A vida Amelie
Por: Zicadoida • 25/9/2015 • Resenha • 699 Palavras (3 Páginas) • 284 Visualizações
Síntese do filme: O fabuloso destino de Amélie Poulain.
Humanismo.
Amélie Poulain teve uma infância privada da companhia de outras crianças, devido ao pai médico concluir nos exames que ela tinha problemas cardíacos, mas o fato é que os batimentos da menina aceleravam pois era o único contato que tinha com o pai.
Nessa relação fria e distante com os pais (mãe neurótica e pai ausente), Amélia interage com o mundo da imaginação, tem grande capacidade de observação e uma sensibilidade. Seu único amigo é um peixinho que, por suas “fugas” e por não aguentar o clima estranho da família, foi substituído por uma câmera fotográfica, depois do peixinho ter sido jogado no rio da cidade.
Já adulta, tímida, mas simpática, mora sozinha e trabalha em um café de Paris como garçonete. Tanto os funcionários como os freqüentadores são pessoas nada convencionais. Amélie divide seu tempo livre visitando seu pai e jogando pedrinhas no lago e também gosta de enfiar a mão em sacos de grãos.
Certa noite, encontra, na parede do seu banheiro, uma caixinha com uma foto e objetos de um menino que morava lá há anos atrás. Decide, então, encontrá-lo para entregar seus pertences. Nessa busca acaba conhecendo seus vizinhos e sabendo um pouco mais das pessoas que moram ao seu redor.
Anonimamente, mas presenciando a emoção do dono ao receber a caixinha, Amélie resolve se dedicar a ajudar os outros, interferindo no mundo das pessoas e levando um pouquinho de seu próprio mundo de sonho, ensinando as pessoas a sonhar.
Ela se permite, com a ajuda de um velho senhor pintor que tem ossos de vidros, tocado por sua pureza e doçura, a descobrir o prazer das relações humanas. Ele não é direto, mas sempre comunica algo que a faz refletir e se dar conta de novas possibilidades, nas relações que vão se construindo e fazendo bem para as pessoas e a ela mesma.
Faz uma caminhada com um senhor cego, contando tudo o que se passa pelo caminho que eles percorrem. Ajuda seu pai com a criativa idéia das fotos do anão viajante, que conduz a libertação, desprendendo do passado e ir viajar. Ajuda suas colegas de trabalho, seus vizinhos. Mas a jovem não faz apenas boas ações como também ataca de justiceira fazendo "travessuras" com quem é mau na visão dela.
Mais exposta aos acontecimentos, Amélie se apaixona e se depara com seus próprios problemas e limitações. Se vê no dilema entre enfrentá-los ou se isolar no seu mundo particular.
Dando um novo sentido a sua existência, mesmo com dificuldade de se relacionar, ela trama criativas formas para se comunicar: começa a fazer um jogo de pistas para que ele a encontre.
Um jovem sensível e marcado por sua infância, Nino, trabalha no trem fantasma de um parque e em um sex shop. Coleciona fotografias instantâneas que as pessoas jogam fora, é fissurado por um determinado senhor que tem dessas fotos espalhadas por todas as máquinas da cidade e embarca na aventura que é tentar conhecer a moça que encontrou seu álbum perdido.
Como Fenomenologia, podemos perceber que no decorrer do filme amizades são consolidadas sem julgamentos, benfeitorias são realizadas, peraltices são feitas e pode ser sentido: as sensações nas pequenas coisas do cotidiano e o prazer que elas causam, mostra como determinados fatos moldam o caráter e a visão do mundo de uma pessoa.
Amélie tenta recriar o mundo, assim sendo recriada, ela afeta e é afetada.
Amélie também nos mostra como existencialismo que apesar da infância problemática ela se envolveu com o mundo e fez suas próprias escolhas, no encontro com ela mesma, se modificou, se descobriu, descobre suas vontades e desejos, tornando a vida possível. Penso no álbum como metáfora para entender Amélie. Á medida que reconstrói sua história ela vai se tornando sujeito do seu processo. Como no álbum com fotos coladas e rasgadas, sua história contem também as marcas, as cicatrizes, as falhas que não puderam ser preenchidas, mas que não mais a imobilizam, nem a impedem de viver na própria pele suas experiências.
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