Análise crítica sobre a ritalina
Por: Drii Araújo • 6/11/2015 • Pesquisas Acadêmicas • 797 Palavras (4 Páginas) • 324 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS
COORDENAÇÃO DE PSICOLOGIA
CURSO DE PSICOLOGIA
PSICOFARMACOLOGIA
ANÁLISE CRÍTICA: O USO DA RITALINA
Adriele de Jesus Araújo Barros
Quando uma mesma droga ganha caráter ambíguo e gera polêmica entre a população como um todo, muitos literários partem para os escritos, aprofundados ou não, a respeito da opinião particular adquirida, desta forma, textos e mais textos “viralizam”, sejam internet ou bibliotecas afora, compartilhando, disseminando e digladiando opiniões. No contexto social contemporâneo, uma das drogas que assume essa personalidade é a Ritalina: para alguns, ela é uma droga nefária; para outros, um fármaco salvador.
Quimicamente é conhecida como metilfenidato, da genealogia das anfetaminas, via medicamentosa prescrita para todos os públicos, dos mais jovens aos adultos, portadores de transtorno dedeficit de atenção e hiperatividade (TDAH). Nesses casos, sua função seria aquilatar a concentração, suavizar o cansaço e adquirir mais conhecimento em menor período de tempo.
Entretanto, a Drug Enforcement Administration classifica a ritalina como um narcótico, indicando que uma forte dependência química pode ser desencadeada no usuário, pois seu mecanismo de ação é bem similar ao da cocaína e, ainda pior, sendo consumida por crianças, com um organismo frágil e ainda em fase de formação, a ritalina comumente é receitada de forma indiscriminada, através de um diagnóstico falho e mecanizado.
Wedge (2013) traz um admirável comparativo entre a administração da droga e o diagnóstico da doença feito na América (vide DSM) e na França (onde possuem uma espécie de DSM próprio e muito mais humanizado), apontando que, diferente da América como um todo - O Brasil ocupa atualmente o segundo lugar no ranking mundial de consumo das anfetaminas, perdendo apenas para os EUA -, a França faz diagnósticos psicossociais, buscando o contexto em que vive o paciente, a família, a escola e tentado modifica-lo a ponto de dissipar os indícios de TDAH, ao invés de apenas prescrever medicamentos e manter a criança dopada e sofrendo com os efeitos colaterais por toda a vida.
Até mesmo nos livros de farmacologia e nas bulas dos remédios pode-se averiguar que o organismo como um todo sente os efeitos adversos do uso da ritalina, principalmente o sistema nervoso central. Um dos mais perigosos é a crise de abstinência, nos casos de quem já desenvolveu dependência química, além disso, é comum perceber grande sonolência, alucinações, atenção e cognição gravemente distorcidas, insônia frequente, surtos psicóticos, levando o paciente até mesmo a cometer suicídio.
Outros efeitos colaterais que também podem ser suscitados pela administração medicamentosa da ritalina são: boca seca, ausência de apetite, dor no estômago, hipertensão, arritmia, taquicardia, além de intervenção hormonal, afetando no crescimento dos pacientes infantis.
A grande questão é o método utilizado para fazer o diagnostico do TDAH, e a real necessidade da existência dele. As crianças “portadoras do distúrbio” são aquelas crianças inquietas e que não se conformam facilmente com regras impostas, que tem personalidade forte e não agem como meros robôs a comandos adultos. Talvez, como na França, essas crianças só precisem de um acompanhamento especial, um pouco de atenção da família, ao invés de terem suas fantasias tolhidas por adultos insatisfeitos com a sua realidade. A contemporaneidade tem o costume de adotar modelos, padrões a serem seguidos, e tudo aquilo que foge às regras ganha a adjetivação de patológico, e o desenvolvimento da industria farmacêutica sempre se incube de medicamentá-la. Quando buscamos seguir padrões e impô-los culturamente às crianças, que felizmente nascem sem discerni-los, estamos inibindo, a construção de diferentes futuros e perspectivas acerca do mundo em que vivemos, constituindo a pior herança que poderíamos deixar.
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