A Ética no curso de psicologia
Por: Theofilo Theofilos • 6/5/2018 • Trabalho acadêmico • 802 Palavras (4 Páginas) • 155 Visualizações
Alun@s: Raíssa Gabriella de Matos Lopes
Renato Batista da Silva
Vinícius Theófilo
- Quais espaços de reflexão nós deveríamos ter no curso de Psicologia ?
A história humana não se desenrola apenas nos campos de batalhas e nos gabinetes presidenciais. Ela se desenrola também nos quintais, entre plantas e galinhas, nas ruas de subúrbios, nas casas de jogos, nos prostíbulos, nos colégios, nas usinas, nos namoros de esquinas. Disso eu quis fazer a minha poesia. Dessa matéria humilde e humilhada, dessa vida obscura e injustiçada, porque o canto não pode ser uma traição à vida, e só é justo cantar se o nosso canto arrasta consigo as pessoas e as coisas que não tem voz.
Ferreira Gullar
Muitos acreditam que se formar em Psicologia nos dá um poder/saber sobre o outro. Que nós não sejamos estes. Que diante de nós todos tenham voz e tenham suas vivências ouvidas com o respeito de quem sabe o quanto pode ser diverso e profundo o sofrimento humano, e que o mundo, pode ser pura hostilidade.
Nós deveríamos ter mais oportunidade de conhecer melhor e a fundo a sociohistoricidade que atravessa o sujeito. O que significa também deixar pra traz todo o conservadorismo que marcou o início de nossa história (que por sinal, mal conhecemos). Já cientes de que não pode haver neutralidade, devemos nós escolher nosso lado, alí onde possa imperar a democracia. Escancaremos mesmo nosso compromisso social com aqueles que ainda estão à margem, para que uns poucos reinem. Pois não haverá de ser isto apenas uma questão de opinião!
São espaços de reflexão como estes, que nos situam em meio ao espaço de disputa que caracteriza cada vez mais nossas cidades, que talvez estejam em falta. Ignorar como conhecimento obrigatório nosso Sistema de Saúde, Assistência Social e políticas públicas em Educação, assim como das práticas em Psicologia Jurídica, que abrangem o trabalho com diversas instituições, é ignorar a diversidade de dilemas éticos, teóricos e práticos que podem lá surgir. É ignorar nosso compromisso com a superação da desigualdade que marca nossa história e, logo, também os sujeitos.
Se a história humana não se desenrola “apenas nos campos de batalha e nos gabinetes presidenciais” , mas também nas “ruas e subúrbios”, haverá um dia em que a veremos em toda sua grandeza diante de nós? E para que lado ela haverá de se desenrolar?
Somos sujeitos orientados por nossa subjetividade, envelopados com uma identidade e em convívio com outros sujeitos. Um espaço de troca que possibilite o encontro de histórias, narrativas e alteridades, possivelmente desencadeará reflexões mais amplas sobre o outro. Tamanha riqueza dessas trocas, permitirá o distanciamento do lugar de origem e vai de encontro ao lugar ocupado na sociedade, seja de raça, classe, gênero e etc.
Muniz Sodré (1988) define território como a relação de significação e a ordenação simbólica dos espaços de moradia. Para ele “a história dá-se num território, que é o espaço exclusivo e ordenado das trocas que a comunidade realiza na direção de uma identidade grupal”.
Levando em conta os espaços da Psicologia que permitissem um deslocamento, seguido de reflexão, num ato radical, aulas nas casas de alunos/alunas, que estivessem dispostas/as a vivenciar a experiência de troca, seria uma opção. E a ocupação de outros espaços na universidade também. Nos corredores da Fafich, por exemplo, é possível encontrar fugas da grade curricular (em sentido literal) e a esperança de atuações alternativas em Psicologia. Personagens como Wilhem Reich, Franz Fanon e Virgínia Bicudo compõe esse cenário e deixam marcas em quem os conhece.
Espaços, como o CAPsi, poderiam ser pensados como catalisadores do processo de reflexão, que estimulem debates, formais e informais desses assuntos não tratados na trajetória formal do curso, e fomentem, inclusive, discussões entre o corpo discente e o departamento de Psicologia, sobre temas relevantes da atualidade. A participação no Centro Acadêmico, poderia inclusive, ser validada no percurso de formação como atividade integrante do percurso formativo.
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