um tapa em sua esposa desacordando-a a ponto de ir para o pronto-socorro, ele reconheceu que era violento em demais situações, descreveu um episodio de um acidente de trânsito em que agrediu o motorista que atingiu o seu caro quebrando o braço do mesmo.
Hultzworth- Munroe, Rehman & Herron (2000), em sua tipologia sobre homens violentos no relacionamento conjugal, identificaram a existência de um subgrupo que apresenta comportamentos violentos fora do relacionamento conjugal.
Na relação o marido apontou que as maiores dificuldades eram sob lidar com as finanças do casal, onde ele afirmava que sua esposa “não sabia administrar o dinheiro” assim como a falta de comunicação do casal, dizia que gostava da esposa, admitia as acreções, mesmo achado que não era certo o seu comportamento e ressaltava que seus amigos estavam cientes dos ocorridos, mas que não conversavam sobre.
Pode se perceber nesta fala um aspecto muito característico nos agressores que é a tendência de minimizar a agressão e negar o comportamento agressivo, culpando a vítima pelo comportamento emitido, assim como o ciclo da violência em que ele até se sente culpado, mas não para, onde diz “o poder de provocação de minha mulher supera meu poder de agressão”, e ressalta não conseguir controlar seus impulsos tendo baixa resistência a frustação. Pode-se observar também que mesmo que seus amigos saibam, os mesmos não intervém, pois pode-se imaginar que eles também agem do mesmo jeito e mesmo que não como o ditado diz “em briga de marido e mulher não se mete a colher” esta crença perpetua até hoje.
O estudo emprega uma tabela com o Escores obtidos na Escala de Tática de Conflito (CTS-2) segundo avaliações do cliente e de sua esposa, onde ambos apresentam atribuições próximas no que se refere a violência física e psicológica, mas nos ferimentos produzidos há uma disparidade grande entre eles, onde o esposo minimiza os ferimentos gerados na esposa, que socialmente é velado.
Observa-se que a mulher esconde as violências sofridas até o último momento, mas quando ela decide resolver a situações mesmo querendo ainda estar com o marido ela deixa de ocultar as violências sofridas, onde parceiro ainda quer minimizar a situação e que não se acha tão errado assim, ela começa a perceber a gravidade.
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