A Psicologia Positiva
Por: Pâmela Barbosa • 8/6/2020 • Trabalho acadêmico • 2.281 Palavras (10 Páginas) • 318 Visualizações
(Aspinwall & Staudinger, 2003; Compton, 2005; Keyes & Haidt, 2003; Lopez & Snyder, 2003; Peterson & Seligman, 2004; Schmuck & Sheldon, 2001; Snyder & Lopez, 2002);
A Psicologia Positiva se encontra em processo de expansão, possibilitando uma reavaliação das potencialidades e virtudes humanas através do estudo das condições e processos que contribuem para a prosperidade. De forma que o conhecimento das forças e virtudes poderia propiciar o “florescimento” (flourishing) das pessoas, comunidades e instituições, de acordo com esse novo ponto de vista. O termo flourishing foi definido por Keyes e Haidt (2003) como uma condição que permite o desenvolvimento pleno, saudável e positivo dos aspectos psicológicos, biológicos e sociais dos seres humanos. Trata-se de um estado no qual os indivíduos sentem uma emoção positiva pela vida, apresentando um ótimo funcionamento social e emocional, não possuindo problemas relacionados à saúde mental, o que não quer dizer ser um “super-homem ou super-mulher”, mas indivíduos considerados em pleno florescimento são aqueles que vivem intensamente mais do que meramente existem (Keyes & Haidt, 2003).
Recentemente, Peterson e Seligman (2004), com o objetivo de prover definições, medidas e intervenções para cada uma das forças de caráter, desenvolveram um sistema de classificação para aspectos positivos, o Values in Action (VIA) – Classification of Strengths and Virtues Manual. Os autores afirmam que as forças poderiam ser amplamente classificadas a partir das características cognitivas, emocionais, relacionais e cívicas do indivíduo através de seis grupos de virtudes: coragem, sabedoria, humanidade, justiça, temperamento e transcendência. Essa classificação tem sido considerada universal, haja vista que a avaliação envolve diferentes culturas, contextos e tempos históricos.
A terapia positiva é uma modalidade de tratamento que visa fortalecer os aspectos positivos e saudáveis do indivíduo, construir ou reconstruir as virtudes e forças pessoais, e ajudar o cliente a encontrar recursos inexplorados para mudanças positivas. Seligman (1995) investigou a psicoterapia e concluiu que 90% dos clientes sentem-se beneficiados com o tratamento; destacou ainda que os benefícios não são resultados de um modelo particular de psicoterapia ou da eliminação de sintomas, e que na realidade, uma boa terapia aumenta as forças pessoais já existentes no cliente, sendo assim, modificar somente o maus aspectos é parte do trabalho da psicoterapia assim como reconstruir e fortalecer os aspectos positivos. Pesechkian (1997) desenvolveu um sistema de terapia denominado Psicoterapia Positiva baseada na hipótese de que todas as pessoas possuem capacidades para lidar com problemas, o que facilita o reconhecimento e o fortalecimento delas. Atualmente, novas perspectivas teóricas estão em concordância com a proposta da psicoterapia da Psicologia Positiva: o foco nas forças e virtudes pessoais, nas capacidades para resolução de problemas e demonstração de competência.
Em 2002, Seligman publicou o livro intitulado Authentic Happiness, onde relata suas reflexões sobre a Psicologia Positiva e sua relação com a felicidade. Para o autor, a Psicologia Positiva teria três pilares: o primeiro seria o estudo da emoção positiva; o segundo seria o estudo dos traços positivos, em especial as forças e as virtudes, mas também as habilidades, como a inteligência e a capacidade atlética; e o terceiro, o estudo das instituições positivas, como a democracia, a família e a liberdade, que dão suporte às virtudes que, por sua vez, apoiam as emoções positivas (Seligman, 2004, p.13).
O bem-estar subjetivo é um importante componente da Psicologia Positiva pois se trata de um aspecto que pode favorecer a maneira como vemos a nós mesmos e as outras pessoas, o que pode resultar em maior prazer em vivenciar as situações cotidianas e o relacionamento interpessoal. O bem-estar subjetivo, também chamado de felicidade (Diener, 2000; Seligman, 2004), pode ser nomeado de extroversão estável. Desse modo, o afeto positivo na felicidade parece estar relacionado à fácil sociabilidade, o que propicia uma interação natural e agradável com outras pessoas. Faz sentido, assim, comparar a felicidade com a extroversão (Francis, 1999).
Seligman (2004) afirmou que as pessoas felizes têm mais amigos, permanecem casadas por um maior período de tempo e participam de mais atividades grupais. Tais fatores indicam uma facilitação de contatos sociais. Pessoas com o bem-estar elevado parecem ter melhores relações sociais comparação a pessoas com o bem-estar rebaixado. Relações sociais positivas mostram-se necessárias para o bem-estar. Diferentes dados sugerem que o bem-estar leva ao desenvolvimento de boas relações sociais, não sendo apenas acompanhado delas (Diener & Seligman, 2004). Evidências experimentais indicam que as pessoas tendem a apresentar sofrimento quando não fazem parte de nenhum tipo de grupo ou quando têm relações pobres dentro dos grupos a que pertencem (Diener & Seligman, 2004). Verificou-se, assim, que participar de grupos, como grupos de amigos, de trabalho, de apoio, é um fator favorável para o bem-estar subjetivo.
Estudos indicam também que o aumento da renda produz pouco benefício adicional ao bem-estar, o que sugere uma baixa correlação entre indicadores econômicos e diferentes componentes e formas de bem-estar, como satisfação de vida, felicidade e afeto positivo (Diener & Biswas-Diener, 2002). Uma renda mais elevada auxiliaria as avaliações de bem-estar subjetivo no caso de pessoas extremamente pobres, todavia a partir de uma determinada renda não se verificaria a correlação entre aumento da riqueza e aumento do bem-estar subjetivo (Diener, 2004).
Brebner et al. (1995) investigaram as relações entre medidas de felicidade e personalidade. Para isso contaram com a participação de 95 estudantes voluntários. Nos resultados, obtiveram que a estrutura básica de personalidade delineia a tendência de uma pessoa ser caracteristicamente feliz ou não. O neuroticismo mostrou-se negativamente associado a medidas de felicidade, enquanto a extroversão mostrou-se positivamente relacionada a elas.
Embora autores como Brebner, Donaldson, Kirby e Ward (1995) afirmassem que a estrutura básica de personalidade é o pilar para que a pessoa seja caracteristicamente feliz ou não, DeNeve e Cooper (1998) indicaram que não se deve considerar a personalidade como a única variável importante para o bem-estar subjetivo. Ainda assim, os autores sugeriram que a importância dada para a extroversão em relação ao bem-estar subjetivo foi exagerada em revisões realizadas anteriormente sobre o tema, enquanto muitos traços de personalidade pouco examinados mereceriam uma atenção especial.
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