Antropologia Médica: Elementos Conceituais E Metodológicos Para Uma Abordagem Da Saúde E Da Doença
Por: Diego Carneiro • 10/3/2023 • Pesquisas Acadêmicas • 737 Palavras (3 Páginas) • 71 Visualizações
O artigo inicia relatando a pertinência do discurso antropológico na abordagem da saúde e da doença, não destacando as contribuições específicas dos diferentes autores ou as várias abordagens que delimitam o campo da Antropologia Médica. As noções de saúde e doença, referem -se a fenômenos complexos que conjugam fatores biológicos, sociológicos, econômicos, ambientais e culturais. O discurso antropológico aponta os limites e a insuficiência da tecnologia biomédica quando se trata de mudar de forma permanente o estado de saúde de uma população, este associado ao seu modo de vida e ao seu universo social e cultural. A epidemiologia estuda a distribuição das doenças em populações e busca os determinantes dessa distribuição e nos seus estudos predominam as abordagens sobre os comportamentos dos indivíduos, e métodos quantitativos também são utilizados, já a abordagem sociológica, os problemas de saúde são apreendidos em sua dimensão social e não individual, porque ela investiga a determinação que exercem os contextos social e institucional sobre as enfermidades e os comportamentos delas decorrentes. A antropologia médica ao lado da sociologia da saúde e da epidemiologia, contribuem para ampliar o contexto que deve ser levado em consideração na leitura dos processos patológicos. No presente artigo, a antropologia médica é apresentada como uma perspectiva complementar e enriquecedora para a abordagem dos problemas de saúde pública. As informações culturais têm sido, na maioria das vezes, consideradas irrelevantes para as intervenções preventivas e terapêuticas na área da saúde. Entretanto, estudos recentes demonstram a grande influência que exercem sobre a adoção de comportamentos de prevenção ou utilização dos serviços de saúde. O texto cita o exemplo de uma pesquisa feita em uma comunidade de Gana sobre a malária, sendo constatado uma falta de informação cultural sobre essa doença. A população achava incurável pela medicina, pois, com o tratamento, a doença desaparecia e voltava algum tempo mais tarde, e isso fazia com que houvesse uma desvalorização a medicina. Os autores descrevem a identificação da causa cultural como etapa fundamental do processo terapêutico. Diversos estudos realizados, revelam que os comportamentos de uma população frente a seus problemas de saúde, incluindo a utilização dos serviços médicos disponíveis, são construídos a partir de universos socioculturais específicos. A doença ora é vista como um problema físico ou mental, ora como biológico ou psicossocial, mas raramente como fenômeno multidimensional. A fragmentação do objeto gera a fragmentação das abordagens. Com o desenvolvimento da corrente interpretativa em antropologia, surge uma nova concepção da relação entre indivíduo e cultura, torna-se possível uma verdadeira integração da dimensão contextual na abordagem dos problemas de saúde. Nessa perspectiva considera-se que as percepções, as interpretações e as ações, até mesmo no campo da saúde, são culturalmente construídas. O estudo de modelos explicativos empregados por diferentes categorias de pessoas (profissionais, doentes, famílias e outros) permite uma avaliação
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