A LICENÇA PARA CONTAR XUKURUS, UMA ESCUTA SOBRE A MORTE NOS TERRITÓRIOS INDÍGENA
Por: Patricia Albuquerque • 6/12/2022 • Trabalho acadêmico • 3.921 Palavras (16 Páginas) • 68 Visualizações
Faculdade Ciências Humanas - ESUDA
Disciplina: Psicologia Hospitalar
Professora: Daiane Cristina de Morais
Discentes: Cláudia Patrícia, Patrícia Albuquerque, Rodrigo Santos
LICENÇA PARA CONTAR
XUKURUS, UMA ESCUTA SOBRE A MORTE NOS TERRITÓRIOS INDÍGENA
RECIFE
2022
INTRODUÇÃO
Entre as cidades de Pesqueira e Poção, no estado Pernambuco, está localizado um conjunto de montanhas chamado Serra do Ororubá. Este lugar encantador, está habitado por um povo indígena brasileiro chamado Xukurus do Ororubá. São 24 aldeias em um território com 27.555 hectares de terra, que foram reocupados, tendo reconhecido no ano de 1988, o direito sobre a terra que foi homologada em 2001, acomodando no núcleo de pesqueira aproximadamente 200 famílias indígenas. O povo indígena Xukurus do Ororubá, sofreu grandes problemas de desapropriação de suas terras. Documentos datados do século XVl, relata o sofrimento desse povo, reforçando o que contam os indígenas desse povo a partir dos relatos passados de pais para filhos desde então, até os dias de hoje.
Há relatos de que no período colonial, a partir da invasão dos portugueses na antiga Vila de Cimbres, atualmente conhecida como aldeia Kucuru.
Essa aldeia Kucuru, antiga Vila Cimbres, é uma das áreas de maior importância histórica, por ter sido ali um dos locais onde houve o manifesto de grande guerra entre o povo indígena Kucurus e os colonizadores na luta pela terra.
Os conflitos fizeram que aldeias fossem destruídas e logo após novos donos oriundos de famílias que se denominavam fazendeiros donos das terras, roubassem para si como suas terras por direto tirando o direto real dos verdadeiros donos indígenas.
Tais conflitos trouxeram consigo muitas mortes, algo que para os xukurus avaliam ter valido a pena, já que sempre tiveram como propósito, lutar pelos seus direitos, dizendo que “se tivessem que morrer, morreriam até conseguirem conquistar seus direitos.”
Diante de tantas lutas e injustiças os guerreiros xucurus passaram por dolorosa perda no dia 20 de maio de 1998.Seu líder Cacique Chicão, foi brutalmente assassinado a mando dos fazendeiros que insistiam querer dominar todo território Xukurus do Ororubá.
Os fazendeiros tinham em mente que eliminando o líder, enfraqueceriam esse povo na tentativa de conseguirem o retorno em mãos total dos territórios daquela área.
VISITA PÓS EXCURSÃO AOS TERRITÓRIOS INDÍGENAS XUKURU DO ORORUBÁ CHEGADA NA PLACA
Nossa pesquisa foi além dos rituais fúnebres sobre a morte e o morrer no território indígena Xukuru do ororubá, impossível não querer ir além e sair destas terras sem entender a importância, a cultura e o sagrado para esse povo.
Nós iniciamos esta experiência, com a inestimável contribuição do Mestre historiador Rodrigo Mendonça, que nos presenteou ao apresentar-nos ao professor Edson Silva, titular de História da UFPE, mestre pela UFPE e doutor em História Social Unicamp, escritor do livro "Xukuru: memórias e história dos índios da Serra do Ororubá, através dele, tivemos nossos estudos acadêmicos e orientação para a realização deste trabalho.
É importante aqui dizermos, que o professor Edson a partir de suas contribuições generosas, tanto em forma de aulas em telefonemas sem fim, como e-mails, troca de materiais até chegar no tutorial desta excursão aos territórios xucurus do Ororubá, clareou e ressignificou a história dos povos indígenas Xukuru do Ororubá e assim, tatuou essa história em nossas almas para sempre! Só assim, pudemos formar a nossa visão do que encontramos neste espaço de encontro com a natureza, com o sagrado e a nossa ancestralidade, através da verdadeira história do povo originário desta região do nosso estado. Ao mestre com carinho, o nosso muito obrigado!
CHEGANDO AO DESTINO: (ESTRADA ENTRE PESQUEIRA E CIMBRES)
Após a nossa visita a antiga sede do município de Pesqueira, fomos conhecer o atual distrito de Cimbres. Para chegar em Cimbres, é necessário sair da BR- 232, subir 21km pela PE 219. A rodovia é estreita, repleta de curvas sobre a serra, mas o caminho é de uma beleza ímpar, atravessa algumas regiões me mata, com poucas casas.
O território da etnia está localizado entre os municípios de Pesqueira e Poção, no agreste pernambucano, a cerca de 200 quilômetros da capital Recife.
São 25 aldeias e aproximadamente 10 mil pessoas que resgatam, no dia a dia, um sentido de bem viver em que gerações não se separam do meio ambiente.
Os xukurus habitam um conjunto de montanhas, conhecido como Serra do Ororubá, no estado de Pernambuco. Os registros sobre esse povo indígena datam do século XVI e desde então indicavam que a sua ocupação nessa região já sofria transformações devido aos violentos processos de expropriação de suas terras.
Documentos relativos ao período colonial atestam essa invasão por parte dos portugueses e registram que a antiga Vila de Cimbres, hoje uma aldeia Xukuru, foi palco de conflitos entre os Xukuru e os colonizadores. Muitas aldeias foram extintas e as terras logo registradas em nome dos fazendeiros.
CIMBRES (PARADA NA IGREJA)
Cimbres nasceu entre 1600 e 1700, um povoado simples e silencioso. Uma bela e imponente igreja parece olhar para toda a vila e as casas conservam, em grande parte, suas fachadas originais.
Segundo Silva (2003), um dos resquícios da época em que era a sede do município, é o imóvel com a inscrição “Açougue Municipal” em sua fachada, outro dado relevante é que A aldeia do Arorobá, que se originou da Vila de Cimbres, também conhecida como Nossa Senhora das Montanhas, foi fundada em 1669.Devido ao seu clima favorável e a abundância d'água, tornou-se próspero e foi elevado à paróquia em 1692 pelo bispo D. Matias de Figueiredo e Melo. A igreja de Nossa Senhora das Montanhas foi ali instalada em 1692 e tornou-se a primeira matriz do agreste de Pernambuco.
Um dos aspectos mais importantes da cosmologia Xukurus refere-se à forma como se relacionam com o sagrado.
Os lajedos também são importantes para os xukurus. Estas são grandes pedras lisas onde se realizam rituais. Além desses lajedos, os xucurus consideram importantes algumas pedras especiais que são locais de presença dos espíritos encantados.
A Vila Cimbres foi apropriada pelos índios, que a transformaram em um espaço de memória, de referências, de encontros anuais para as festas religiosas do calendário católico romano, mas relidas a partir dos horizontes Xukuru.
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