Comentários Acerca do texto "Some reflections on the origins of MBSR, skillful means, and the trouble with maps " (Kabat-Zinn, 2011)

Resenha 1 – Nórthon Roberto Ferreira de Mendonça

Some reflections on the origins of MBSR, skillful means, and the trouble with maps

(Kabat-Zinn, 2011)

Um primeiro ponto interessante é que, no referido texto, Kabat-Zinn fala sobre o contexto de sua vida pessoal e profissional que o levou a criar e aperfeiçoar o programa Mindfulness Based Stress Reduction (MBSR) entre meados dos anos de 1979 e 1990. Biólogo de formação, Kabat-Zinn era um estudante de pós-graduação que não via muito sentido em sua prática profissional e sentia uma inquietação dentro de si que o fazia questionar qual era seu papel no mundo. Entretanto, ele utilizou seus conhecimentos teóricos e práticos de práticas budistas para ter um insight que acabou gerando uma nova área de estudo na ciência: as intervenções baseadas em mindfulness. O autor relata que tinha uma preocupação quando pensou em criar o MBSR. O receio era de que o programa fosse confundido com algo de cunho religioso budista, com algo de misticismo oriental ou mesmo com algum tipo de charlatanismo.

Um segundo ponto que o texto de Kabat-Zinn traz se refere ao conteúdo budista subjacente ao que ele traduziu como mindfulness. Segundo o autor, o dharma, base dos ensinamentos budistas, fala sobre qualidades humanas universais, que são a sabedoria, a compaixão e a atenção. O que ele fez ao criar seu programa, foi buscar práticas e formas de facilitar aos indivíduos o alcance dessas qualidades sem precisar mencionar a palavra dharma e sem ter cunho religioso. Sua convivência na universidade de Massachusetts com pacientes acometidos por estresse crônico e sua experiência como cientista o levou a realizar um encontro entre duas epistemologias totalmente distintas: a ciência ocidental e as práticas meditativas budistas. O programa foi criado e investigado empiricamente, fornecendo evidências científicas incontestáveis.

Um outro ponto bastante interessante no texto é o aspecto ético do mindfulness. Kabat-Zinn defende que o alívio do sofrimento, a busca por sabedoria e compaixão e a vontade de viver uma vida melhor vivida, tanto pessoalmente quanto profissionalmente, envolve um comportamento ético. De acordo com ele, são elementos intrínsecos do cultivo do mindfulness a consciência da conduta e da qualidade dos relacionamentos intra e interpessoais, bem como a consciência dos danos que podem ser causados pelos mesmos. Com base nisso, ele defende que as MBI’s podem funcionar como ferramentas de transformação individual e social, são intervenções de saúde pública.

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