ASPECTOS ENVOLVIDOS NA MANIFESTAÇÃO PRECOCE DA SEXUALIDADE EM CRIANÇAS: REFLEXÕES
Por: Sollis2 • 28/10/2017 • Projeto de pesquisa • 1.824 Palavras (8 Páginas) • 284 Visualizações
ASPECTOS ENVOLVIDOS NA MANIFESTAÇÃO
PRECOCE DA SEXUALIDADE EM CRIANÇAS:
REFLEXÕES
Desenvolvimento psicossexual
Geralmente, considera-se a inexistência de um instinto sexual em
crianças, relacionando o termo à manifestação da genitalidade. Em Três
Ensaios Sobre a Teoria da Sexualidade (1901/2016), Freud expõe a concepção
popular e a dificuldade em estabelecer uma relação entre infância e
desenvolvimento sexual. O autor afirma que “o recém-nascido traz consigo
germes de impulsos sexuais, que continuam a se desenvolver por algum
tempo” (1901/2016, p.78), esclarecendo que o desenvolvimento de instintos
sexuais está presente desde o nascimento. É necessário reforçar que a palavra
‘sexual’, no sentido freudiano, não se refere ao ato sexual, genital,
propriamente dito, mas à busca pelo prazer. Haja vista que a busca de prazer
desperta logo cedo, desde o nascimento, Dolto (1972, p. 27) enfatiza que
Sexual não significa genital e que o qualificativo de genital só
se aplica a certas manifestações da sexualidade, as mais
tardias e mais completas do desenvolvimento do indivíduo.
Mas o hedonismo da criança, isto é, a “busca de prazer”,
desperta extremamente cedo.
Em relação às vias de exteriorização, Freud define o ato de sugar como o
primeiro traço essencial da atividade sexual infantil. O autor afirma que, no ato
de chupar ou sugar, é possível notar as características substanciais dessa
manifestação. Para tanto, essa manifestação “surge apoiando-se numa das
funções vitais do corpo, ainda não tem um objeto sexual, é autoerótica, e sua
meta sexual é denominada por uma zona erógena” (FREUD, 1901/2016, p. 87),
ou seja, é na zona labial que está concentrado o hedonismo deste momento;
por conseguinte, essa etapa é denominada fase oral. Assim como postulado, o
desenvolvimento psicossexual compreende a fase oral, anal e fálica, seguida,
consecutivamente, por um período de latência. Essas fases integram a
chamada ‘fases pré-genitais’, nas quais a palavra ‘sexual’ adquire o significado
exposto acima. Posteriormente, na fase genital, o individuo vincula outro
significado à palavra ‘sexual’: a acepção genital, apropriadamente. Logo, vem a
puberdade e, por fim, a fase genital.
A primeira fase, oral, compreende desde o nascimento até o desmame
(por volta dos seis meses); nesta fase a obtenção de prazer ocorre oralmente,
no caso, por conta da amamentação, ou seja, a boca é a zona erógena
dominante. Este prazer é oriundo não apenas da sensação de prazer ao ser
amamentado, mas, principalmente, do movimento ritmado dos lábios e língua
(FREUD, 1905/2016).
A fase anal abarca o final do segundo ano até por volta dos quatro anos
de vida. Essa fase é caracterizada por uma ambivalência, visto que o bebê
obtém prazer através de duas maneiras: no processo de evacuação de fezes e
urina, ou na retenção dos mesmos. A obtenção de prazer ocorre no controle
esfincteriano, quando ele se dilata para evacuar e contrai para reter.
Considera-se como uma fase inicialmente masoquista, na qual a retenção
da massa fecal é usada como estimulação da zona anal; em um segundo
momento, sádica, pois a partir do momento que o bebê compreende o
conteúdo intestinal como parte de si, decide liberá-lo ou não. Freud postula que
deste então, o conteúdo intestinal “constitui o primeiro ‘presente’: através da
liberação ou da retenção dele, o pequeno ser pode exprimir docilidade ou
desobediência ante as pessoas ao seu redor” (1905/2016, p.92). O significado
de ‘presente’ torna possível, posteriormente, que a criança estipule como
nascem os bebês, segundo elas, gerados pela alimentação e nascendo pelo
intestino.
É importante salientar que a infância é um processo, portanto as
manifestações não devem ser consideradas estáticas, vistas como um
resultado final. Dessa forma, Anna Freud (1971) esclarece que uma fase
sobrepõe-se a outra, fazendo com que a libido atinja uma organização
apropriada à idade da criança. A autora expõe que uma fase pode persistir
durante meses depois que a outra já se implantou, em suma, “a fase oral, por
exemplo, persiste durante meses, depois que a organização sádico-anal já se
implantou; as manifestações sádico-anais não desaparecem com o início da
fase fálica” (FREUD, 1971, p.118).
Consecutivamente, englobando por volta dos cinco aos seis anos, ocorre
a fase fálica, na qual a criança percebe a distinção de gêneros: feminino e
masculino;
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