Aspectos da Psico-higiene nos Centros Espíritas
Por: hknmmr • 23/5/2016 • Artigo • 2.094 Palavras (9 Páginas) • 450 Visualizações
[pic 1]
Aspectos da Psico-higiene nos Centros Espíritas
Jéssica Caroline Monteiro
Jeniffer Divina Batista Silva
Larissa Maria Silva Carvalho
Mariana Dantas Lira
Ricardo Alexandre de Oliveira da Silva Júnior
Tayane Mamare de Morais Moura [1]
Orientador (a): Gláucia Yoshida[2]
_____________________________________________________________________________
Resumo – Este artigo irá tratar como a psico-higiene ocorre nos centros espíritas e quais seus efeitos positivos nos doentes mentais. O seguinte tema foi orientado pela professora orientadora, visando contextualizar com a disciplina de Psicologia Social onde, fornece uma base necessária para a relação entre a religião, transtorno mental e a Psicologia. A metodologia utilizada neste artigo é a revisão bibliográfica de autores renomados no campo da Psiquiatria aliada à religião. A intenção do artigo é de contribuir para a desmistificação da religião no contexto acadêmico, elucidando os benefícios da prática da psicologia e psiquiatria nos indivíduos, dentro do campo da psico-higiene. Com este trabalho, foi possível compreender melhor sobre como a psico-higiene da religião espírita beneficia o indivíduo por avaliar a complexidade do seu sintoma, de forma a não ignorar qualquer faceta que o compõe, e principalmente, qual a postura do psicólogo mediante a relação do sujeito com a religião.
Palavras chaves: Espiritismo; Psicopatologia; Religião; Psicohigiene.
_____________________________________________________________________________
1. Introdução
Este artigo irá tratar como a psico-higiene ocorre nos centros espíritas e quais seus efeitos positivos nos doentes mentais. O seguinte tema foi orientado pela professora orientadora, visando contextualizar com a disciplina de Psicologia Social onde, fornece uma base necessária para a relação entre a religião, transtorno mental e a Psicologia. A metodologia utilizada neste artigo é a revisão bibliográfica de autores renomados no campo da Psiquiatria aliada à religião. A intenção do artigo é de contribuir para a desmistificação da religião no contexto acadêmico, elucidando os benefícios da prática da psicologia e psiquiatria nos indivíduos, dentro do campo da psico-higiene. Além da desmistificação e a desmitificação, ou seja, o ato de retirar a imagem preconcebida de uma filosofia alegórica, misteriosa e inventada, utilizando-se deste conhecimento adquirido na averiguação, visa clarear a relação harmoniosa e complementar desta doutrina com a psico-higiene.
Foram trabalhados autores renomados no campo da psiquiatria, e pioneiros na investigação da relação desta com a doutrina espírita, como Dalgalarrondo que se destaca no meio da psicopatologia e psiquiatria. Moreira-Almeida também se destaca nesta categoria, juntamente com Koenig, pioneiro da discussão sobre o efeito da espiritualidade no quesito saúde mental. Destes três autores se retirou teorias quanto a elementos teológicos e sua influência positiva no comportamento do indivíduo, e principalmente, qual a postura do psicólogo mediante a relação do sujeito com a religião.
2. Discussão
Para iniciar a discussão proposta é necessário conceituar os três principais pilares que este trabalho apresenta; Espiritismo, Psicopatologia e Psicohigiene. E assim se segue que Espiritismo kardecista é uma doutrina religiosa e filosófica mediúnica ou moderno espiritualista, para os seguidores foi codificada pelo pedagogo francês Hippolyte Léon Denizard Rivail, usando o pseudônimo Allan Kardec, que irá se considerar como criador desta filosofia. Ainda que obtenha um cunho científico-filosófico-religioso, nem todo espírita considera o Espiritismo como religião, o que dificulta a obtenção de dados demográficos dos adeptos da doutrina, este conceito foi definido em coleta de dados realizada como o presidente da Irradiação Espírita Cristã da cidade de Goiânia. Conceito definido por Campbell (1986) e utilizado por Dalgalarrondo (2000), psicopatologia “trata da natureza essencial da doença mental – suas causas, as mudanças estruturais e funcionais associadas a ela e suas formas de manifestação”. É, portanto, um estudo centrado e sistematizado da doença mental, que busca elucidar sintomas e desmistificar o que não é considerado normalidade em meio social. Bleger (1984), trabalha o objetivo da psico-higiene como promoção saúde e bem-estar aos integrantes da instituição, entretanto o conceito de saúde tem sido constantemente alterado, irá se utilizar então a definição mais atual e presente no meio acadêmico e de saúde, previsto pelo DSM-V e pela OMS, “A saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social”. Partindo destes conceitos, se discutirá então a relação entre todos estes e mais detalhadamente como a religião espírita influencia positivamente na promoção de saúde mental.
Como a religião influencia a saúde mental
Sabe-se que, qualquer que for a religião, normas e regras serão estabelecidas como meio de distinção de suas crenças e integração ao meio social disposto pelo grupo religioso. Assim, o Espiritismo também propõe suas normas como grupo social religioso, e estas propostas de condutas são inerentes também à saúde mental, visto que esta religião trata o ser com visão dualista, considerando tanto a saúde da mente quanto do corpo no tratamento espiritual. Um dos maiores preconceitos em relação a esta doutrina são seus tratamentos médico-espirituais, visto em coleta de dados anterior. Levando em conta que a religião tem uma perspectiva onde o corpo deve ser tratado de forma concomitante com a mente, com um olhar mais aprofundado se percebe que esta não inibe ou se contrapõe ao tratamento físico e psicológico, ao contrário, incita que a abordagem de um sintoma deve ser tomada de todos os ângulos do indivíduo doente. Como confirma Menezes (2002), “(...) o pensamento é pura função da alma ou espírito, e, portanto, que suas perturbações, em tese, não dependem de lesão do cérebro”
Dito isto, se discutirá os aspectos de positiva influência no trato da saúde mental por parte da religião.
O suporte social oferecido pela instituição espírita influencia na saúde pela sensação de pertencer e pelo apoio em situações estressantes, o diálogo produz diminuição de impacto, da ansiedade e de emoções mais aversivas. Todo este processo social influencia na aceitação de tratamentos e acompanhamentos específicos que podem ser propostos.
Os processos cognitivos e todo o sistema que fundamenta a crença oferecem bases também de postura em relação a estresse, sofrimento e problemas cotidianos. No caso da doutrina espírita, a postura remete à resiliência, paciência e busca de tratamentos e ambientes que auxiliem a saúde, seja ela mental ou física. Emannuel (2007), um dos contribuintes mais presentes na doutrina espírita, elucida bem em um de seus textos a postura orientada frente a obstáculos “Se estás doente, meu amigo, acima de qualquer medicação, aprende a orar e a entender, a auxiliar e a preparar o coração para a Grande Mudança.”. Ao reforçar a aceitação, resistência e resiliência, essa postura gera paz, auto-confiança, aumenta o sentido da própria vida, o perdão aos próprios fracassos do indivíduo, a autodoação e auto-imagem positiva, segundo foi descrito por Moreira-Almeida et al. (2006), influenciando positivamente no cuidado do indivíduo consigo mesmo. Além do suporte social e os processos cognitivos base da religião espírita, a orientação intríseca ou extríseca influencia no enfrentar da situação cotidiana, Tepper et. al (2001) diferencia a orientação com base no enfrentamento proposto pela religião, de forma que a doutrina que imputa observar cada situação como aprendizado, incita a busca de resiliência nas adversidades, paciência e tolerância com outros e prioriza a reforma interior, é tida como orientação intríseca pois seu objetivo é o autoconhecimento e fortalece o sujeito. O enfrentamento negativo se caracteriza por culpabilizar a vontade sobrenatural divina pelas adversidades, encarando a situação como punição ou mesmo incentivando o sujeito a não aceitar sua participação ativa na situação, esta orientação extrínseca sugere ao indivíduo a quietude e passividade mediante as soluções das problemáticas cotidianas, e o mesmo não toma atitudes consideradas saudáveis para consigo.
...