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CINE DEBATE - RÉQUIEM PARA UM SONHO

Por:   •  18/6/2018  •  Trabalho acadêmico  •  1.165 Palavras (5 Páginas)  •  168 Visualizações

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

AUTORIZADA PELO DECRETO FEDERAL Nº 77.496 DE 27-04-1976

RECONHECIDA PELA PORTARIA MINISTERIAL Nº 874/86 DE 19-12-86

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E FILOSOFIA

PATRÍCIA ARAÚJO DAS MERCÊS

CINE DEBATE- RÉQUIEM PARA UM SONHO

Feira de Santana

2018

PATRÍCIA ARAÚJO DAS MERCÊS

CINE DEBATE- RÉQUIEM PARA UM SONHO

Trabalho apresentado à disciplina Psicopatologia, do 50. semestre do curso de Psicologia, sob orientação do Prof. Rogério de Andrade Barros.

Feira de Santana

2018

        No contexto cultural e histórico da época de Freud as manifestações clínicas do sofrimento psíquico com as quais ele se deparava se diferem muito das apresentações clínicas mais comuns investigadas atualmente. Ao invés das paralisias e nevralgias que Freud comumente lidava em sua época, hoje percebe-se as manifestações psicossomáticas, o consumo excessivo de medicamentos, os distúrbios alimentares –anorexia e bulimia-, a excessiva manipulação cirúrgica do corpo e a dependência química e de álcool como as manifestações clínicas que mais se destacam no campo clínico.

O filme Réquiem para um sonho ao longo da sua trama representa bem algumas dessas manifestações mais comuns do mal-estar no mundo atual. A senhora viúva Sara Goldfarb que já no início do filme tem o seu vício por TV e comida revelado, ao longo do enredo desenvolve também grande fixação pelo desejo de emagrecer o que lhe leva a tomar anfetaminas quais acabaram lhe causando dependência. Harry Goldfarb, o filho de Sara, é um jovem viciado em drogas ilícitas que não se relaciona bem com sua mãe e tenta se inserir no mundo do tráfico para ganhar dinheiro juntamente com seu amigo Tay que também é adicto dessas mesmas drogas. A namorada de Harry, Marion, é uma jovem bonita proveniente de uma família com boas condições financeiras, sendo, no entanto carente de afeto nessa rede familiar e também envolvida com psicoativos.

        Em seu livro Mal-estar na cultura Freud coloca o mal-estar como um aspecto inerente a cultura em qualquer época, lugar ou momento histórico. Embora, segundo o autor, esse mal-estar sempre vá existir independente da época e cultura específicas, as alterações culturais geram mudanças na forma de expressão do mal-estar. Os padrões culturais do período em que Freud viveu eram diferentes dos padrões da cultura atual e, portanto as manifestações do mal-estar mais comuns com as quais Freud se deparava se diferem bastante das expressões do sofrimento mais encaradas no âmbito da clínica no mundo contemporâneo.

As manifestações do mal-estar na época de Freud eram consequências de uma cultura marcada pela cobrança por moderação e renúncia. Porém na cultura atual, segundo Zygmunt Buman, não reina mais tal imperativo de moderação, há um novo lema: a satisfação.  Esse autor defende que a pós-modernidade tem sua cultura marcada por um imperativo de consumo e exigência de satisfação que gera mal-estar.  

A promessa de felicidade rápida e fácil a partir do uso de substâncias químicas compactua com a exigência de satisfação que marca mundo pós-moderno.  Durante o filme, os momentos em que os personagens utilizam as drogas –lícitas e não ilícitas- ou realizam outras atividades nas quais são viciados - comer e assistir TV- são seguidos de curtas cenas que sugerem a consequente sensação imediata de prazer. Nesses rápidos momentos são exibidos flashes em que há as drogas, a comidas e a TV sendo inaladas, ingerida, e assistida com as posteriores reações biológicas geradas nas células do corpo, na corrente sanguínea e na pupila. No fim dessas cenas, os personagens expressam um evidente alívio e sensação de bem-estar. Nesse sentido, percebe-se que ao longo do enredo eles estão presos a um limitante ciclo de excitação-frustração-excitação. Essa interminável repetição acabou marcando profundamente a subjetividade dos personagens que se tornaram escravos do vício na medida em que ele passou a ser cada vez mais a ser o centro de suas vidas.

O filósofo francês Gilles Deleuze aponta que na sociedade atual somos controlados e controlamos as outras pessoas na medida em que analisamos comportamentos e criamos moralidades ou condutas que conduzem a nossa vida. Segundo esse autor, têm-se então: a “sociedade do controle”. A cultura da atualidade é visivelmente marcada por uma supervalorização de corpos considerados compatíveis com os padrões de beleza instituídos, de maneira que discursos propagadores dessa imposição de uma ideal físico se tornaram cada vez mais comuns nos mais diversos espaços midiáticos. Bauman aponta o imperativo de consumo de coisas contido nesses discursos como um aspecto característico da pós-modernidade marcada pela exigência da satisfação.  Nesse contexto do controle dos corpos, é exigido dos indivíduos que conquistem a satisfação por meio da obtenção do modelo do corpo considerado ideal a partir do consumo de coisas – medicamentos, alimentos, serviços, equipamentos e etc...

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