Alfabetização E Letramento

Ensinar ciência é um dever ético do professor2

, pois, por meio desta

aprendizagem, vão se abrindo ao sujeito outras possibilidades de ser-estar no mundo,

menos ingênuas, inclusive. Ademais, sendo a ciência parte da cultura, seu aprendizado é

(mais uma) maneira de garantir ao outro sua inserção e apropriação da e na cultura,

porém não como aquele que vai “consumir” cultura, e sim como aquele que, desde

sempre, é produtor de cultura.

Essa concepção coloca o próprio ensino de ciência como uma ação cujo

desenvolvimento viabiliza um rompimento com a dicotomia a partir da qual comumente

o senso comum vê a natureza e o homem, como se daquela este não fosse parte. Assim, ensinar ciências,

na escola e além dela, de forma convidativa, questionadora, reflexiva, é uma forma de

1. buscar propiciar espaços/tempos mais democráticos para se aprender e ensinar... Sendo assim, não podemos (in)concluir nosso diálogo senão por meio da defesa

2. do ensino de ciências como uma possibilidade de “descoberta” de mundos; descobertas

3. fomentadas e incentivadas por perguntas dos próprios aprendentes, por acontecimentos

4. constitutivos de seu ser-estar no mundo, do seu cotidiano. Praticar, na e com os alunos e

5. alunas, um ensino de ciências outra prescinde de uma (re)significação da prática

6. docente e da consecutiva indagação das maneiras insituídas de ensinar e aprender, no

7. sentido de legitimarem-se práticas instituintes, pautadas na escuta sensível do que os

8. estudantes tem a nos dizer, ou, mais que isso, do visto/sentido/ouvido na escola.

9. Cada vez mais, insistimos em um ensino de ciências que invista na narrativa, um

10. ensino como forma de contar sobre si e sobre o mundo – ciências como histórias do

11. mundo: a partir de suas crenças, saberes e experiências, alunos e alunas podem ampliar

ainda não saberes e, cada vez mais, transpor certezas arraigadas na e pela a imersão no

senso comum, problematizando e ressignificando conhecimentos.