As Representações Sociais na Surdez
Por: Framribas • 30/6/2019 • Trabalho acadêmico • 552 Palavras (3 Páginas) • 168 Visualizações
A temática das representações sociais tem constituído um campo fértil de pesquisas na área da saúde. Estudos sobre as percepções, conhecimentos e representações sociais têm trazido importantes contribuições de diversos autores à compreensão do processo saúde-doença, visto que têm como base a experiência vivida das pessoas, e são produzidas pelas interações de grupos sociais, refletindo assuntos que são objeto de seu cotidiano10.
As representações sociais acontecem em todas as ocasiões e lugares onde pessoas se encontram e se comunicam, onde se desenvolve a vida cotidiana e nos universos de opiniões característicos de diferentes segmentos e grupos populacionais11. Tais discursos não são neutros e geram conseqüências na vida das pessoas. Representações sociais são, portanto, modalidades de conhecimento prático, orientadas para a comunicação e para a compreensão do contexto social em que vivemos12 e se manifestam através de imagens, conceitos, categorias, teorias, mas não se reduzem somente aos componentes cognitivos. Desta forma, são fenômenos sociais gerados a partir de funções simbólicas e ideológicas e das formas de comunicação onde circulam 13.
A Legislação Brasileira determina a inclusão de pessoas com necessidades educacionais especiais na rede regular de ensino, todavia ainda há muitos problemas e dificuldades para a realização de sua efetiva implantação. Fica evidente que apesar dos avanços nesta área, a surdez não pode ser reduzida a aspectos racionais, devendo ser entendidas e consideradas as influências socioculturais e os valores de determinada sociedade, traduzidos na legislação que reconhece a LIBRAS, como forma de comunicação das comunidades surdas.
Conforme o Censo Demográfico de 20005 , no Brasil existem mais de 5.700.000 surdos, que na maior parte só são diagnosticados em torno dos dois anos de idade, o que de acordo com o Joint Committee on Infant Hearing6, é considerado tardio, uma vez que se preconiza que o diagnóstico da perda auditiva deve ser realizado até os 3 meses de idade e a intervenção até os 6 meses. Quanto mais cedo for detectado qualquer problema auditivo, mais eficientes serão as condutas a serem adotadas
Considerando-se a categoria O impacto do diagnóstico da surdez foi possível depreender que o desconhecimento dos pais sobre a surdez contribuiu consideravelmente para a dificuldade de aceitação do diagnóstico, que após o início da participação em serviços de reabilitação e o contato com o grupo de iguais, foi pouco a pouco sendo superado. Conforme os relatos, o impacto do diagnóstico da surdez na vida cotidiana dos familiares se revelou muitas vezes como “o fim do mundo”, gerando dificuldade de aceitação por parte da família, que desconhece outra forma de comunicação que não seja a fala. A fase inicial do conhecimento do diagnóstico foi para muitos entrevistados, cercada por sentimentos de tristeza e depressão
Os dados produzidos neste estudo revelaram que o impacto causado pelo diagnóstico de surdez na família da pessoa surda foi representado como um acontecimento “negativo”, marcado pela “tristeza e sofrimento”.
Neste sentido, o conhecimento das representações e das expectativas dos pais quanto ao desenvolvimento de seus filhos e suas reais possibilidades foi fundamental para subsidiar o planejamento de políticas institucionais, ações e estratégias inovadoras que incluam maior atenção e orientação às famílias e à rede de relações da pessoa surda, além de outras iniciativas como a formação de grupos de pais com vistas ao apoio e a troca de experiências.
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