A Sugestão e Transferência: Demarcações
Por: Brena Amaral • 27/6/2022 • Trabalho acadêmico • 549 Palavras (3 Páginas) • 61 Visualizações
Trabalho final da disciplina: Teorias e técnicas psicoterápicas: abordagem psicanalítica I
Sugestão e transferência: Demarcações
Este texto se direciona a tentar entender as demarcações conceituais entre sugestão e transferência desenvolvimentos no decorrer da teoria freudiana, possuindo como base as sínteses dos textos trabalhados na disciplina.
No texto “Sobre a dinâmica da transferência de 1912, Freud afirma que está na transferência a diferença entre a psicanálise e os outros métodos, que fariam, em seu lugar, uso da sugestão. Em outras diversas passagens durante os textos base é possível observar a manifestação de Freud em deixar claro que a psicanálise não se utiliza da sugestão, assim como evidencia o papel chave da transferência em seu método, demarcadamente distinguindo as duas.
Para entender essa diferenciação e o porquê da insistência nessa demarcação, vale a necessidade de uma breve tentativa de conceitualização de ambos os termos.
A Sugestão ficou conhecida como recurso técnico junto ao método hipnótico, ela corresponde às falas do médico para com paciente , enquanto este se encontrava em estado de crença induzida. Sendo assim, seu valor estaria nessa credulidade, com certo aspecto de fé religiosa, depositada na figura do médico/ analista. Foi abandonada por seus efeitos de “cura” passageiros devido a sua insuficiência frente às resistências colocadas pelo sujeito.
Pulando um pouco na linha do tempo do desenvolvimento do método psicanalítico, teremos o conceito de Transferência, que corresponde ao ato do paciente de repetir com a figura do analista toda uma série de experiências passadas, a substituição inconsciente de uma pessoa anterior (figuras paternas, por exemplo) dentro dessa nova relação, um ato que remete ao passado mas se dá no presente. Sendo por meio dessa transferência, e somente por ela, possível o estabelecimento de uma análise.
Com essa conceituação simplificada podemos começar a entender essa necessidade de demarcação entre os dois recursos, enquanto a sugestão fia-se em um campo de ação místico, dependente de uma positividade na relação que pode não perdurar ou ser suficiente por muito tempo. A transferência possui a carga de afetos necessária para vencer as interposições das resistências, que eventualmente entram em cena.
No texto Sobre psicanálise “selvagem” de 1910, temos um exemplo claro da confusão gerada pelo uso de uma sugestão como tentativa de intervenção analítica. A sugestão por parte do médico do que estaria reprimido na paciente, só acarreta em mais angústia para a mulher, que passa a se enxergar como fadada ao sofrimento. Uma boa demonstração da insuficiência da sugestão e da necessidade de uma adequada preparação transferencial anterior a comunicação de qualquer conteúdo.
Em outras passagens Freud irá fazer ainda mais pontuações e recomendações para que os analistas se distanciem da sugestão, como no texto Recomendações ao médico para o tratamento psicanalítico (1912), em que recomenda ser evitado o compartilhamento, com o paciente, sobre acontecimentos da vida individual a fim de que o tratamento não caia nessa sugestibilidade.
Dessa forma, ele não só coloca a si próprio em uma situação desfavorável para o seu trabalho, mas também se expõe, indefeso, a certas resistências do paciente, de cujo embate de forças, afinal, depende
essencialmente o restabelecimento. (Freud, 1912)
Existem ainda muitos outros argumentos sobre a necessidade dessa demarcação entre a sugestão e a transferência que poderiam ser levantados com uma análise mais profunda da obra de Freud. No mais, a intenção de responder brevemente essa questão se atribui ao fator indispensável desse entendimento.
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