A Psicologia do Cotidiano
Por: Priscila Salvador Ferreira • 19/5/2021 • Relatório de pesquisa • 3.560 Palavras (15 Páginas) • 587 Visualizações
UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP
ANGELA GONÇALVES LEMOS RA C717AI-9
KAREM SABINE DE PAULA NOGUEIRA RA T44051-3
KARLA YUKA ANZE RA C6716I-9
LAÍS FERREIRA DE OLIVEIRA RA T63731-7
PRISCILA SALVADOR FERREIRA RA T29033-3
RELATÓRIO DAS OBSERVAÇÕES EM CAMPO
Psicologia do Cotidiano
Grupo 8
SÃO PAULO
2017
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP
ANGELA GONÇALVES LEMOS RA C717AI-9
KAREM SABINE DE PAULA NOGUEIRA RA T44051-3
KARLA YUKA ANZE RA C6716I-9
LAÍS FERREIRA DE OLIVEIRA RA T63731-7
PRISCILA SALVADOR FERREIRA RA T29033-3
RELATÓRIO DAS OBSERVAÇÕES EM CAMPO
Psicologia do Cotidiano
Grupo 8
Trabalho apresentado à Universidade Paulista – UNIP como requisito parcial para a aprovação na Disciplina Psicologia do Cotidiano, sob a orientação da Prof. Karin.
SÃO PAULO
2017
RELATÓRIO 1
Conforme proposto pela matéria de Psicologia Comunitária, ministrada pela professora Karin, era necessário escolher um tema e local para observação do cotidiano. Nosso grupo escolheu o tema: “uso do telefone celular na praça de alimentação”, e o local escolhido foi a praça de alimentação do shopping Metrô Tatuapé. Nossas observações ocorreram às terças-feiras, entre o período das 10:00h e 13:00h.
O tema foi escolhido por ser muito comum o uso de telefone celular durante as refeições, e gostaríamos de saber como o telefone celular é usado dentro de um local, que aparentemente as pessoas iriam com outro objetivo, como uma praça de alimentação de shopping.
Durante as primeiras dez horas de observação, pudemos perceber diferentes perfis do uso do telefone celular na praça de alimentação. Por volta das 10:00h, onde o fluxo de pessoas ainda é pequeno, observamos que muitas pessoas utilizam o espaço da praça para se ocuparem, e na maioria das vezes, a companhia das pessoas sozinhas é o celular. Percebemos que as pessoas utilizam a praça como apoio, e o celular seria o auxílio para passar o tempo. Essas pessoas o utilizam das mais diversas formas, como por exemplo, teclando com alguém, usando aplicativos, acessando as redes sociais ou jogando. Observamos que os funcionários das redes dos restaurantes da praça utilizavam o espaço para conversarem antes da entrada no trabalho. Essa conversa era sempre com a presença do celular. Alguns funcionários acabavam se isolando do grupo e ficavam em seu mundo digital, concentrados em seus aparelhos, parecendo não existir o mundo exterior. É interessante perceber, que a tecnologia que o smartfone trouxe até as pessoas, faz com que não conversem mais. Durante nossas observações, poucas vezes vimos alguém usar o telefone em uma conversa de voz. A praticidade da mensagem instantânea e o contato com os aplicativos, pelo que percebemos está deixando as pessoas cada vez mais distantes.
Observamos grupos de pessoas que se sentavam juntos à mesa, e o celular sempre estava presente nas conversas, ou até mesmo a conversa era encerrada para continuar usando o celular. A nossa percepção é que o uso do telefone está interferindo nas relações do dia a dia. A presença de um amigo ou pessoa do seu lado está deixando de ser importante, dando lugar ao aparelho de telefone. Percebemos pessoas acompanhadas, porém sós em seu mundo virtual, não interagindo com os outros.
Antes do início do almoço, muitas pessoas passam pela praça para fazer algo não relacionado à alimentação. Percebemos algumas pessoas chegando, com pastas e papéis, e logo pegam o celular e iniciam uma espécie de trabalho, sempre conectados. Assim acontece também com grupos de jovens, que ficam por ali com o material escolar espalhado sobre as mesas, e cada um com seu telefone e fones de ouvido. Neste horário, a praça tem um movimento que foge do âmbito da alimentação, e as pessoas param ali, por diversas razões, sozinhas ou em grupos, todas fazendo uso do celular.
Em se tratando deste shopping, que fica em uma estação de metrô, o funcionamento que observamos pode estar ligado à facilidade que as pessoas têm de ficar em um lugar considerado seguro, como a praça, para depois seguir seu caminho, e neste tempo ficam conectadas.
O celular, pelo observado, é como uma peça do vestuário que não pode faltar. As pessoas chegam à praça com ele nas mãos, teclando, assistindo vídeos ou com seus fones de ouvido, conectados em um mundo só deles. Não percebem o que está ao seu redor, param nas filas e lá permanecem usando o telefone.
Percebemos que existe uma relação de dependência do uso do celular. Quando vai se aproximando as 12 horas, horário em que as pessoas chegam para almoçar, o que vimos foi que as pessoas não desfrutam mais de uma refeição tranquila, a atenção é dividida, e podemos dizer que o celular ganha. A falta de contato visual com o alimento é percebida em grupos e pessoas sozinhas, o garfo chega à boca de uma forma automática, pois a pessoa está inserida no conteúdo do celular.
Observamos que as pessoas não querem perder tempo, e durante uma refeição, aproveitam para estarem conectadas. Grupos que chegam e sentam-se juntos, desprezam o valor da companhia do outro interagindo apenas com seu celular.
Mas também observamos que existem casos em que a pessoa faz uma troca com o outro, cada um com seu celular, porém mostrando ao outro o que está vendo ou jogando. O celular neste caso serviu para aproximar as pessoas, ao contrário da maioria das vezes, incentivou a interação. Outro fato que motiva a interação são as fotos tiradas, provavelmente para serem guardadas de recordação.
Observamos em alguns casos a falta de atenção dada às crianças, por pais que chegam com seus filhos e ficam ao celular por muito tempo. Um caso foi bem marcante, a mãe estava ao celular conversando e a filha estava com ar entediado. Quando a mãe desligou, interagiu um pouco com a filha, mas logo voltou a usar o telefone. A criança então teve a reação de levantar-se e “grudar” no pescoço da mãe, pedindo socorro, para receber atenção. Outros pais ou adultos que estavam com crianças, entregavam o celular a eles durante as refeições. O uso do celular está prejudicando a relação entre adultos e crianças, a criança se alimenta assistindo a um vídeo, e os pais comem automaticamente enquanto usam seus celulares. O telefone está evitando a constituição de qualquer vínculo que as refeições poderiam proporcionar. Antes as rodas de amigos e familiares diante de uma mesa farta eram recheadas de conversas e risadas, hoje essa interação não existe mais, está sendo eliminada pelo contato virtual com o outro, que está distante, ou por um aplicativo qualquer. As crianças estão vivenciando uma forma de interação individualista, que provavelmente é a que eles terão para ensinar aos seus herdeiros.
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