Análise Crítica do filme Para Sempre Alice

Análise Crítica do filme Para Sempre Alice

O filme retrata a história de Alice, 50 anos, professora de linguística que devido aos seus esquecimentos constantes a levam a procurar por um neurologista que diagnostica Alzheimer precoce. É uma doença que traz um desgaste emocional e psicológico muito forte para os familiares que estão ao redor, o filme traz uma reflexão sobre os relacionamentos familiares diante da Doença de Alzheimer, já que o casamento de Alice fica fragilizado, enquanto a relação com sua filha caçula acaba ficando mais próxima.

Os esquecimentos eventuais podem estar sinalizar os primeiros sintomas assim como acontece com Alice, pois a doença não transforma a pessoa de uma hora para a outra, mas desenvolve lentamente. A pessoa afetada pela doença geralmente não tem consciência de seus esquecimentos, mas no caso da personagem ela não só está ciente como sente-se humilhada por ter ciência dos seus erros e esquecimentos com isso sua identidade vai se perdendo e apesar de ser uma profissional culta e renomeada, sua fala vai ficando cada vez mais confusa, ela não consegue lembrar o caminho do banheiro e teme o dia em que esquecerá o nome da filha.

O filme traz questões importantes e serve como um gatilho para a discussão sobre a doença e como a noção de identidade, a percepção do outro, o apoio dos familiares, o valor da vida, a condição humana. Uma questão observada foi que o filme retrata os vários estágios da doença, a desorientação, as distorções visuais, a reação dos familiares. A própria família também tem dificuldades de aceitação pois as mudanças acompanham a evolução da doença e é importante que tanto o paciente quanto seus familiares estejam preparados para lidar com elas, nesse caso a intervenção terapêutica é importante não somente para o paciente com Alzheimer, bem como para seus cuidadores.

Um tratamento multidisciplinar para o paciente com alzheimer proporcionará melhor qualidade de vida pois devemos pensar que os tratamentos propostos não buscam a cura para a doença, mas sim o alívio dos sintomas, sendo estes cognitivos e alterações do comportamento, discriminação social, solidão do paciente ou de familiares próximos, desconforto emocional que pode levar a outras complicações.

O filme trouxe uma reflexão sobre a vida e a importância de valorizar quem somos hoje e que o enfrentamento da doença pode ajudar, mas ainda não consegue amenizar totalmente a angústia e o prejuízo que ela pode causar a todos os envolvidos. O apoio dos familiares para melhor compreensão e enfrentamento da doença faz toda a diferença. O filme acertou em muitos aspectos porém faltou uma intervenção psicológica para auxiliar no enfrentamento buscando uma melhora nas condições de vida diária da personagem.

O psicólogo seria benéfico para Alice durante o processo de amadurecimento da doença porque ao perceber os sintomas, esta passa a ficar angustiada, então o psicólogo seria de exímia importância nesse processo. E com a família, ele poderia diminuir a angústia frente a perda da pessoa que eles estavam acostumados e também nas orientações sobre a demência precoce, as possibilidades da doença.