A sexualidade na terceira idade
Por: Eder Carina • 25/2/2017 • Trabalho acadêmico • 2.673 Palavras (11 Páginas) • 352 Visualizações
A SEXUALIDADE NA TERCEIRA IDADE: REPRESSÃO E TABU
- INTRODUÇÃO
A população mundial está envelhecendo? Estatisticamente podemos afirmar que sim. Conforme a ONU (Organização das Nações Unidas) o mundo está basicamente no auge de uma transição do processo demográfico de forma única e irreversível que resultará em populações mais velhas em todo o planeta.
As taxas de fertilidade diminuíram e com isso a proporção de adultos com mais de 60 anos duplicou. Entre 2007 e 2050 esse número tornar-se-á mais que o triplo, alcançando aproximadamente dois bilhões em 2050 e ainda, na maioria dos países, o número de pessoas acima dos 80 anos deve duplicar, redundando em aproximadamente 400 milhões.
Os idosos, cada vez mais, têm sido vistos como contribuintes para o desenvolvimento e seus esforços para melhorar sua qualidade de vida e sua convivência social devem ser transformados em políticas e programas em todos os níveis. Atualmente cerca de 64% de todos os idosos vivem em regiões menos desenvolvidas e em 2050 esse número deverá aproximar-se de 80%.
Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o Brasil começa a ver crescer de forma intensa o número de idosos, característica essa comum da população de países desenvolvidos. Este mesmo Instituto nos mostra que a quantidade de brasileiros com 60 anos ou mais cresceu 55% entre 2001 e 2011. Desta forma, a terceira idade passou de 15,5 para 23,5 milhões de pessoas em dez anos, com esse crescimento os idosos passam a representar 12% da população total do Brasil.
Essas mudanças na pirâmide populacional trazem como consequência uma série de alterações sociais, culturais e epidemiológica, para as quais ainda não estamos totalmente preparados para enfrentar. Entretanto, precisamos criar alternativas para acrescentar vida a esses anos a mais que conquistamos.
A terceira idade apresenta-se como uma nova categoria, expressão de um novo sujeito, que não é um acomodado e que se impõe com novas necessidades psicológicas, sociais, éticas e políticas.
Nossa sociedade, impulsionada e influenciada pela indústria cultural, meios de comunicação, entre outros, hipervaloriza o belo e, tende a perpetuar a juventude negligenciando os avanços da população idosa.
Embora haja um grande crescimento dessa população, muitos mitos ainda permanecem sobre a terceira idade e entre estes, nos desperta a atenção, os mitos e tabus referentes a sexualidade do idoso.
A sociedade acredita que, por volta dos 50 anos, a perda da função sexual é inevitável pela menopausa feminina e as possíveis dificuldades da ereção masculina. Tal situação ainda se agrava pelo culto da beleza jovem, pelos modelos da mídia e pelas figuras angelicais que lembram os avós, induzindo que os idosos são figuras assexuadas, ou seja, que não desejam a intimidade sexual. No entanto, a concepção de terceira idade e sua sexualidade está num processo de mudança.
Acreditando nessas mudanças buscamos, através desse breve estudo, fazer uma reflexão e analisar a percepção do idoso quanto a vivência de sua sexualidade, através de uma auto avaliação. Partimos do pressuposto do qual o preconceito ainda impera, não só na sociedade em geral, mas, é gerado e reforçado pelo próprio idoso.
- METODOLOGIA
Nossa pesquisa foi desenvolvida através de um estudo transversal exploratório e de abordagem quanti-qualitativa. Esse tipo de pesquisa não valoriza apenas os aspectos técnicos, pois é voltada para a compreensão de vivências, de emoções, de sentimentos e de comportamentos humanos, possuindo uma natureza compreensiva (CAMARGO; SOUZA, 2003).
A amostra foi composta por 10 (dez) idosos participantes do baile da terceira idade, na Praça da Bíblia, em Foz do Iguaçu, no estado do Paraná.
Os dados foram coletados por meio de uma entrevista cujo instrumento usado foi um questionário composto de oito perguntas fechadas e duas perguntas abertas. Este questionário foi aplicado por cinco alunos do quarto período do curso de Psicologia da Faculdade Anglo Americano de Foz do Iguaçu.
- DESENVOLVIMENTO
Na área da Psicologia Social, especificamente, observamos, nos últimos anos, o desenvolvimento de teorias que contemplam a velhice, de modo a contribuir para a compreensão de diversos fatores intrínsecos ao processo de envelhecer, contribuindo, dessa forma, com intervenções psicossociais que possibilitam melhor qualidade de vida ao idoso.
Conforme NERI, 2002, 2008, a velhice representa a ultima fase do ciclo vital, delimitada por eventos de natureza múltipla, incluindo, por exemplo, perdas psicomotoras, afastamento social, restrições em papéis sociais e especialização cognitiva.
Porém, acreditamos que, contrariamente ao que pé preconizado, de forma preconceituosa, pelo senso comum, envelhecer não é sinônimo de incapacidade funcional, dependência e inexistência de vivências sociais e sexuais. A pesar de haverem perdas físicas, psicológicas e sociais, no processo de envelhecimento fisiológico, sabemos ser possível a vivência de uma velhice bem sucedida. Conforme afirmam CACHIONI e FALCÃO (2009), esta possibilidade esta associada à boa saúde física e mental, atividade e envolvimento com a vida, condições essas dependentes da influência combinada de eventos genético-biológicos, sociais, econômicos e psicológicos.
Na gerontologia, o envelhecimento, é um processo sequencial do ciclo vital, tendo suas características atreladas a singularidade de cada sujeito. Felizmente, nos dias de hoje, estamos construindo uma visão mais positiva e produtiva para o idoso, Mas, quando a questão é a sexualidade nesse período da vida,o assunto é cercado de preconceitos perante a sociedade e entre os próprios idosos que convivem com mitos e tabus (ALMEIDA; LOURENÇO,2007).
A imposição de certos padrões de comportamento, pela sociedade, limita a sexualidade humana a um período compreendido entre a puberdade e o inicio da maturidade. Dessa forma, a atividade sexual não é reforçada pela sociedade na velhice. Contrariamente, é punida por meio do preconceito. Os idosos submetidos a essa ideia imposta pela sociedade, e aliados às modificações fisiológicas características do envelhecimento, parecem aceitar a dessexualização como um processo normal da idade (CASTRO; REIS, 2002).
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