Algumas considerações sobre a velhice: uma visão psicanalítica
Tese: Algumas considerações sobre a velhice: uma visão psicanalítica. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: Beldade • 1/10/2014 • Tese • 562 Palavras (3 Páginas) • 440 Visualizações
Algumas considerações sobre a velhice: Uma visão psicanalítica
Um dos primeiros pesquisadores a considerar o desenvolvimento da personalidade como um processo contínuo ao longo da vida, foi Erik Erikson (1902-1994) que se baseava no princípio epigenético. Segundo esta perspectiva, o desenvolvimento ocorreria em estágios sequenciais definidos, sendo necessário que se desenvolvessem de forma satisfatória para que o desenvolvimento ocorresse com tranquilidade (Sadock, 2007).
Segundo Erikson as pessoas idosas pertencem ao último estágio do ciclo de vida (60 anos até a morte), conhecido como Integridade versus Desespero. A integridade ocorre quando há aceitação da própria vida, como algo que tinha que ser e não permitia alternativas. O desespero ocorre quando a busca pela integridade fracassa trazendo a sensação de que o tempo é curto para experimentar novos caminhos a fim de alcançar a integridade. O indivíduo se torna aborrecido com o mundo externo e desdenhoso com outras pessoas e instituições. A resolução bem sucedida dessa crise levaria a sensação de ter vivido bem, caso contrário, o sujeito sente por não ter outra chance de viver novamente (Sadock e Sadock 2007).
A psicologia do desenvolvimento tenta traçar determinados comportamentos para determinadas idades cronológicas e período de vida.
Freud reinscreveu o sujeito sob uma perspectiva avessa ao desenvolvimento, salientando que as primeiras marcas deixadas no sujeito, através da intervenção do Outro, nunca se perdem, e sim formam um conjunto que servirá como pólo de atração para outros traços. Não admitia, pois, que o sujeito durante sua constituição passaria por determinadas fases, que mais tarde seriam deixadas para trás e complementadas pelas seguintes (Mucida, 2006). Freud nada escreveu especificamente sobre a velhice, talvez por considerar as defesas deste estágio muito assentadas e sem tempo suficiente para correções e mudanças subjetivas (Mucida, 2006).
A teoria psicanalítica associa o sujeito àidéia do inconsciente, sendo que este último não envelhece. Sendo assim, a velhice não modifica o psiquismo. O envelhecimento é caracterizado pelas perdas, desinvestimentos e investimentos objetais.
A velhice impõe, pois, o luto dos objetos perdidos e a criação de novas vestimentas para o desejo a partir dos traços marcados por cada indivíduo. (Mucida, 2006). A velhice é um destino singular, onde cada um envelhece a seu próprio modo, pois cada um inscreverá algo que lhe é próprio, ou seja, o escrito será reinscrito e reatualizado a partir dos traços de cada um. Os traços não são, pois, perdidos, são reinscritos (Mucida, 2006).
Um aspecto interessante no processo de envelhecimento é a visão que a pessoa idosa tem de si mesma. Na verdade, o sujeito vê sua velhice pelo olhar do Outro, ou pela imagem que o Outro faz dele, assim "velho" é sempre o outro. (Mucida, 2006).
Uma questão bastante presente ao tratar sobre a velhice é a morte. O medo da morte localiza-se entre o eu e o superego diante de um perigo externo ou interno que causa angústia, e está associada àperda do investimento libidinal. Desta forma, o sujeito se desinveste libidinalmente do mundo. O que existe na velhice é o amedrontamento da morte do desejo e não da morte em si, já que o inconsciente a desconhece. Vale
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