Analise do Caso de Marta

Caso Marta

- Apresentação: Marta tem 30 anos, é casada e tem três filhas, de oito, seis e dois anos de idade e concluiu o ensino médio. Procurou ao CPCT em busca de uma saída para um ponto de angustia que a bloqueia. Aos 21 anos iniciou uma terapia na qual foi interrompida.

- Primeira Sessão: Marta a priori relata ao analista que se senti angustiada com a relação que está vivendo com o marido, pois o mesmo segundo ela é dominado pela mãe e não faz nada sem antes consulta-la.  Marta percebeu que se tornou inaceitável a coação constante da presença da sogra e a função que exerce em relação ao seu desejo, que é intolerável o papel que a sogra desempenha para o casal. A partir deste relato pode-se observar o sintoma de dependência, e que com o passar dos anos este foi se tornando uma angustia que acabou dificultando ela exercer o seu desejo.

Essa dependência de Marta em relação ao marido se mostra como uma repetição de um acontecimento de sua vida, quando houve a morte de sua avó materna que era o seu Pilar, da qual ela era dependente.

- Segunda Sessão: Durante seu discurso Marta relata uma segunda repetição com sua avó, em que aos trintas anos sua avó havia ficado viúva, com três filhos e se encontrava como imigrante assim como Marta. Essa repetição mostra-se como uma transferência que Marta fez com sua avó.

Marta também fala sobre o sentimento de culpa que sente em relação às filhas mais novas, Marta teve complicações na gravidez e segundo ela o marido encontrava-se distante e era infiel, e com isso precisou dos cuidados da sogra, ela se culpa pelo modo como as coisas aconteceram. Através do discurso de Marta, a dependência se manifesta novamente, porém essa dependência não é desejada por Marta, pois está dirigida a mãe do marido, a qual a mesma já demonstrou ter um papel intolerável na relação do casal, ela também se coloca como vitima, em vista de culpar o marido por tê-la deixado passar pela gravidez sozinha.

Marta em seu discurso afirma que deve tomar uma decisão em relação ao marido e buscar a independência financeira, mas teme marcar as filhas com a separação. Isso surge como uma barreira para Marta não sai da dependência, pois mesmo querendo ter independência ela procurar uma forma de barrar, para poder continua gozando.

- Terceira Sessão: Marta relata que quando a avó morreu, foi à única da família que cuidou do seu tumulo, e que durante uma conversa com uma amiga percebeu que não havia chorado desde a morte de sua avó, tendo assim um luto não vivido, ela recalcou esse luto e somente agora esta vivendo o luto, pois chorou e está tentando se libertar dessa dependência com relação ao marido. Outro ponto relatado foi uma viagem de família ao vilarejo em que o seu pai nasceu, porém não conseguiram chegar até ao vilarejo, pois o pai havia ficar enfurecido por conta disso a viagem foi cancelada. Marta relatou que é possível receber uma oferta de trabalho.

Antes da quarta sessão Marta informou ao centro que havia recebido e aceitado uma oferta de trabalho, então sua analise não foi completada, sendo considerada uma analise interrompida por não ter chegado ao fim.

- Prognóstico: Marta apresenta a estrutura neurótica histérica, sua posição em relação ao outro é de objeto de gozo desse outro, isso se apresentou durante as sessões através de seu discurso e de seu sintoma de dependência e se coloca na posição de vitima. O seu sintoma de dependência é fruto do trauma sofrido com a morte da sua avó, no qual ela deveria alcançar a maioridade, porém ela não soube lidar com a nova situação. A posição de passividade é insuportável, pois a mesma goza sendo objeto de satisfação do outro, Freud declara em seu rascunho que a experiência primazia de desprazer está relacionada com a natureza passiva, por isso o desejo se situa no campo do insatisfeito. Durante as três sessões observa-se que o analista faz pontuações para que Marta percebe-se o motivo de sua angustia.