A PSICOLOGIA SÓCIO-HISTÓRICA: UMA PERSPECTIVA CRÍTICA EM PSICOLOGIA
Por: Liviiia • 4/11/2019 • Resenha • 1.817 Palavras (8 Páginas) • 681 Visualizações
A PSICOLOGIA SÓCIO-HISTÓRICA: UMA PERSPECTIVA CRÍTICA EM PSICOLOGIA.
A psicologia se institui na área das ciências em 1875 e suas condições para desenvolvimento se dão no século XIX. O que leva a isso é a Ascenção da burguesia enquanto classe social. As transformações a partir daí são condições para o surgimento da ciência moderna e para a psicologia. Os conhecimentos produzidos a partir daí foram aqueles voltados para a racionalidade e a partir da experiência, pois neste momento o homem é tido como ênfase, assim como sua liberdade, a sua razão e as suas possibilidades de transformação do mundo real. Portanto se constitui assim um conhecimento experimental, empírico e quantitativo. Além disso ela é também positivista ( por que é pautada no observarvavel), racionalista ( ênfase na razão para interpretar as leis naturais), mecanicista( guiar o funcionamento regular do mundo através de leis que poderiam ser conhecidas), associacionista ( as idéias de organizam na mente através de associações que resultam em conhecimento ), a atomista (o todo se constitui de partes) e determinista ( os fenômenos constitui uma relação de causa e efeito que poderia ser descoberta pela razão humana).
Diante disso, surge Wundt como percursor para tornar a psicologia uma ciência, que tem a experiência consciente como um objeto próprio. Olhava para a consciência de forma atomista, pois considerava os elementos básicos dela e também a pensava como processo ativo na organização do seu conteúdo pela força da vontade, assim como a via o pensamento humano como fruto da natureza e também da vida mental. A partir daí a psicologia já abarcava as contradições do ser humano. Para resolver as dicotomias do natural e social; interno e externo; autonomia e determinação, Wundt sugeriu duas psicológias: uma social e uma experimental. Os que procedem a Wundt escolheram um dos lados ao se tratar do ser humano, mecanicista e determinista , até chegar a ser solucionada essa dicotomia com o materialismo dialético. Essas diferenças são pautadas no: interno/externo; psíquico/orgânico; comportamento/ vivências subjetivas; natural/ social; autonomia/determinação.
Deve se assumir uma postura para superar essas dicotomias e avançar na sua compreensão, pois se tomarmos só um lado como base sua compreensão se torna incompleta.
Uma opção para superação dessa dicotomia é a psicologia sócio- histórica, que tem como base a psicologia histórico- cultural de Vygotski. O seu discurso em 1924 no congresso panrusso de Psiconeurologia demonstra sua vontade na produção de uma psicologia dialética. Ela é fundamentada no marxismo a qual propõe o materialismo histórico e dialético, concebendo o homem como ativo, social e histórico. A sociedade é produção histórica que produz sua vida material através do trabalho. Idéias como representação da realidade. Realidade material fixada nas contradições que se apresentam nas idéias. A história como fazer humano, que tem base material para toda produção das idéias.
A psicologia precisa superar visões abstrata de homem e fenômeno psicológico que foram construídas ao longo dos anos.
Surgiu o liberalismo junto com a Ascenção da burguesia como contradição ao pensamento que se consolidava na época, de que o homem era determinado por uma vontade divina e que isso resultava em um sistema feudal. Surge então o pensamento de que o homem é livre, iguais e dotados de direitos. Essa idéia surgiu para alimentar um sistema capitalista que necessitava de um ser livre e dotado de escolhas para explorar sua matéria prima, um ser consumidor e produtivo. A escolha constitui a noção de indivíduo, noção do eu entre os homens. Com isso desenvolve a noção de vida privada. A vida coletiva vai dando lugar a espaço privado de vida.
A psicologia se torna necessária então para o estudo desse eu e de sua singularidade que vai surgindo através desse novo sistema capitalista.
O liberalismo propõe o questionamento das hierarquias do período feudal e de uma sociedade que dessem as melhores condições para o homem. No mundo moderno o liberalismo explica as desigualdades através da liberdade de escolha do homem diante de uma sociedade "igualitária". Essas idéias colaboram para a formação da psicologia e dos fenômenos psicológicos tais como eles são hoje tais como: o fenômeno é bio-psico-social; o fenômeno envolve ou implica a interação entre pessoas; o fenômeno se refere a um indivíduo que é agente e sujeito.
Mas o que é o fenômeno psicológico? Ele tem sido visto como algo descolado do indivíduo e da realidade a qual ele se insere, mas que habita em nós. Sua relação com a cultura e com o meio social é tida como de habituação com esse mundo como forma de sobrevivência, já que temos que estar nesse mundo social, assim como também impede o pleno desenvolvevimeto do mundo interno ou psicológico. Ele é visto como abstrato e naturalizado em nosso próprio ser, que será desenvolvido através do afeto, boas condições de vida e estimulações adequadas.
Para a psicologia Socio-Histórica o fenômeno psicológico: não pertence à natureza humana; não é preexistente ao homem; reflete a condição social, econômica e cultural em que vivem os homens. O subjetivo se constrói na objetividade entre os homens, é preciso estudar o exterior para conhecer o interior. O homem e atua e modifica o mundo e o mesmo constrói elementos para a constituição interna dos homens. O mundo objetivo é internalizado através da linguagem. Sendo assim o mundo interno é um mundo em dialética com o mundo social.
A psicologia sócio histórica crítica as perspectivas anteriores pois se tratam de uma visão ideológica da psicologia que impede a transformação das condições de vida constitutiva do fenômeno. A psicologia assim tem reforçado padrões de vida postos pela elite, ajudando a manter as desigualdades culpabilizando o homem de sua condição social.
O fenômeno psicológico é constituído através de nossa relação com o mundo em nosso aparato biológico. Esse fenômeno é entendido através do meio social, e o meio social é compreendido ao estudar o fenômeno. Eles estão interligados em seu desenvolvimento.
A psicologia sócio histórica exige então um posicionamento crítico, de uma visão ética e política sobre o objeto de estudo. Assim como também rompe com tradições estigmatizadora e classificatória da ciência e profissão, antes vista de forma ideológica para manutenção de poder das elites.
Períodos como a colonização e a industrialização no Brasil construíram uma ideologia de higienização da população moralmente, uma psicologia classificatória
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