As principais Contribuições de Sartre Para a Psicologia
Por: vaguiner • 18/6/2015 • Trabalho acadêmico • 2.526 Palavras (11 Páginas) • 860 Visualizações
As principais Contribuições de Sartre Para a Psicologia
Jean Paul Sartre foi filosofo escritor e crítico francês, ficou conhecido como representante do existencialismo, sua filosofia era que a existência precede da essência, pois o homem primeiro existe e depois se define, enquanto todas as outras coisas são o que são. Sartre foi o filosofo existencialista que mais se destacou na contribuição para a psicoterapia existencial, nas suas abordagens não se apresenta um método fechado e conclusivo, ele procura abordar todos os recursos que seu conhecimento permite para compreender o indivíduo como pessoa e ser único.
Sartre ao buscar embasamento na fenomenologia de Jaspers, Husserl, Heidegger e com Politzer, entre outros intelectuais do seu tempo acaba aderindo ao movimento critico, assim o filosofo fara dessas críticas e da elaboração de alguns novos fundamentos da psicologia um dos elementos constantes da sua obra, criando assim um novo método e corpo teórico para a psicologia.
Sua proposta central é que a nossa própria escolha e a liberdade são a possibilidade central e única para a construção do indivíduo como ser humano, o pensamento sartreano deve ser entendido em duas fases.
A primeira é o estudo do ser, o ponto de partida para o pensamento filosófico deveria ser a intencionalidade e a não realidade humana, já a consciência é definida como um vazio que se desliza para o objetivo a que intencionalmente se dirige na tentativa de se preencher. Essa consciência apresenta – se em dois níveis, no primeiro a consciência de primeiro grau, ou cogitopré-reflexivo, é uma consciência que ultrapassa a si mesma para atingir o objeto e se esgota nessa mesma posição. A segunda é a consciência reflexiva, que é o conhecimento da consciência de algo, há a negação do inconsciente que é substituído pelo conceito Má-Fé, que seria a atitude daqueles que renunciam a própria liberdade.
Na segunda fase, pode-se perceber a importância da história e como fazendo parte da formação do indivíduo, Sartre usa a dialética para alcançar a experiência do concreto e desenvolver um esquema conceitual mais adequado a essa experiência, a categoria da consciência é substituída pelo que Sartre chama de vivência, o indivíduo se faz na medida em que ele é feito pela situação e pelos acontecimentos. A análise sartreana é o esclarecimento do projeto de vida de uma pessoa e de como ela o vivencia, só se consegue compreender o outro através de uma percepção seus fins e seus projetos, a psicoterapia baseada em Sartre se dá pela compreensão do cliente como uma totalidade, os fatos particulares nada significam, não são nem falsos nem verdadeiros.
O grande objetivo é detectar os padrões comportamentais para chegar ao projeto original pelo qual o indivíduo se faz uma pessoa, o método fenomenológico, longe de ser um método terapêutico, é um meio de compreender a realidade transformada em uma atitude terapêutica fundamental.
Homem/História – Relação Indissolúvel
Para Bloch a história não é uma “ciência do Passado”, mas uma “ciência do homem no tempo”, Sartre foi certamente influenciado pela história contemporânea francesa e também pelo historicismo marxista, a concepção de homem à teoria sartriana se faz em história e dialética, onde o sujeito só pode ser compreendido levando em conta sua história individual, conjuntiva familiar, contexto social e sua época cultura, tendo como fundo de sustentação a noção que ele se faz e é feito por esse conjunto de fatores, assim a psicologia existencialista pauta-se nessa antropologia.
Sartre buscou fundar uma antropologia estrutural e histórica estabelecida na filosofia marxista, já que o marxismo é a filosofia insuperável do nosso tempo, bem como o existencialismo. Os fenômenos humanos são irredutíveis ao conhecimento, os mesmos devem ser experimentados e vividos, ou seja, não basta apenas conhecer a realidade humana, é preciso produzir, viver e modificar, isso será explicado por Sartre ao estabelecer sua antropologia, não podendo se limitar ao discurso ou a linguagem precisa destacar a especificidade da existência humana ao tornar o homem conceito na sua realidade objetiva, material e sociológica.
Mas, de que forma estabelecer essa compreensão? O marxismo e o existencialismo consideram que os fatos nunca são fenômenos isolados, se dão em conjuntos, são tecidos uns nos outros, modifica-se o outro e vice-versa, é essa relação de função que deve ser perseguido, a fim de elucidar a realidade humana. Segundo Legrand (1993), para explicar como os homens concretos se constituem a partir das determinações sócias históricas, o existencialismo utiliza o conceito de mediação, ou seja, o processo do qual a família, os grupos sociais estabelecem-se como meios de constituição da realidade especifica do indivíduo, sendo que as disciplinas auxiliares, como a psicanalise e a sociologia, são chamadas a explicar tal processo.
Sartre defende a psicanalise como um método que permite estudar o processo no qual uma criança chega a desempenhar um papel social que lhe foi posto, assimilando-o, sufocando-se nele, ou rejeitando-o na medida em que a história de uma pessoa, desde a infância, é fundamento para se entender o sistema social, sendo assim a relação indivíduo/grupo ou singular/universal é aspecto essencial para o entendimento da realidade humana. O homem faz a história ao mesmo tempo em que é feito por ela, a ação humana, sustentada nas condições dadas, por mais alienadas que seja sempre transforma o mundo, porque o que caracteriza o homem é a sua transcendência, mesmo que não reconheça na sua ação.
Esse processo de transcender o que está dado, indo em direção ao futuro, é o que Sartre denomina de projeto de ser, este é circunscrito pelo campo dos possíveis, ou seja, pelas condições materiais, sociais ou históricas que definem a existência de um homem, perfazendo as possibilidades de dever do sujeito, essas perspectivas levam o existencialismo a conceber que a vida se desenvolve em espirais, essa concepção de espiral deve estar presente na tentativa de inteligibilidade da vida de um homem, é por isso que ela estará presente nas biografias elaboradas por Sartre.
O Caminho Cientifico para a Realização de Biografias: A Psicanálise Existencial e o Método Progressivo-Regressivo.
O método biográfico de Sartre foi sendo construído pouco a pouco, tendo dois momentos cruciais de fundamentação teórico-metodológico, sendo textos que se somam e que se completam: a) a proposição de um método para a psicologia, intitulado “psicanalise existencial”, elaborada no final dos anos 30 e início dos anos 40 e publicado como capitulo de “O ser e o Nada” (1943); b) os aportes técnicos de sua “Questão de Método”, publicado com introdução a “Crítica da Razão Dialética” (1960).
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