As Crianças Pequenas Têm Teorias da Mente?
Por: tuanyestevam • 28/9/2015 • Trabalho acadêmico • 1.482 Palavras (6 Páginas) • 241 Visualizações
As Crianças Pequenas Têm Teorias da Mente?
Segundo Papalia,Olds e Feldman (2006 p. 290) a primeira teoria da mente das crianças foi feita por Piaget (1929), em que através de esquemas de perguntas como: "De onde vêm os sonhos?" e "Com o que você pensa?" concluiu que crianças com idade inferior a 6 anos não conseguem diferenciar pensamentos ou sonhos do real e que não tem nenhuma teoria da mente.Porém existem pesquisas recentes que indicam que crianças com idade entre 2 e 5 anos desenvolvem amplamente seus processos mentais de conhecimento - tanto os seus como de outros- (ASTINGTON, 1933; BOWER, 1993; FLAVELL, GREEN e FLAVELL, 1995 apud PAPALIA,OLDS e FELDMAN,2006 p.280 ).
Diferente de Piaget os pesquisadores usaram um vocabulário e objeto com os quais as crianças estão familiarizadas, segundo as outoras ao invés de sobre generalidades, as crianças eram observadas em atividades cotidianas ou são dados exemplos concretos. As autoras dão como exemplo que:
[...] que crianças de 3 anos sabem a diferença entre um menino que tem uma bolacha e um menino que está pensando em uma bolacha; sabem qual menino é capaz de tocar, dividir e comer a bolacha Astington (1993 apud PAPALIA,OLDS e FELDMAN,2006 p.290 ).
Sabem que as pessoas que recebem o que desejam tendem a se sentir felizes, e as pessoas que não recebem o que querem tendem a se sentir tristes Flavell (1995 apudPAPALIA,OLDS e FELDMAN,2006 p.290 ).
Assim entendemos que a teoria de mente continua a se desenvolver por toda a segunda infância.
Conhecimento sobre o pensamento.
Vale ressaltar que apesar dessas crianças terem o conhecimento sobre o pensamento, estas tem menos entendimento de quando ocorrem e sobre o que as pessoas estão pensando. Flavell (1995 apud Papalia, Olds e Feldmann, 2006 p.291) cita que crianças entre 3 e 5 anos começam a compreender que o pensamento ocorre dentro da mente e que ele pode tratar de coisas imaginárias ou reais;que alguém pode estar pensando em uma coisa enquanto faz ou olha para outra; que uma pessoa cujos olhos e ouvidos estão cobertos pode pensar sobre objetos; que alguém que parece pensativo provavelmente está pensando; e que pensar é diferente de ver, falar, tocar e saber. Mas ainda assim pode haver confusão entre fantasia e realidade.
Contudo ressalta Flavell (1993,1995 apud PAPALIA,OLDS e FELDMAN,2006 p.291) que em idade pré-escolar costuma-se acreditar que a atividade mental começa e pára; e que a partir apenas da terceira infância descobrem que a mente está sempre em funcionamento.
De acordo com Flavell, Green, Flavell e Grossman (1997 apud PAPALIA, OLDS e FELDMAN 2006 p.201)
"Os pré-escolares têm pouca ou nenhuma consciência de que eles ou as outras pessoas pensam com palavras, ou 'falam consigo mesmos em suas cabeças', ou que eles pensam enquanto estão olhando, ouvindo, lendo ou falando."
Distinção entre Fantasia e Realidade
Segundo Flavell (1995 apud PAPALIA, OLDS e FELDMAN 2006 p.291), crianças entre 18 meses e 3 anos passam a diferenciar fatos reais de imaginários. Aos 3 anos sabem a diferença entre um cão de verdade e um cão de um sonho e entre algo invisível (como o ar) de algo imáginário. Sabem quando alguém está fingindo assim como também sabe fingir.
Em uma análise feita pelas autoras é sugerido que o pensamento mágico em crianças de 3 anos ou mais não provém de uma confusão entre fantasia e realidade, afirma-se que o pensamento mágico é muitíssimo diferente de muitos adultos que acreditam em superstição por exemplo. Porém a diferenciação entre realidade e fantasia pode estar menos clara para crianças do que para adultos. Apesar da criança ter a consciência da natureza mágica de algumas figuras como o Papai Noel, diferente dos adultos, estão mais dispostas a alimentar a possibilidade de que aquele personagem possa ser real; tendo o encorajamento de adultos pela admiração ao imaginário Woolley (1997 apud PAPALIA, OLDS e FELDMAN 2006 p.291).
Através da pesquisa de Flaveel (1993, 1995) as autoras concluem que somente depois dos 4 ou 5 anos as crianças passam a compreender que elas e outras pessoas podem ter crenças falsas. Onde através do entendimento de que as pessoas podem ter representações mentais da realidade, que, as vezes podem estar equivocadas. Porém outras pesquisas são citadas pelas autoras como a de Hala e Chandler (1996), onde se afirma que crianças de 3 anos possuem uma leve compreensão sobre falsas crenças, mas podem não demonstrá-las em situações complicadas.
Vale ressaltar que, talvez crianças nessa faixa etária não reconheçam falsas crenças mais pelo seu egocêntrismo do que pela falta de consciência de representações mentais. Sendo assim a compreensão melhor desenvolvida está relacionada a diminuição do egocentrismo desta. Crianças de 4 anos entendem que pessoas que ouvem ou vêem versões diferentes sobre um mesmo fato, podem ficar crenças diferentes. Mas apenas aos 6 anos passam a perceber que duas pessoas que ouvem ou vêem a mesma coisa podem entende-las de formas diferentes Pillow e Henrichon (1996 apud PAPALIA, OLDS e FELDMAN 2006 p.293).
Watson, Nixon, Wilson e Capage (1999 apud PAPALIA, OLDS e FELDMAN 2006 p.293) acreditam que
"[...]crianças classificadas por professores como socialmente desenvolvidas são mais capazes de reconhecer crenças falsas. Essa relação pode ser bidirecional. Interações sociais freqüentes e bem-sucedidas podem ajudar as crianças a aprender sobre as conexões entre pensamentos e comportamento. Inversamente, as crianças que compreendem essas conexões podem estar em vantagem em situações sociais."
Distinção entre aparência e realidade
Segundo Piaget (apud PAPALIA, OLDS E FELDMAN 2006 p. 293) somente entre os 5 ou 6 anos as crianças compreendem a diferença entre o que parece ser e o que é. Embora existam pesquisas que constatam a capacidade de distinção comece a surgir a partir dos 3 ou 4 anos.
Outros aspectos do desenvolvimento cognitivo.
Vale ressaltar que para as autoras, a medida que as crianças aplicam sua inteligência a resolução de problemas intrigantes, as diferenças individuais tornam-se mais evidentes e mensuráveis.
Linguagem
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