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A Psicopatologia Geral II

Por:   •  22/4/2024  •  Ensaio  •  3.506 Palavras (15 Páginas)  •  88 Visualizações

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Psicopatologia geral II

Prof.Maria Antónia Carreiras

5º Aula Teórica – 6/3

Autismo

Este termo foi criado em princípios do século passado, por um psiquiatra, que o utilizou em relação a certas características dos doentes esquizofrénicos

Naquela época os esquizofrénicos, chamavam-se doentes precoces. E depois ele inseriu este conceito, pensando no “corte do espirito”/ corte da realidade.

Bastantes anos mais tarde, há um psiquiatra que observa 11 crianças com determinadas características e é acerca desta criança que ele repega neste nome, e começa a designar autismo de Kanner.

Talvez a primeira descrição que há na história, acerca de uma criança autista, é uma criança encontrada e descrita como a “criança selvagem”, encontrada nos bosques e que tinha características particulares: não falava, postura erecta particular, não se vestia → Esta foi talvez a primeira descrição de autismo na história da psicologia.

Em 1943, o psiquiatra descreve um quadro que observa em cerca de 11 crianças, ao qual dá o nome de autismo.

Características das crianças autistas:

1. Necessidade de imutabilidade: permanecer sempre igual

2. Recurso de estereotipias: repetição de movimentos, palavras, frases - muitas das vezes sem sentido

3. Problemas na linguagem: maior parte das crianças autistas não falam, no entanto, emitem sons/ gruídos – mas não acedem à linguagem. No entanto, algumas podem falar, mas não têm uma intenção comunicativa. Podem recorrer à ecolalia – repetir aquilo que o outro diz.

4. Fecham-se sobre si mesmos – relacionam-se com os animais inanimados ou animados da mesma forma.

5. Parecem ter relações estranhas com o corpo – não reagem à dor, parece que não vêem, não ouvem…

6. Relação estranha com as suas emoções

7. Fecham-se no mundo deles – quem está de fora sente que esta pessoa é estranha

- A incidência de autismo é muito baixa, no entanto há registo de inúmeros estudos sobre este tema.  Há um Sr que na Áustria, descreve crianças com uma sintomatologia semelhante – Asperger. 

- No síndrome de Asperger, vê-se crianças semelhantes com as autistas, contudo, acederam à linguagem, e têm interesses por determinados temas que exploram até à exaustão.

- Em 1984, o mundo estava em guerra, e o Asperger não conhecia o Kanner e vice-versa…

- Nas crianças em geral, nunca se pode diagnosticar antes dos 3 anos… Como a criança está em desenvolvimento, temos de esperar!

- Quando se fala em crianças autistas, estas têm determinados sintomas. Não se pode encontrar uma etologia comum em todas as crianças autistas do mundo. Não há ninguém que tenha tratado de todas as crianças autistas do mundo

- Há variáveis que não são biológicas e que podem causar esta patologia, quando durante a gravidez, por exemplo, há problemas na maturação do feto, estes são associados à imaturidade do SNC. As variáveis podem ser variadas.

- No ponto de vista, da psicologia, importa pouco a etologia. Importa acima de tudo, perceber os dramas relacionais entre a criança e os seus pais e o que isto implica no mundo interno da criança. Não podemos pensar que o autismo, a esquizofrenia, o boderline ou qualquer outra patologia se justifica ou tem por base apenas uma variável. O ser humano é um fruto de variáveis.

- Em diversas áreas, cada um tem o seu foco de trabalho. Na psicologia, temos de partir da base do corpo, da relação, e apartir daqui, como é o mundo interno suscetível de ser construído pela criança.

- Tudo o que falamos acerca disto, são hipóteses para tentar entender e intervir, podendo estas ser em número imenso e mais tarde reformuladas.

- A generalidade dos autores, levanta a hipótese de que o bebe vive qualquer coisa do domínio do “horrivel”. Uma coisa é eu ser um adulto, com uma determinada compreensão cognitiva, afetiva, com um determinado número de recursos a vivenciar algo “horrivel”. Outra coisa, é ser uma criança muito pequenina e viver uma coisa do domínio do horrível – nestes casos, a criança necessita de “amortecedores” e quem pode proporcioná-los é o meio envolvente, sendo, também necessário que a mesma os percecione. É possível que estes amortecedores não estejam lá (= falhas do meio), ou que a criança devido a falhas do seu “equipamento” não consiga percecionar que estes amortecedores estão lá (= falhas no equipamento biológico). Todos os seres humanos são adaptativos, se conseguimos mobilizar recursos adaptativos, temos saúde; se só conseguimos mobilizar recursos arcaicos – não somos criativos, e isto remete para a patologia.

- As estratégias de autismo são de sobrevivência, e não de saúde! As crianças autistas, à partida, não separam o mundo interno do mundo externo, desenvolvendo-se o seu mundo interno de forma muito frágil e mal construído.

- A criança autista apresenta um funcionamento global bastante diferente de outra pessoa dita “normal”.

- Se contactamos com algo horrível – sendo o horrível subjetivo – as pessoas tentam “não perceber aquilo que está a acontecer”, usando estratégias como tapar os olhos - algo inconsciente e automático. No autismo isto é mais frequente.

- Do ponto de vista humano, o “horror” é sempre interno! O que importa, é a vivência interior. - Contudo, pode haver determinadas situações que se qualquer pessoa olhar para elas, nota-se que é do domínio do horror. Contudo, o que importa é a forma como cada um experimenta este horror. O que importa é a vivência interna de cada sujeito – é com isto que nós trabalhamos!

- O autista não tem as ferramentas certas que lhe permitam perceber este horror, e ferramentas evoluídas para lidar com diferentes horrores.

- Ex: Caímos dentro de um poço → Vejo uma mão → Agarro-me. No entanto, no caso autista: Caimos dentro de um poço →  não perceciono esta mão → Fico dentro do poço.

- As crianças autistas fecham-se para não percecionar este horror, estas estratégias apoiam-se numa certa colagem/ num agarrar-se a determinada vivência sensoriais, a determinados vividos da sensoralidade.

Ex: Nós ficamos sentados no auditório, e ficamos focalizados, e não percebemos que a planta dos pés está apoiada nos sapatos… Mas se nos esforçarmos conseguimos focalizar na sensação de ter os pés apoiados nos sapatos, e o corpo apoiado numa cadeira! Se tentamos balancear para trás e para a frente na cadeira, e completamente concentrados nestes movimentos, e nas sensações deste movimento … Se ficarmos absolutamente mergulhados nisto, o resto não se passa à nossa volta! → Existe um agarrar a qualquer coisa que não tem profundida emocional. (forma de conhecer o mundo autista → são estratégias de sobrevivência da criança autista)

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