A SEXUALIDADE INFANTIL
Por: PricilaBGC • 15/5/2018 • Artigo • 7.946 Palavras (32 Páginas) • 296 Visualizações
A SEXUALIDADE INFANTIL
O DESCASO PARA COM O INFANTIL
O equívoco de que a pulsão sexual só desperta na puberdade, é o culpado de nossa ignorância sobre as condições básicas da vida sexual .
Na literatura sobre o assunto encontramos notas ocasionais sobre ereções, masturbação e até mesmo atividades semelhantes ao coito, mas que são sempre citadas como processos excepcionais, curiosidades ou exemplos assustadores de depravação precoce. Nenhum autor listado reconhece com clareza a normatividade da pulsão sexual na infância, e nos escritos sobre desenvolvimento, o capítulo sobre “Desenvolvimento Sexual” costuma ser omitido.
AMNÉSIA INFANTIL
Um fato interessante sobre a estranha negligência que em grande maioria das pessoas encobre os primeiros anos da infância, até os seis ou oito anos de idade. Somos informados de que durante esses anos , os quais temos pequenas lembranças incompreensíveis e fragmentadas , que reagíamos com vivacidade frente as impressões , sabíamos expressar dor ou alegria de maneira humana, entre outras emoções que quando adultos nada sabemos por nós mesmos.
Porém, mediante a investigação psicológica de outrem, pode-se afirmar que as mesmas impressões por nós esquecidas deixaram ainda assim os mais profundos rastros em nossa vida anímica e se tornaram determinantes para todo nosso desenvolvimento posterior.
Todavia, a amnésia infantil fornece um novo ponto de comparação entre o estado anímico da criança e o dos psiconeuróticos. Crê-se, portanto, que esta que converte a infância de cada um numa espécie de época pré-histórica e oculta dele os primórdios de sua vida sexual, carrega a culpa por não se dar valor ao período infantil no desenvolvimento da vida sexual.
- O PERÍODO DE LATÊNCIA SEXUAL NA INFÂNCIA E SUAS RUPTURAS.
O bebê traz consigo conteúdos sexuais que continuam a se desenvolver por algum tempo, mas depois sofrem uma repressão progressiva, que pode ser rompida por avanços regulares do desenvolvimento sexual ou suspensa pelas peculiaridades individuais. A vida sexual da criança costuma se expressar numa forma acessível à observação por volta dos três ou quatro anos de idade.
Durante o período de latência, a energia total ou parcial é desviada do uso sexual e voltada para outros fins.
AS INIBIÇÕES SEXUAIS
Durante o período de latência total ou parcial, originam-se forças anímicas que surgem como entraves no caminho da pulsão sexual e estreitam seu curso à maneira de diques (como o asco, a vergonha). As crianças civilizadas possuem um desenvolvimento organicamente condicionado e fixado pela hereditariedade, que se pode produzir sem nenhuma ajuda da educação. Entretanto, a educação irá imprimir esses conteúdos da prefixação de maneira mais polida e profunda.
FORMAÇÃO REATIVA E SUBLIMAÇÃO
O desvio das forças pulsionais sexuais infantis, voltada para outros fins e sua orientação para novas metas , que merecem o nome de sublimação, adquirem-se poderosos componentes para todas as realizações culturais.
As moções sexuais desses anos da infância seriam inutilizáveis, já que estão diferidas as funções reprodutoras- o que constitui o traço principal do período de latência- e por outra, seriam perversas em si. Por conseguinte, elas despertam moções reativas que, para uma suspensão eficaz desse desprezar, erigem os diques psíquicos como asco, vergonha e moral.
RUPTURAS DO PERÍODO DE LATÊNCIA
No período de latência, o emprego da sexualidade infantil representa um ideal educativo do qual o desenvolvimento de cada um quase sempre se afasta em algum ponto, em grau considerável. Uma hora ou outra, surge um fragmento de manifestação sexual que se furtou à sublimação, ou se preserva alguma atividade sexual ao longo de todo o período de latência, até a irrupção acentuada da pulsão sexual na puberdade.
(2) AS MANIFESTAÇÕES DA SEXUALIDADE INFANTIL
O CHUCHAR
O churchar que aparece no lactente e pode continuar até a maturidade, ou até persistir por toda vida, consiste numa repetição rítmica de um contato de sucção com os lábios, a língua ou qualquer outro ponto da pele que esteja ao alcance, sem qualquer propósito de nutrição.
O sugar com deleite alia-se a uma absorção completa da atenção e leva ao adormecimento, ou mesmo a uma reação motora numa espécie de orgasmo.
Na meninice, o churchar é frequentemente comparado à “maus costumes” sexuais da criança.
Na confusão entre sexual e genital, levanta-se a questão: por qual característica genética podemos reconhecer as manifestações sexuais da criança?
AUTO- EROTISMO
No autoerotismo, a pulsão não está dirigida para outra pessoa; ela se satisfaz no próprio corpo. Além disso, o ato da criança que chucha é determinado pela busca de um prazer já vivenciado e agora relembrado (fase de amamentação). No caso mais simples, a satisfação é encontrada mediante a sucção rítmica de alguma parte da pele ou da mucosa. Os lábios da criança se comportam como uma zona erógena, e a estimulação pelo fluxo cálido de leite foi sem dúvida a origem da sensação prazerosa, tendo-se associado com a necessidade de alimento.
A atividade sexual apoia-se primeiramente, numa das funções que servem à
preservação da vida, e só depois se torna independente delas. A criança não se serve de um objeto externo para sugar, mas prefere uma parte de sua própria pele, pois é mais cômodo, e porque a torna independente do mundo externo, que ela ainda não consegue dominar, proporcionando a ela, uma segunda zona erógena, de nível inferior. A inferioridade dessa segunda região a levará na busca da parte correspondente em outra pessoa.
Aquelas em quem a significação erógena da zona labial for constitucionalmente reforçada, persistindo essa significação, quando adultas, serão ávidas apreciadoras do beijo, tendendo à beijos perversos ou a um poderoso motivo para beber e fumar. Caso haja recalque, sentirão nojo da comida e produzirão vômitos histéricos. Por força da dupla finalidade da zona labial, o recalque se estende à pulsão de nutrição.
O chuchar possui três características essenciais de uma manifestação sexual infantil. Ele nasce numa das funções somáticas vitais; não conhece nenhum objeto sexual, sendo auto erótico; e seu alvo sexual se encontra sob domínio de uma zona erógena.
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