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Análise do Filme Criança, a Alma do Negócio

Por:   •  14/9/2018  •  Resenha  •  1.007 Palavras (5 Páginas)  •  390 Visualizações

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Psicologia Social II[pic 1]

Profª: Eloisa Borges

Aluna: Nádia da Silveira Vaz Orfus

Análise do filme “Criança, a alma do negócio”

        

“O mundo infantil tornou-se um grande mercado”, com essa frase Inês Lemos em seu texto “A Pedagogia do Gozo”, resume no que se tornou a infância nos dias de hoje. Ao longo dos anos, podemos notar a diferença do papel da criança na sociedade. Na Idade Média, inicialmente sem importância alguma, apenas considerada um adulto em miniatura, as crianças eram relegadas a um segundo plano, onde seu valor bastava para os afazeres domésticos. O vínculo afetivo com a família era quase nulo e sua importância maior era valorizada se sobrevivesse aos primeiros anos, aprendesse um ofício (no caso das famílias mais pobres) e pudessem contribuir de alguma forma. Nas famílias abastadas, esse vinculo afetivo era ainda mais distante, uma vez que o convívio com a família era ainda menor.

Se antes a criança não tinha valor, foi no decorrer do século XVII que o respeito pela criança e sua infância começa a ser construído e também a consciência do sentimento de família. A criança deixa de ser um adulto em miniatura e passa a ser vista como um ser que precisa de proteção e diferenciação de tratamento.

Com o passar dos anos e a mudança da sociedade, onde atualmente os pais trabalham fora e passam cada vez menos tempo com seus filhos, a criança foi alçada a um lugar de destaque na família, seja por conta da mudança de pensamentos da atualidade, seja pela culpa dos pais ausentes que precisam compensar essa falta.

Uma vez que a criança passa a ser o centro da atenção, é normal que em um mundo que valoriza cada vez mais o consumo, ela seja também alvo da mídia. O documentário “Criança, a alma do negócio”, apresenta através de depoimentos essa realidade. Os alvos da propaganda não são mais os pais que possuem o dinheiro que finaliza a compra, mas as crianças que direcionam como esse dinheiro vai ser gasto. E isso não é algo exclusivo de uma classe A,B ou C, faz parte da realidade de crianças de todas as idades e classes sociais.

Conrado Ramos afirma em seu texto “Converte-te naquilo que és: subjetividade, propaganda e ideologia na sociedade de consumo” que “compreendemos a sociedade de consumo como aquela caracterizada pelo alto volume de produção e aquisição de bens que não atendem às necessidades básicas – mas a necessidades efêmeras que são socialmente produzidas pela propaganda” e esse ponto é fortalecido no documentário quando mostra uma criança aparentando ter uns 11 anos, falando sobre os celulares que ela possuiu e foi trocando ao longo de sua “extensa” vida. E surgem perguntas como: qual a necessidade de uma criança de 11 anos ter um celular, se nessa idade ela deve estar sempre acompanhada de um adulto? Seria essa uma necessidade básica?

Crianças que afirmam gostar mais de comprar e consumir do que brincar, trocam a infância do faz de conta pela realidade das maquiagens de adultos, modas e saltos. De certa forma, uma realidade que volta, descontadas as proporções, àquela da Idade Média, onde crianças eram vestidas como adultos. A diferença é que antigamente elas estavam em um papel de invisibilidade, não eram notadas, apenas existiam e hoje estão em um lugar de destaque, repetindo comportamentos dos adultos e um desses comportamentos é o consumismo.

Inez Lemos ainda afirma que “o foco atual é uma sociedade narcisista, cujo ideal de vida está marcado pela exterioridade, pela disputa em quem consegue vencer o anonimato e angariar alguns minutos de fama”. Sociedade de consumo e de aparência. Não basta ter um tênis, é preciso ter o melhor tênis, aquele que fará com que a criança se destaque. O significado dos produtos mudou. O que antes era uma utilidade ou necessidade, hoje representa status. E esse significado é apresentado, ou podemos dizer, bombardeado, todos os dias para esses pequenos consumidores através das propagandas e muitas vezes fortalecido pelos pais ou pelos próprios colegas de escola.

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