A LUDOTERAPIA NO PROCESSO DO LUTO INFANTIL: UM ESTUDO DE CASO
Por: Celina Fontenelle • 31/10/2022 • Resenha • 1.343 Palavras (6 Páginas) • 191 Visualizações
A LUDOTERAPIA NO PROCESSO DO LUTO INFANTIL: UM ESTUDO DE CASO
Luto é o processo pelo qual alguém passa quando uma perda é experienciada. As experiências que fazem parte desse processo ocorrem em diferentes sequências e intensidades e, assim como sua duração, dependem do indivíduo. Respostas de luto vão também depender de quão significativa é a perda.
A Ludoterapia é a psicoterapia destinada a crianças e tem como objetivo proporcionar ao indivíduo a capacidade de resolução de seus problemas de forma saudável, permitindo que a criança seja ela mesma, sem que se sinta pressionada a mudar ou agir diferente.
Klein (1981, p. 31) afirma que:
As crianças, frequentemente, expressam, em seus brinquedos, a mesma coisa que acabaram de nos contar em um sonho; ou fazem associações a um sonho no brinquedo que se lhe segue, pois brincar é o meio de expressão mais importante da criança. Ao utilizarmos essa técnica lúdica, logo descobrimos que a criança faz tantas associações aos elementos isolados de seu brinquedo quanto o adulto aos elementos isolados de seus sonhos.
Machado e Paschoal (2008, p. 57) afirmam que:
Podemos dizer que o brincar é um meio pelo qual a criança se relaciona com o mundo adulto, procurando descobrir e ordenar as coisas ao seu redor. Ao vivenciar as brincadeiras, a criança desenvolve afetividade, interage com o mundo em que vive, mediante a fantasia e o encanto.
É importante que a criança se sinta segura e adaptada ao ambiente do consultório e ao próprio terapeuta. O processo terapêutico pode não ter efeito positivo sem que antes ocorra a formação de vínculo. Para Fiorini (1985), a formação do vínculo na relação terapêutica deve ser entendida sob duas vertentes: a adequação do vínculo às necessidades particulares de cada paciente e a utilização das competências e atitudes reais do terapeuta a serviço do processo.
Segundo Coppolillo (1990, p. 212), há cinco importantes conquistas na primeira fase da psicoterapia:
1. A criança atinge um grau de bem-estar que a permite ser produtiva nas sessões;
2. A criança se comunica normalmente;
3. A criança e o terapeuta atingem uma aliança de trabalho ou aliança terapêutica;
4. A criança se torna consciente de que algumas das suas atividades mentais são geradas internamente, em vez de tiradas do mundo externo;
5. A criança e o terapeuta começam a dividir modos de representar seus estados internos com palavras, imagens e símbolos.
Dessa forma, as atitudes de cada um, terapeuta e paciente, surgem por meio do vínculo terapêutico. Grunspun (1997, p. 2) coloca que “O processo terapêutico é a intenção dinâmica de todos os aspectos fenomenológicos do procedimento da terapia, englobando todas as expressões abertas ou encobertas dos sentimentos, pensamentos e ações ocorridas durante um tempo.”
Torna-se necessário um espaço adequado e aconchegante, que possa proporcionar ao paciente conforto e segurança quanto à manifestação de seus conteúdos. De acordo com Axline (1984, p. 28):
A sala de ludoterapia é um bom lugar de crescimento. Na segurança dessa sala, onde a “criança” é a pessoa mais importante, onde ela está no comando da situação e de si mesma, onde ninguém lhe diz o que deve fazer, ninguém critica o que faz ninguém importuna, faz sugestões, estimula-a ou intromete-se em seu mundo particular, subitamente ela sente que pode abrir suas asas, pode olhar diretamente para dentro de si mesma, pois é aceita completamente.
É sabido que a morte acontece com todas as pessoas, o que torna necessário que ela seja abordada com importância e como algo concreto, considerando-se a idade e o estágio de desenvolvimento em que a criança se encontra. Segundo Torres (1999, p. 119):
O processo e os resultados das reações da criança ao luto dependerão de vários fatores, tais como a idade, a etapa do desenvolvimento em que a criança se encontra, de sua estabilidade psicológica e emocional e da própria significação da perda, isto é, da intensidade e diversidade dos laços afetivos.
Bromberg (2000) explica que o conceito de morte pode variar segundo duas abordagens: a forma como os adultos encaram a morte e a relação que a criança tinha com a pessoa falecida.
De acordo com Raimbault (1979), quando a criança perde um dos genitores, além de perder um objeto de amor, ela também perde uma base identificadora. A morte repentina de um genitor gera, ainda, uma série de mudanças que transpõem o desaparecimento da pessoa, a criança perde também os pais da maneira como eram anteriormente, visto que o sobrevivente se modifica em seus aspectos emocionais, comportamentais e nos papéis que necessitam ser readaptados.
Para Winnicott (1982), a ausência materna e a falta de apego provocam na criança uma necessidade da busca de um objeto transitório; essa criança pode apresentar comportamentos desajustados, como insônia, comportamentos de regressão, tendência antissocial, carência e até uma propensão à delinquência.
Para que a criança consiga assimilar de fato o que é morte, é necessário que ela entenda dois conceitos fundamentais:
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