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Análise Black Mirror

Por:   •  14/5/2018  •  Trabalho acadêmico  •  2.637 Palavras (11 Páginas)  •  590 Visualizações

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1. Apresentação do filme

A série britânica Black Mirror, criada em 2011 por Charlie Brooker,busca mostrar o lado ruim da tecnologia e suas consequências na vida das pessoas, através de críticas sociais que fazem o telespectador refletir sobre determinados assuntos. Para análise no presente trabalho, foi escolhido o segundo episódio da segunda temporada desta, cujo nome é White Bear (Urso Branco).

O episódio conta a história de Victoria, uma mulher que acorda desnorteada e sem se lembrar de nada, em um quarto, presa em uma cadeira em uma casa que ela não reconhece. Quando ela começa a andar pelos cômodos da residência, ela encontra a foto de uma criança, que por estar ao lado de um retrato dela com seu aparentemente namorado, ela julga ser sua filha.

Procurando respostas para o que estava acontecendo com ela, Victoria sai em busca de ajuda, mas se assusta quando se depara com todas as pessoas “hipnotizadas” com celulares e câmeras fotográficas nas mãos, filmando todas suas ações.Enquanto isso, algumas delas, mascaradas, tentam matá-la.

Quando ela encontra uma mulher que não está “hipnotizada”, tenta buscar respostas e a única coisa que descobre é que ondas de TV estavam comandando a mente humana, fazendo das pessoas, escravas da tecnologia, em que apenas algumas conseguiam escapar. Com isso, a missão das duas garotas é destruir a torre, que fica no parque White Bear, responsável por emitir o sinal que “hipnotiza” a população, fazendo assim, com que todos voltem ao seu estado “normal”.

Ao chegar lá, Victória é surpreendida e amarrada novamente em uma cadeira com a ajuda da mulher que aparentemente cooperou com ela o tempo todo. Exposta em um palco, ela se vê em um ambiente semelhante à um teatro, com várias pessoas filmando, tirando fotos, vaiando e aplaudindo. Neste lugar,todos os questionamentos de Victoria durante o episódio são solucionados: ela nada mais é do que uma prisioneira, e tudo o que aconteceu foi uma vingança encenada, uma punição na qual ela foi submetida - durante todos os dias, pelo resto de sua vida -, de forma que seu sofrimento fosse filmado, fotografado e compartilhado, já que ela participou do sequestro e assassinato da garotinha da foto encontrada no início, quem ela achava ser sua filha.

Em seguida, Victória é transferida novamente para a casa na qual o episódio teve início, amarrada novamente na cadeira, e os diretores do parque aplicam um aparelho neurotransmissor que apaga as lembranças da garota. Entretanto, ao longo do tempo, este foi perdendo sua eficácia, já que Victoria possuía alguns flashes de memória. Tudo o que acontecia com Victória ao longo do dia retratado no episódio, era uma forma de atração e diversão para a população que assistia ao seu sofrimento.

2. Referencial teórico

De acordo com a Teoria Psicanalítica de Sigmund Freud, a personalidade humana é composta por três elementos: id, ego e superego. A estrutura do id, a mais primitiva do organismo, é a única que está presente desde o nascimento, assegurando que as necessidades da criança no início da vida sejam satisfeitas.Constitui a fonte de toda energia psíquica, sendo o principal componente da personalidade. É regido pelos impulsos inconscientes e nele não existem inibições ou censuras, conceitos de certo e errado. É impulsionado pelo princípio do prazer.

O princípio do prazer é comandado pelo processo primário e tem como objetivo proporcionar o prazer através da satisfação da descarga pulsional. Segundo Zimerman (1999), este direciona toda a ação psíquica e orgânica, buscando atingir um prazer idealizado, que nunca será completamente satisfeito.O processo primário é o modo de funcionamento do inconsciente, caracterizado por um estado livre de energia, tendo como mecanismos básicos, o deslocamento e condensação.

O ego se desenvolve a partir do id e pode ser considerado uma estrutura intermediária,já queequilibra os impulsos do id e do superego, lidando com conflitos internos e externos e sendo responsável por lidar com a realidade. Suas funções agem tanto no consciente, quanto no inconsciente e pré-consciente, operando com base no princípio da realidade.

O princípio da realidade, regido pelo processo secundário, não exclui a intenção fundamental de obtenção do prazer, mas exige e efetua que a satisfação seja adiada, abandonando-se diversas possibilidades de obtenção desta e tolerando temporariamente o desprazer. Laplanche e Pontalis (1988) consideram-no como um princípio regulador, já que modifica o princípio do prazer no que diz respeito aos caminhos percorridos para se atingir a satisfação. O processo secundário é o modo de funcionamento do sistema consciente/pré-consciente, em que a energia é ligada, isto é, associada a uma memória, e não mais livre, tendendo a ter sua descarga retardada, possibilitando um escoamento controlado.

A resistência, um dos mecanismos de defesa inconscientes do ego, segundo Roudinesco e Plon (1998, apud Mattos, s.d.), é "o conjunto das reações de um analisando cujas manifestações, no contexto do tratamento, criam obstáculos ao desenrolar da análise”. Nela o paciente busca uma escapatória contra a tomada de elementos indesejáveis originários de conteúdos reprimidos e do inconsciente, de forma que quanto mais indesejado for o conteúdo, maior será a resistência. No contexto clínico, esse mecanismo atrapalha o trabalho do profissional, por conta das barreiras que são criadas do paciente em relação à terapia, impedindo a progressão terapêutica. Isso acontece porque a resistência simboliza um comportamento contrário do paciente com relação aos seus desejos inconscientes descobertos pelo analista.

Por último, o superego é a última estrutura a se desenvolver e, segundo Freud, surge por volta dos cinco anos de idade, sendo remanescente do Complexo de Édipo. Nele, as inibições e censuras atuam ativamentedevido aos padrões morais internalizados e os ideais adquiridos dos pais e da sociedade, em que o sujeito é ciente de suas obrigações sociais.

3. Discussão

No episódio nos é apresentado uma mulher que ao acordar não havia consciência da onde estava,que possui fortes dores de cabeça e os pulsosenfaixados. Ao seu redor havia vários itens, como remédios e frascos espalhados pelo quarto. Além disso, havia um símbolo que lhe era apresentado repetidamente no televisor e o retrato dela com uma criança. Ao tentar levantar-se, ela sente diversas dores e percebe que está sozinha, e ao andar pela casa, percebe outros sinais espalhados, como itens fora de lugar e um calendário com diversas datas. No momento em que percebe estar sozinha, a personagem sai da casa à procura de ajuda e se depara com diversas pessoas que não reconhecia ao seu redor, e ao pedir ajuda, não recebe uma resposta destes estranhos, que permanecem parados filmando-a com seus aparelhos celulares.

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