Psicopatologia Geral I
Trabalho Universitário: Psicopatologia Geral I. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: patsiantunes • 7/1/2015 • 7.499 Palavras (30 Páginas) • 1.737 Visualizações
PSICOPATOLOGIA GERAL I
1. O que é? Definição
2. O quê? Objecto de Estudo
3. Para quê? Objectivos
4. Como? Discurso
O que é? (Definição)
A Psicopatologia é uma ciência geral que estuda as perturbações do funcionamento psicológico em todas as suas dimensões (afectiva, cognitiva, comportamental e relacional) ao longo do ciclo de vida, incluindo as suas causas e consequências.
Uma realidade que surge independentemente da época histórica ou do contexto social e cultural é o facto de existirem e sempre terem existido indivíduos que num dado momento das suas existências apresentam perturbações do funcionamento psicológico – possibilidade humana universal. Essas perturbações são sentidas como indesejáveis e vividas com sofrimento. Indesejáveis porque limitam a liberdade, a autonomia individual e a percepção da realidade e vividas com sofrimento psicológico na tripla relação do indivíduo consigo próprio, com os outros e com o mundo.
Ao centrar-se no indivíduo que está mentalmente perturbado, constitui-se como uma visão de determinados fenómenos vividos por ele e resulta de uma interpretação do que acontece a partir de uma determinada perspectiva em que o observador se coloca, influenciado pela cultura, pela concepção do Homem e por outros factores do contexto social.
O que pode resultar destas perturbações?
Alterações do equilíbrio psicológico e integração das formas psíquicas – conflito interno.
Alterações do estilo relacional, nomeadamente da capacidade de identificar-se com os outros.
Alterações das competências para realizações concretas, por exemplo profissionais e sociais).
Alteração na capacidade para promover o seu próprio enriquecimento existencial, entendido como a liberdade de vir-a-ser, isto é, de construir um projecto existencial, simultaneamente afirmando-se como pessoa e interrogando-se como ser no mundo.
A psicopatologia interessa também a outras ciências como por exemplo a medicina e psicologia, tendo por isso aplicações nesses dois campos. Na sua relação com a medicina, através da Psiquiatria, estuda as doenças mentais e é dominada pelo paradigma biológico. Na sua relação com a psicologia, através da Psicologia Clínica, estuda a psicologia do patológico (compreensão do significado individual da perturbação) e é dominada pelos paradigmas psicológicos (psicanalítico, cognitivo-comportamental, humanista, entre outros) e ecológico-social.
Esta última perspectiva em Psicopatologia implica a centração no indivíduo e não na perturbação, isto é, uma centração naquilo que é experimentado pelo sujeito (as vivências), o que faz (comportamento) e como está com os outros (relação). Desta forma, podemos sintetizar que desta perspectiva identificam-se como dimensões fundamentais a experiência, o discurso, o comportamento e a interacção.
O quê? (Objecto de estudo)
O objecto de estudo da Psicopatologia é o acto de conduta perturbado enquanto observável, simultaneamente comportamento directamente observável e acção mental. Mas afinal, qual a relação existente entre estes dois últimos pontos? Do ponto de vista da Psicologia não existe uma resposta totalmente objectiva a esta questão e por isso, também psicopatologia pode ser entendida através de diferentes perspectivas:
Comportamental – A psicopatologia é uma perturbação dos processos de aprendizagem.
Cognitivista – A psicopatologia é uma perturbação do processamento de informação.
Psicanalítica – É a expressão de um conflito interno inconsciente.
Comunicacional – É uma perturbação da comunicação interpessoal num determinado grupo (família).
Neurofisiológica – É uma perturbação do funcionamento cerebral.
Fenomenológica – É uma forma alterada de estar no mundo.
Existencial – É uma expressão de uma escolha inautêntica.
Para quê? (Objectivos)
A psicopatologia assume como principais objectivos:
Observar – Conhecer “o que se passa”, quando o que se passa é mentalmente perturbado ou provoca sofrimento psicológico.
Explicar – Saber o “porquê” das coisas se passarem assim.
Compreender – Entender o “como”.
Teorizar – Sistematizar os conhecimentos em teoria geral.
Para alcançar estes objectivos, esta ciência confronta-se com 3 grandes dificuldades. Primeiramente, saber distinguir o normal do patológico (que critérios usar para os diferenciar?). Posteriormente, identificar os meios a utilizar para conhecer o outro que está perturbado (que métodos de investigação?) e por ultimo, conseguir ordenar e sistematizar os conhecimentos obtidos (que teorias psicopatológicas?).
Como? (Discurso)
A psicopatologia constrói um discurso sobre o indivíduo com perturbações mentais que comporta 4 níveis distintos:
1. Observacional (O que é que aconteceu?) – refere-se a tudo o que é acessível à observação a partir dos dados obtidos na entrevista clínica, ou seja, a fenomenologia dos estados de consciência perturbados. Estamos nesta fase perante um discurso descritivo, pois são descritos os acontecimentos do perturbar-se, taxonómico (forma categorias de perturbações) e verificativo, já que permite a confirmação ou infirmação de hipóteses. É o nível dos dados empíricos que permite identificar, descrever, classificar e verificar.
2. Processual (Aconteceu isto. O que quer dizer?) – Refere-se às inferências que são passíveis de ser feitas acerca das condutas perturbadas, para as interpretar como processos psicológicos. Infere o sentido daquilo que é observado, fazendo uma suposição provável entre várias possíveis. Neste nível, a discurso é probabilístico e interpretativo do perturbar-se, delimitando processos psicológicos relacionados com o que aparece.
3. Teórico (Porquê? Como?) – Diz respeito às hipóteses explicativas
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