Analise Filme Precisamos Falar Sobre Kevin
Por: Rubervan Martins • 17/10/2022 • Resenha • 788 Palavras (4 Páginas) • 241 Visualizações
Análise do filme “Precisamos Falar Sobre o Kevin”
O presente estudo busca-se analisar o filme “Precisamos Falar Sobre o Kevin” com base nas contribuições teóricas de Winnicott (1896-1971), Psicanalista que desenvolveu ao longo de sua obra conceitos importantes sobre desenvolvimento psíquico do ser humano. A teoria de Winnicott enfatiza que todo ser humano tem em si uma capacidade de desenvolvimento inato, e para que esse desenvolvimento seja adequado é necessário que o ambiente em que a criança está inserida seja favorável, onde o ambiente se configura pela mãe biológica, ou por algum outro cuidador que esteja no papel de mãe.
O Filme retrata a história de Eva, uma mulher independente e que trabalhava como escritora. Ao conhecer o seu marido e pai de Kevin, os dois vivem um romance e ela engravida, o que não foi algo desejado por ela, pois teve que deixar o trabalho de lado e se dedicar exclusivamente aos cuidados com o filho.
Desde que era apenas um bebê, Kevin tinha um relacionamento bastante complicado para com sua mãe. Com o tempo a situação foi se agravando cada vez mais. Preocupada, Eva leva o filho ao médico e alega que acredita que ele seja autista, entretanto o diagnóstico é negativo e o médico afirma não ter nada de “errado” com a criança.
Eva continua tentando estimular o filho, que não responde positivamente a nada e demonstra uma relação de “raiva” para com a mãe, visto que com o pai sua relação era harmoniosa dentro do possível. Com o passar do tempo, Kevin ainda apresenta comportamentos diferentes do “normal” com atitudes maldosas e isso piora com o nascimento da irmã, o que dessa vez, foi uma gravidez desejada pela mãe. É possível fazer um paralelo com a relação de Eva e sua filha Celia, que configura um relacionamento saudável, o que propiciou para a filha um desenvolvimento adequado. Por ter uma boa relação com o meio, a garota estava caminhando para o desenvolvimento de um eu verdadeiro.
A relação entre os irmãos não era saudável e o filme retrata momentos em que isso é nítido, como por exemplo quando Kevin coloca o animal de estimação da irmã no ralo da cozinha e em outro momento deixa a menina cega de um olho. Tudo isso é feito de modo indireto, sem que todos saibam que foi ele, porém a mãe sempre sabe. O ápice do filme ocorre quando ele mata seus colegas de escola, os trancando no prédio e ainda, seu pai e sua irmã. A mãe passa a conviver com a culpa e julgamentos dos vizinhos.
De acordo com a teoria de Winnicott, em paralelo ao filme, a uma retratação clara sobre as falhas existentes quando o meio não favorece uma boa adaptação. Para Eva, mãe de Kevin, escritora e bem-sucedida ao descobrir sua gravidez, configurou a maternidade como um fardo muito difícil de ser carregado, criando um grave e sério embaraço na relação mãe/filho. Winnicott diz que, é na fase de dependência absoluta, que o bebê de 0 a 6 meses está completamente sob os cuidados da mãe e/ou cuidadores, fase em que não distingue meio e ele e que precisa da sua onipotência nutrida, dos seus desejos alcançados onde a mãe satisfaz suas necessidades.
Eva por muitas vezes se mostra apatica e agressiva com o filho, assim como na cena em que ela acaba por agir enfurecidamente jogando o filho com força à parede, o que faz com que ele quebre o braço.
Ao não suprir ou identificar as necessidades do filho (holding), provoca uma ameaça de aniquilação e se categoriza como a mãe insuficientemente boa, mostrando desde o início que os objetos não foram admitidos de maneira coerente a realidade de Kevin quando bebê, ou seja, não houve construção do mundo interno com externo. Kevin ao sentir as falhas da mãe, desenvolve uma carência de satisfação de necessidades, carência esta que cria obstáculos em seu desenvolvimento e maturação do eu.
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