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Abuso Sexual Uma Constituição Historica

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Por:   •  11/11/2014  •  2.496 Palavras (10 Páginas)  •  231 Visualizações

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INTRODUÇÃO

O ser humano busca a todo tempo satisfazer os objetos de suas pulsões, e como é sabido, este objeto de desejo é muito variável, partindo do inconsciente da pessoa. Temos os mais diversos casos de objetos de pulsões: pessoas do mesmo sexo, crianças, animais, sadismo, masoquismo, objetos, entre outros. Em 1905 Freud lançava os três ensaios sobre a teoria da sexualidade, abordando os desvios de Pulsão, de modo geral, e os ritos que envolvem seu desenvolvimento e o alcance dos seus desejos “proibidos”. Neles já eram abordados os abusos que poderiam acontecer dentro dos desejos dos homens.

Diversas formas de abuso sexual vêm se caracterizando e se modificando ao longo do tempo, e também a forma como a sociedade as encara. Atualmente, independente do tipo, é consagrado crime, tendo o abusado o direito a todo o respaldo psicológico e legal. Entretanto, não é somente isso o necessário para que o abusado possa superar o impacto do trauma sofrido.

A grande questão é que toda a população, seja do presente ou do passado, está exposta e vulnerável a violência sexual. Que além de suas diversas constituições, apresenta uma evolução social e dadas mudanças na forma em que são enxergadas ao longo do tempo, chegando assim à problemática da nossa atualidade. Isso será realizado analisando as perspectivas de autores atuais, o material produzido por Freud em seus três ensaios, a forma como o abuso sexual é visto historicamente e o impacto causado em nossa sociedade. Expondo as formas como se apresenta, trazendo questões atuais sobre sua presença e importância em nosso cotidiano.

Este artigo visa abordar as duas formas de abuso mais comuns, a pedofilia e o assédio sexual (estupro), identificando e apoiando-se sobre sua constituição histórica e psicológica. Tendo como objetivo levantar os tipos de violência sexual contra mulheres e crianças, os ambientes de ocorrência e como a forma de se enxergar estas agressões se modificou ao longo do tempo.

PEDOFILIA

Ao longo do tempo a infância vem se tornando e se mostrando uma fonte de desejo. É muito comum, por exemplo, vermos em sites de conteúdo adulto mulheres fantasiadas de meninas, com o intuito de mexer com o imaginário masculino. Nossa sociedade sofre com a erotização, e convivemos com tudo isso de modo muito comum, sem ao menos nos darmos conta. A sexualidade involuntariamente é estimulada através de comerciais de TV, músicas, novelas, etc.

Só excepcionalmente as crianças são objetos sexuais exclusivos; em geral, passam a desempenhar esse papel quando um indivíduo covarde ou impotente presta-se a usá-las como substituto, ou quando uma pulsão urgente (impreterível) não pode apropriar-se, no momento, de nenhum objeto mais adequado. (Freud, 1905, p.90b)

Cada vez mais vemos as nossas crianças agindo como adultos, principalmente se tratando de meninas, que cada dia mais cedo querem se parecer com mulheres. Usam maquiagens, partes do corpo à mostra, saltos; deixando assim de viverem cada uma de suas fases, de viver a sua infância. São impactantes os números crescentes de jovens que mal saíram de sua infância já grávidas, e quando falamos de classes sociais mais baixas, estes aumentam ainda mais.

Todo esse contexto cultural favorece a ação de pedófilos, que encontram cada vez mais facilmente seu material de desejo, “crianças”. Porém não pode ser qualquer criança. Eles as buscam com traços específicos, muitas vezes as seguem e seqüestram. É igualmente comum encontrar pedófilos em profissões que lidem diretamente com crianças, pois assim torna-se mais fácil ganhar sua confiança e se aproximar delas.

Assim, com a mais insólita freqüência encontra-se o abuso sexual contra as crianças entre os professores e as pessoas que cuidam de crianças, simplesmente porque a eles se oferece a melhor oportunidade para isso. (Freud, 1905, p. 91c)

De acordo com Jane (2005) “A infância tem sido acionada como uma espécie de espaço utópico, associada à inocência, ingenuidade, pureza, sensibilidade e desproteção”, como um tempo de felicidade onde reina o que há de mais puro e bom. A partir de tais concepções, a erótica infantil foi invisibilizada ou mesmo negada. A partir dos escritos de Freud sobre a sexualidade infantil é que se passou a reconhecer as crianças como possuidoras de uma sexualidade, embora vários estudos mostrem o quanto elas foram usadas como objetos sexuais durante muitos séculos. Cabe lembrar que a violência contra as crianças não era passível de punição, tal como construído no século XX.

Mas engana-se quem pensa que os pedófilos buscam pelo perfil das crianças citadas acima como “erotizadas”. A fonte de seu desejo é sim a pureza, o ser intocado e sua delicadeza, por isso, quanto mais nova a criança, maior a fonte de seu desejo. Já foram, inclusive, relatados casos de crianças de poucos meses de idade sofrendo abusos.

Essas relações sexuais são expostas na internet e em vídeos que circulam na rede, pois eles agem assim, em rede, onde ocorre a troca de material ou de “experiências” entre os abusadores. Cada um com seu gosto em específico. O que podemos comparar a uma máfia, pois esse “mercado” gera milhões por ano.

ABUSO SEXUAL NO ÂMBITO FAMILIAR

Engana-se quem acredita que seus filhos estão a salvo dentro de casa. Existe uma grande incidência de abuso sexual no âmbito familiar. Em sua maioria, vindo de pais, primos, tios e irmãos, que estão mascarados atrás do papel parental. O que lhes propicia a confiança da família para que o mesmo fique sozinho com a criança.

Segundo Araújo (2002), o abuso infantil normalmente não envolve força física e sim, a sedução. O abusador tenta induzir a criança, tudo se torna um jogo, uma conquista, para que ela atenda os seus desejos.

O abuso sexual infantil é uma forma de violência que envolve poder, coação e/ou sedução. É uma violência que envolve duas desigualdades básicas: de gênero e geração. O abuso sexual infantil é freqüentemente praticado sem o uso da força física e não deixa marcas visíveis, o que dificulta a sua comprovação, principalmente quando se trata de

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