Análise de Sessão de Terapia
Por: Jhenifer Helena • 10/7/2019 • Artigo • 1.382 Palavras (6 Páginas) • 286 Visualizações
CAPACITAR
JHENIFER HELENA ANDRADE
MARCIEL RIBEIRO DOS SANTOS
SESSÃO DE TERAPIA
Trabalho entregue como requisito para obtenção de nota do módulo de Construção, Desconstrução e Reconstrução em Análise, orientado pela Professora Mestre Karina Cervi Santos Mestres
CURITIBA - PARANÁ
2016
SERIADO – SESSÃO DE TERAPIA – EPISÓDIOS 05 E 10.
O seriado “Terapia” apresenta em sala, traz o caso do terapeuta Théo que procura fazer supervisão com outra terapeuta – Dora, com a qual já teve este tipo de atendimento há alguns anos atrás. Ao procurá-la, Théo traz alguns casos de seus pacientes com os quais vem sentindo algumas dificuldades. Queixa-se de estar se portando de uma forma intolerante e impaciente com seus clientes, chegando a cometer alguns exageros.
Théo comenta o caso de um paciente que é policial e se comporta de uma maneira agressiva com a sua família, comparando e tratando seus familiares com os marginais que lida em seu trabalho, fazendo duras críticas a este paciente.
Trás o caso de um casal que durante algum tempo desejou ter filhos e não tinha conseguido. Quando a mulher engravida, ela demonstra não ser uma situação desejada por ela e seu marido pressiona Théo para que ele dê uma opinião a respeito e durante uma das sessões, Théo acaba falando que ela deve abortar, provocando discussão entre terapeuta e pacientes, chegando ao ponto do marido chamá-lo de assassino.
Outro caso que ele comenta trata-se da paciente chamada Julia, que, segundo Théo, vem apresentando uma situação de transferência erótica, querendo ter relações com ele. Ele tem se mantido firme não correspondendo nas investidas da paciente, e, em função disto, ela teria comentado em uma sessão que irá se casar. Ao relatar isto, Théo demonstra contrariedade.
Comenta estar com dificuldades de relacionamento em sua casa com a esposa e seu filho, inclusive com queixas de sua esposa, de que tem dado mais atenção aos seus pacientes do que à família. Théo não admite esta situação em sua casa, e diz que consegue perfeitamente dar conta de seus pacientes paralelamente aos problemas familiares.
A princípio ele reluta em aceitar, mas por fim trás para a supervisão a situação de seu casamento que está se deteriorando. Comenta que sua mulher admitiu já ter outro relacionamento, inclusive dando detalhes de sua relação com outro homem. Durante o período de supervisão, Théo tem adotado uma postura agressiva e defensiva, em muitos momentos percebe-se que ele reluta em aceitar a condição de paciente, querendo sempre tomar as rédeas da supervisão, colocando-se na posição de terapeuta.
Dora assertivamente aponta que Théo está sofrendo efeitos de contratransferências de seus pacientes. Em alguns momentos Théo devolve as colocações de Dora buscando comparar seu comportamento com o dela, visto já serem conhecidos de longa data. Quando Théo demonstra comportamento agressivo, Dora adota uma postura de escuta e devolve dizendo que foi ele que a procurou com o intuito de fazer supervisão.
Transferência e Contratransferência
Seria possível talvez estabelecer uma relação de contratransferência que Théo vem apresentando, embasado nos três casos que ele trás para a supervisão com Dora. A relação conturbada de Théo com sua família poderia espelhar a relação agressiva que o seu paciente policial mantém com seus familiares. A discussão com o casal também teria trazido efeitos nocivos no relacionamento familiar de Théo.
A situação mais grave seria no caso de sua paciente chamada Júlia, pois o fato de Théo não estar dando a devida atenção para sua própria esposa em suas necessidades conjugais poderia ter propiciado com que ela procurasse relacionamento extraconjugal. O que estaria ocorrendo no casamento de Théo poderia ser um retrato do efeito da contratransferência de sua paciente Júlia. Dora inclusive alertou que Théo deveria encaminhar esta paciente para outro terapeuta, mas ele preferiu manter a paciente e, de certa forma, alimentar a relação transferencial entre os dois, incentivando-a a nutrir sentimentos para com ele.
O fato de esta paciente ter relatado para Théo que aceitou se casar com seu namorado diante da sua recusa de ter um relacionamento com ela teria alguma semelhança com o relato da esposa de Théo dizendo que teria outro parceiro, inclusive detalhando suas relações sexuais.
Diante do exposto, reflete-se que Théo poderia ter suspenso seus atendimentos nos primeiros sinais da contratransferência e encaminhado estes pacientes para outras terapias.
Em uma análise mais aprofundada de Théo, poder-se-ia levantar a hipótese de o mesmo estar sofrendo de um narcisismo existencial, julgando ter todas as habilidades para superar os efeitos nocivos da contratransferência. Isto poderia ser devido à transferência especular que Théo exerce em seus pacientes como forma de alimentar seu ego. Segundo Jacoby (1984), é necessário que todos possam “refletir para podermos nos reconhecer, e necessitamos de ressonância empática para nos sentirmos reais, aceitos e, consequentemente, importantes para outras pessoas e, por sua vez, para nós mesmos” (P. 48).
Independente de suas habilidades terapêuticas, se logo nos primeiros sinais da contratransferência Théo tivesse procurado uma supervisão, talvez ele tivesse se atentado às situações pessoais e os resultados poderiam ser diferentes.
Já com relação aos seus pacientes, infere-se a possibilidade desta contratransferência ter um objetivo. Nos três casos que Téo trouxe para a supervisão, apenas dois tiveram uma inserção mais longa no seriado, assim passíveis de algumas hipóteses.
Segundo Jung (2011[1946]),
...