Análise do Filme o Professor Substituto
Por: Débora Alves • 15/4/2022 • Trabalho acadêmico • 925 Palavras (4 Páginas) • 552 Visualizações
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO
CURSO DE PSICOLOGIA
PROF. CARLOS BRITO
ALUNAS: DÉBORA B. ALVES
JÚLIA FREIRE BERNHOEFT
O PROFESSOR SUBSTITUTO
O filme “O Professor Substituto” retrata o dia a dia de uma escola francesa após um de seus professores de respeito cometer suicido pulando da janela da sala de aula. A partir disso, temos a entrada do professor substituto, Pierre, que desde o início é tratado pelos alunos com apatia e muitas vezes tem desrespeitada a sua autoridade. Além disso, por serem alunos de classe avançada, comportam-se com um ar de superioridade e desprezo, invalidando sua capacidade e conhecimento.
O que torna esse filme tão único não é, somente, por parte do educador, mas também de seus alunos, que têm a particularidade de pertencer a uma classe de pessoas inteligentes acima da média. Tal peculiaridade, que é explorada como agravante dos habituais atritos intergeracionais, é claramente perceptível quando o novo professor apresenta uma imensa dificuldade com essa relação inicial de aluno/professor. Pode-se dizer, que sob a perspectiva psicanalítica, a autoridade de Pierre não é imposta aos alunos, mas concedida a ele pelos próprios alunos. Podemos observar, então, que o conceito de transferência traz junto a questão do poder e autoridade. Somente quando o professor ocupar esse lugar de saber que sua palavra terá poder suficiente para ser ouvida pelo aluno como algo que encoraje seu interesse, a transferência, torna-se a mola propulsora do processo ensino-aprendizagem.
Mantendo a tensão e o nervosismo desde a primeira cena em que aparecem, os adolescentes vão manipulando, chantageando, ameaçando e confrontando todo mundo. Segundo a Teoria Cognitivo-Comportamental, a modelagem criada por Apolline a, a líder do grupo, uma garota fria e calculista, que assedia os amigos, o diretor e os professores para que sigam suas ordens e sua forma de pensar é um procedimento de reforçamento diferencial de aproximações sucessivas de um comportamento alvo, ou seja, é um dos modos pelos quais novos comportamentos do grupo (necessidade de mutilação, sensações de quase morte e treinamentos para a “dor”, por exemplo) passam a fazer parte do repertório comportamental dos indivíduos.
Essa história não convencional, tem o intuito de incomodar o telespectador ao priorizar por estas narrativas mais gráficas e literais para representar a visão do professor no meio caótico que está vivenciando com seus novos alunos. Ao dar um tapa em Apolline, Pierre espera dela como se fosse um reflexo condicionado, uma reação a um estímulo casual. Ao contrário da expectativa criada por ele, como resposta, ela aponta um pouco depois que isso pertence ao passado, dizendo-lhe que seus DVDs deveriam agradá-lo porque são vintage. É o choque das gerações. A nova geração se ressente da anterior, que a deixou com um ambiente poluído. Entretanto, Pierre não é apenas um velho golpista de esquerda com ideias fixas, como Apolline parece acreditar.
É possível observar, que todos os eventos estranhos os quais ocorrem em seu apartamento, tem como a representação gráfica de uma consciência progressiva: não são os adolescentes que o assediam, mas seu subconsciente que atua sobre ele. Quedas de energia (crise de energia), baratas (entre os únicos animais que sobreviverão a um desastre nuclear), água laranja (poluição dos recursos), a que poderíamos acrescentar granizo (mudanças climáticas), são apenas as manifestações mentais de Pierre que, em contato com os adolescentes, gradualmente entende que algo está errado sem realmente entender o que é.
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