ANÁLISE CRITICA DO DOCUMENTÁRIO “PRO DIA NASCER FELIZ”
Por: Andreia Souza • 8/6/2017 • Trabalho acadêmico • 1.211 Palavras (5 Páginas) • 3.741 Visualizações
ANÁLISE CRITICA DO DOCUMENTÁRIO “PRO DIA NASCER FELIZ”.
De acordo com o documentário “Pro Dia Nascer Feliz”, que retrata a desigualdade da educação no Brasil e baseando-se nas discussões feitas em sala, podemos explorar as expectativas, os paradigmas e as dificuldades que jovens, professores, organizações e pais vem sofrendo ao decorrer do tempo.
Com base no documentário podemos utilizar como exemplo a história de Valeriana, aluna está de uma escola pública com poucos recursos físicos e didáticos, fato este que não barrou na jovem o dom para a poesia, em contrapartida ao decorrer do documentário quando mostrado novamente a situação da jovem algum tempo depois, vemos que a mesma deixou de escrever poesias, o que nos remete que, mesmo com poucas condições de ensino, mesmo com a falta de incentivo de sua professora, a qual não acreditava em seu potencial, a escola em si, ainda assim servia de estimulo, tinha sentido para a jovem, fazendo com que a mesma explorasse sua habilidade para a escrita.
Charlot (Nova Escola, p.18) afirma “a escola ideal é aquela que faz sentido para todos e na qual o saber é fonte de prazer.” Diante dessa afirmação vê-se que a escola que se deseja é a que promova saberes que o aluno entenda, assim como bem representado na história citada acima.
Assim como retratado no documentário, alunos buscam conhecimentos que lhe sejam uteis, os quais possam ser aplicados no meio social valorizando a particularidade e principalmente a realidade de cada jovem, visto que escola representa na maioria das vezes obrigação a qual somada de teorias tradicionais tornam-se sem sentido.
Caldas (2005) retrata que a escola e, lamentavelmente, muitos psicólogos, insistem em atribuir a causa do fracasso escolar da criança a questões intelectuais ou emocionais “individuais”. O “problema emocional” passa a ser a explicação para a dificuldade de aprender, não sendo levado em conta o que a escola produz, em termos emocionais, na criança que tem constantes insucessos acadêmicos; da qual é preciso também avaliar em que medida a mesma preserva seus alunos de outras complicações psicodinâmicas, ajudando na superação de suas dificuldades, ou em que medida a escola se encarrega de confirmá-las e agravá-las.
Assim como relata Patto (1981; Caldas 2005) não se trata de negar a existência de problemas emocionais, conflitos, dificuldades familiares ou outras questões individuais das crianças. A questão é não estabelecer relação causal linear entre estes fenômenos e a capacidade para aprender. É preciso pensar na rede de agentes produtores da incapacidade. Além disto, mesmo quando há fenômenos psicodinâmicos que possam trazer impedimentos ao desenvolvimento saudável da subjetividade da criança, é preciso avaliar como é que a escola se relaciona com estes fenômenos.
Pode-se considerar também o papel que o professor desempenha dentro da instituição escolar, onde o mesmo muitas vezes se vê desestimulado, ao se deparar com a falta de ferramentas adequadas para aplicação de atividades, levado a desistência do mesmo em propor novos métodos de ensino, o que acaba inúmeras vezes por provocar o fracasso escolar.
Como bem cita Tapia e Fita (2003, p.88), se um professor não está motivado, se não exerce de forma satisfatória sua profissão, é muito difícil que seja capaz de comunicar a seus alunos entusiasmo e interesse pelas tarefas escolares; desta forma é definitivamente, muito difícil que seja capaz de motivá-los.
Já SCOZ (1994; apud Fiale 2012) revela, que a pobreza dos alunos aparece com o forte determinante dos problemas de aprendizagem, todavia ressalta que sem querer negar que grande parte do fracasso de alguns alunos pode estar relacionada à pobreza material às que estão submetidos, é importante estar atento para que a baixa renda das famílias não seja utilizada como justificativa para o insucesso escolar das crianças, eximindo a escola, sua organização didático/ pedagógica, seus agentes e suas condições internas de qualquer responsabilidade; desta forma Lahire (1997; apud Paula e Tfouni; 2009) apresenta evidências contrárias à possibilidade de generalização das causas do fracasso escolar. O autor descreveu casos de sucesso de crianças que conviviam em ambientes pobres e considerados inadequados para o desenvolvimento de suas capacidades intelectuais, assim como casos de fracasso de crianças que aparentemente viviam em ambientes considerados favoráveis; Cabe a psicólogos e outros profissionais que atuem na escola, desmistificar este estigma e levar em conta a particularidade de cada aluno, seja ela emocional, de ordem social ou no que diz respeito a questões didáticas, priorizando sempre a qualidade no aprendizado, sem buscar apontar erros, mas na busca de soluções para o aluno, para o professor, enfim para a organização em si.
Segundo Angelucci e Cols (2004; apud Paula e Tfouni; 2009), o fracasso escolar vem sendo abordado atualmente de diferentes formas que serão citados a seguir:
(1) O fracasso escolar como problema psíquico, o que leva à culpabilização das crianças e de seus pais. O fracasso escolar é visto como o resultado de prejuízos da capacidade intelectual dos alunos, decorrentes de problemas emocionais gerados em ambientes familiares supostamente patológicos. Para essa categoria de explicação a escola é vista como um lugar harmônico, no qual cada criança encontra as condições necessárias ao seu desenvolvimento, desde que elas consigam desenvolver suas capacidades egóicas para lidar com a realidade.
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