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A Psicanalise dos Grupos

Por:   •  22/6/2023  •  Monografia  •  1.589 Palavras (7 Páginas)  •  58 Visualizações

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Faculdade Pitágoras - Unidade Barreiro

Curso de Psicologia 

Teorias e Técnicas de Grupo

Professora: Juliana

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PSICANÁLISE E GRUPOS - PRESSUPOSTO DA MASSA E DO EU                      

Integrantes (5º Período):

- Bruno Siqueira

- Carla Nonaka

- Elisângela Maria  

 

Belo Horizonte

2021

A TEORIA DOS GRUPOS NA VISÃO PSICANALÍTICA

O EU É PLURAL

A teoria dos grupos entende que o indivíduo é composto por seus relacionamentos, ou seja, pelas relações que ele tem desde antes de nascer e que se somam a todas as que ele realiza ao longo de sua existência. Para constituir uma concepção psicanalítica dos grupos deve-se demonstrar a necessidade de uma nova concepção do EU individual. Estas relações o constituem em seu próprio aparelho psíquico, em sua identidade, em suas ações, em tudo o que o caracteriza enquanto sujeito concreto. Estas são articulações da teoria psicanalítica que as teorias voltadas aos estudos de grupo confirmam e fundamentam.

O grupo não é a soma de indivíduos: o indivíduo é que é, em si mesmo, um Grupo, ou a expressão de grupos. É o grupo que é o verdadeiro sujeito da realidade humana. O indivíduo é apenas uma criação sua.

Uma criação originalíssima, tão dotado que chega a ponto de proclamar sua própria autonomia. Mas o indivíduo não existe por si mesmo, ou em si mesmo. O indivíduo existe por sua necessária e obrigatória participação nos grupos. É com os recursos e os atributos da grupalidade que cada indivíduo vem a se constituir enquanto indivíduo. É no grupo e para o grupo, que o indivíduo se torna o que é. Sua existência individual é tributária de sua existência grupal.

O indivíduo não existe por si mesmo. Ele não é a última unidade e nem é integralmente autônomo. O Eu, base de nossas auto-representações, elabora uma referência de si próprio, e a isso denominamos indivíduo. Com base neste engano, ou ilusão, pensamos que cada um de nós seja uma unidade independente, e não uma expressão singularizada de um conjunto, o coletivo humano.

A família é o modelo em que primeiro temos experiência direta do que é um grupo. Na origem da família temos o casal que formam um vínculo e estabelecem um conjunto de trocas onde se podem atualizar suas experiências de desejo e fantasia. Dirigir-se ao outro do ponto de vista intrapsíquico significa que cada um internaliza o outro como objeto. Eu internalizo eu e o outro dentro de mim, ou seja, internalizo tanto o outro como a minha relação com o outro. Essa internalização faz com que, do ponto de vista psíquico, objetos internos do outro vivam também em mim. O filho é significado a partir do que representa para seus pais, então a primeira constituição do EU é relação, mediada pelos pais.

O psiquismo não pode ser pensado sem o outro. “Fazer grupo”, ou seja, criar um dispositivo clínico grupal é por pessoas em conjunto para que a sua intersubjetividade inerente se revele o mais claramente possível, demonstrando sua articulação e sua composição.

Freud nos deu muitos suportes para sustentar a ideia de que o EU é múltiplo. Uma excelente exposição das antecipações freudianas para uma teoria dos grupos ao dizer que na mente se formam grupos psíquicos: representações que se agrupam de acordo com seus conteúdos. Ao propor a separação dos conteúdos conscientes e inconscientes pela barreira da repressão, Freud salienta que eles não permanecem dispersos, mas aglutinados e relacionados entre si, ou seja, com uma dinâmica de interações.

Através dos sonhos, podemos constatar um mecanismo básico de representação que é importantíssimo para compreendermos os processos grupais, pois se temos a chance de sonhar que somos outro, podemos facilmente entender que um outro possa ser eu. Nos grupos terapêuticos utilizaremos estas representações cruzadas para conhecer a cada um em suas interações com os outros, e em sua produção contínua; o eu se fazendo nos vínculos. O eu é sempre eu - outro(s), pois o EU é uma entidade plural. A concepção dos grupos Nós somos a humanidade e a humanidade somos nós.

Esse trânsito do eu para o múltiplo é que nos constitui. Sujeitos singulares, constituídos a partir das complexas vinculações à totalidade da dimensão humana: história, cultura, sociedade, se torna mais ampla, quando não vemos no grupo apenas uma soma e sim a articulação de dois padrões de unidade. Cada sujeito carrega uma grupalidade antes de vir para o grupo e uma vez em grupo ele, interagindo, gera uma nova totalidade. Esta é a realidade psíquica grupal. Na psicanálise encontramos toda a base necessária para pensar este aparelho psíquico grupal: grupo de grupos.

A concepção psicanalítica de grupo também deve ser construída a partir de uma desmontagem ideológica. Grupo não é o que parece. A dimensão invisível, latente, inconsciente, é a dimensão real do grupo.

O grupo real é algo formado a partir das relações entre as pessoas. A psicanálise vem nos mostrando, a partir da psicologia dos vínculos, que as relações vêm antes do indivíduo.

Na teoria dos grupos o eu não é considerado autônomo, eu sou eu, mas o que sou é o que sou juntamente com outras pessoas com quem me relaciono, tanto presentemente, quanto simbolicamente. A partir da filosofia, da sociologia e da psicanálise, esta representação ideológica triunfante na modernidade passou a ser questionada em seus fundamentos. A teoria dos grupos é recente: Freud e Lewin (décadas de 1920-30), Bion e Pichon-Rivière (década de 1950) e, mais recentemente, Anzieu, Käes e a psicanálise das configurações vinculares.

A teoria psicanalítica dos grupos considera que o indivíduo tem planos, dimensões, uma realidade psíquica profunda e algo inerentemente trans-individual (além do indivíduo), as relações inter-subjetivas, a história humana. No núcleo do indivíduo encontramos o outro. A cebola é uma representação metafórica adequada, onde as cascas são comparadas com as relações e no centro também estão o eu e os outros.

O grupo é aquilo que está no miolo do indivíduo. Por isso é fácil “fazer grupo”, pois as pessoas sempre e necessariamente se relacionam. No nosso interior já está sempre o outro. Somos seres sociais, como Aristóteles afirmava, pois precisamos dos outros, muito além do que supomos: precisamos para ser.

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