A TECNOLOGIA E APRENDIZAGEM
Por: Felipe Magela • 9/7/2017 • Trabalho acadêmico • 2.001 Palavras (9 Páginas) • 246 Visualizações
O conceito de tecnologia é indefinido, visto que existem diversas perspectivas dessa concepção. Portanto, a definição que será empregada durante o presente trabalho remete ao conceito da Análise do Comportamento, mais especificadamente o trabalho de Willems (1974), que entende a tecnologia como a aplicação sistemática dos princípios comportamentais (cientificamente testados) em problemas pragmáticos, ou seja, tarefas da vida real. Essa aplicação pode se dar em contextos variados, tais como clínica, escola, trabalho, entre outros (Lemos & Carvalho, 2015).
Já em relação à aprendizagem e ao ensino, três grandes metáforas imperam: 1) A metáfora da maturação do organismo, cuja teoria enfatiza a topografia do comportamento, isto é, sua forma ou estrutura. Tal metáfora delega um papel modesto ao professor, que não pode realmente ensinar, mas apenas ajudar o estudante a aprender; 2) A metáfora da aquisição, que defende que o estudante recebe uma educação, ou seja, o processo de aprendizagem é seguido por curvas de aquisição. Nesse caso, o aluno (passivo) absorve o conhecimento que é dado pelo professor, que faz o papel de transmissor (ativo); 3) A metáfora da construção, na qual o estudante possui um aparato genético que se desenvolve ou amadurece, e seu comportamento se torna cada vez mais complexo em contato com o mundo a seu redor, mas algo mais acontece enquanto ele aprende. Nesse sentido, o professor informa o aluno, como se seu comportamento ganhasse uma forma ou molde. Ensinar seria edificar no sentido de construir, isto é, o professor edifica precursores como conhecimento, hábitos ou interesses, mas a metáfora da construção não o exige, pois o próprio comportamento do estudante pode ser construído. Essas três metáforas estão impregnadas na linguagem e é quase impossível evita-las em discussões informais. (Skinner, 1968).
No entanto, seguindo os arcabouços teórico e prático da Análise do Comportamento, uma análise da interação organismo-ambiente deve evitar metáforas. Nesse caso, a aprendizagem é avaliada a partir da tríplice contingência: 1) A ocasião (S) na qual o comportamento ocorre; 2) O comportamento (R) em si mesmo; e 3) As consequências (C) desse comportamento. A partir disso, o ensinar é o simples arranjo de contingências, principalmente contingências de reforçamento.
Algumas das técnicas e tecnologias utilizadas e/ou desenvolvidas pela Análise do Comportamento:
Precision Teaching: É uma técnica utilizada no contexto escolar que consiste em basear decisões educacionais de currículo em mudanças de frequência de performance contínuas auto-registradas em Standard Celeration Charts (Lindsley, 1992).
Desenvolvido em 1965 por Ogden Lindsley, o Standard Celeration Chart (SCC, Gráfico de Aceleração Padrão) tem sido, desde então, uma ferramenta bastante utilizada por educadores para medir curvas de aceleração de comportamentos-alvo de alunos e aprimorar a qualidade do ensino (Calkin, 2005). O SCC consiste em um gráfico elaborado de forma que todas as acelerações e desacelerações sejam padrões: o slope (número por minuto) de 34 graus é de uma multiplicação por dois na frequência em uma semana em todos estes gráficos. Ele permite registrar a aceleração do comportamento de aprender no formato frequência por minuto por semana.
Registram-se as taxas (frequência sobre a unidade de tempo) de comportamentos considerados relevantes para o ensino de um determinado conteúdo e compara-se longitudinalmente os dados coletados por uma semana (Lindsley, 1991). Por exemplo, frequência de acertos de capitais de estados brasileiros em um intervalo de dez minutos diários durante uma semana.
O Precision Teaching incorpora o slope dos registros cumulativos de Skinner e os insere no eixo y esquerdo do SCC em uma escala logarítmica. O eixo x representa os dias do calendário de um semestre escolar. Os valores de frequência no eixo y esquerdo variam de 1 por dia, com 1 por minuto no centro, a 1000 por minuto (Lindsley, 1991).
O comportamento é registrado no SCC através de pequenos pontos, representando acertos, e “X”s para erros, seguindo-se a linha horizontal da taxa de resposta e a linha vertical do dia do calendário. Usa-se a letra “A” maiúscula para especificar, no gráfico, a meta de taxa de resposta a ser atingida (do inglês, aim). O traçado horizontal da letra deve marcar a taxa esperada, enquanto a ponta superior condiz com o dia em que a meta foi traçada. Uma linha horizontal traçada no gráfico indica o dia em que a sessão de prática foi conduzida e, seguindo marcadores do eixo y direito, o tempo de duração da sessão (Lindsley, 1991).
Um aspecto relevante do SCC, em comparação a um gráfico comum de frequência, é que ele possibilita visualizar não apenas a frequência do comportamento, mas a aceleração, ou seja, o crescimento da aprendizagem através do tempo. Ter acesso à curva de aceleração revela muito mais sobre o comportamento do que conhecer apenas a sua frequência absoluta (Calkin, 2005). Dessa maneira, as decisões curriculares baseadas nesses dados são muito mais precisas e o ensino, mais eficaz.
Apesar de ser o professor quem o instrui e o monitora, é o próprio educando quem registra e acompanha seus erros e acertos no SCC. Essa dinâmica pode fazer com que alguns educadores sintam que sua posição esteja ameaçada diante do Precision Teaching. A realidade é justamente oposta, visto que o professor é indispensável para instruir o educando acerca do conteúdo, uma vez que este geralmente não o descobrirá sozinho (Lindsley, 1992). Além disso, o Precision Teaching permite que o professor analise a aprendizagem semanal de cada aluno e arranje a grade curricular conforme julgar necessário, sendo capaz então de saber o que cada aluno já sabe, o que pode vir a aprender e em quanto tempo essa aprendizagem pode se dar.
PBIS (Positive Behavioral Intervention and Support): Entende-se o PBIS como uma intervenção de larga escala a qual apregoa uma série de medidas focadas na melhora técnica dos funcionários das escolas, gerando assim consequentemente, uma melhora no comportamento e eficiência dos alunos. A tradução livre desta forma de intervenção se dá por: Intervenção Comportamental Positiva e de Suporte.
Horner et al (2005) explicita que esta intervenção busca prevenir ou mudar comportamentos problemas regularmente presentes em alunos, criando um cenário o qual funcione por toda a escola e vise uma melhora geral do ambiente educacional.
Bradshaw (2010) elenca 7 pontos que são extremamente importantes para a execução correta do PBIS: (a) formação de um time com funcionários da escola com um número de 6 a 10 membros, atendendo a
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