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Análise do Filme "A classe operária vai ao paraíso"

Por:   •  1/5/2018  •  Trabalho acadêmico  •  1.013 Palavras (5 Páginas)  •  615 Visualizações

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Jannis 28/03/2018

Análise do filme “a classe operária vai ao paraíso” - Elio Petri

O protagonista do filme é Lulu Massa um operário de chão de fábrica que se apresenta, inicialmente, bastante dedicado a seu trabalho. Lulu é um profissional de alto desempenho e o seu ritmo acelerado de produção é usado como modelo para ditar os padrões de ritmo e de produção dos demais operários; por isso é odiado pelos colegas e considerado um instrumento de parâmetro por seus superiores.

A fábrica na qual trabalham, apesar de elevar constantemente as metas de produção, não recompensa salarialmente os funcionários. Em referência a isto, estudantes fazem piquetes matinais na entrada da fábrica e gritam por “mais salário, menos trabalho”. Os funcionários de modo geral também parecem insatisfeitos, mas Lulu se mostra conformado, aceitando passivamente este modo de organização do trabalho.

Em suas reivindicações os estudantes também exclamam: “trabalhadores, quando vocês entram na fábrica é noite e quando saem também é”. Eles tentam alertar os funcionários sobre a excessiva jornada de trabalho, que em muito os demanda, mas pouco os recompensa. Ainda assim, todos os funcionários entram na fábrica assim que seus portões abrem e vão imediatamente ao trabalho.

De modo geral, penso que nesse momento estava brecada a possibilidade de identificação e filiação aos estudantes e à causa, visto que estes não eram do mesmo estrato social que os trabalhadores e não tinham essa vivência visceral. Como exemplo, a cena em que um dos trabalhadores, cansado dos gritos dos estudantes, diz para eles voltarem para a universidade, como se esse fosse o seu legítimo lugar.

Isto me remete a nossa postura enquanto estudantes do Núcleo de Trabalho e psicólogos que atuam nas empresas, nas indústrias, nas cooperativas e nas demais organizações de trabalho, em uma posição de comprometimento com os trabalhadores e suas vivências e realidades sociais. Assim, não culpabilizá-los e repreendê-los de maneira vexatória (como faziam os estudantes do filme), mas sim, de modo contrário, promover reflexão conjunta e construir juntos possibilidades de ação e de vivência, a partir de dados teóricos que embasam a discussão, mas considerando prioritariamente um saber prático que só se encontra com os trabalhadores protagonistas nesta trama.

Assim, entendemos que por mais que os trabalhadores estivessem insatisfeitos, pareciam não ver alternativa possível de escape ou mudança, visto que, toda manifestação contrária à lógica da fábrica era punida com demissão, ou seja, apresentava risco para a subsistência. Assim, é com atenção que ouvimos as insatisfações de trabalhadores e é imersos em dados de realidade que pensaremos alternativas que não os comprometam, mas que suscitem efeitos positivos e benefícios.

Voltando ao filme, tem-se que Lulu só consegue avaliar e se desvencilhar da lógica de assujeitamento da organização da fábrica quando um trágico acidente acontece. Acelerado em ritmo e comprometido em produção com os engenheiros e os seus superiores, Lulu tem seu dedo decepado por uma máquina. Apesar do acontecimento, Lulu ainda é cobrado em produtividade, mas agora reflete sobre a compulsoriedade do trabalho e a dimensão abusiva das demandas físicas, emocionais e sociais.

Os trabalhadores também se unem cobrando um posicionamento dos superiores sobre o acidente, diminuição da jornada de trabalho e das metas de produção. Em assembleia, eles pedem a redução de duas horas diárias e Lulu surpreende falando sobre a exploração da mão de obra e a desvalorização do trabalhador colocando-se, assim, a favor de uma greve. Em retaliação, Lulu é demitido.

No âmbito familiar Lulu também é rechaçado por sua atitude e postura. Criticamente sua amante diz que ele não terá mais estabilidade financeira e que passará fome, deste modo, ela não vê vantagens em se opor aos donos do meio de produção e entende que Lulu fadou-se ao fracasso.

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