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Currículo - texto: clínica para visitar: residentes de rua

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Por:   •  9/11/2014  •  Tese  •  2.453 Palavras (10 Páginas)  •  218 Visualizações

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Resumo – texto: Uma clinica para atendimento a: moradores de rua

O texto de Alan Badiou conta a dura realidade de um morador de rua. Conta à história de L. um jovem adulto, criado desde os cinco anos de idade na FEBEM. A mãe saiu de casa, desapareceu, e o pai, alcoolista, não conseguiu criar quatros filhos sozinho, e cada filho teve um destino diferenciado.

Com 21 anos, L. não tinha onde morar. Dormia sempre nas mesmas ruas, e já tinha um vinculo com os moradores do bairro. Uma vizinha buscou atendimento para o rapaz, nos serviços oferecidos pela prefeitura da cidade.

No ano de 2003, Dulce Critelli , em um texto veiculado pela mídia impressa, desenvolveu um comentário sobre malabarismo realizados, em muitos casos por moradores de rua, que abordam os motoristas parados nos sinais de transito. Ela chamou a atenção para o misto de indiferença, medo e constrangimento que acomete condutores e passageiros que estão dentro do veículo.

Dulce disse: “Não estaríamos destruindo o homem de sua condição de humanidade quando damos uma esmola? Não estaríamos legitimando a posição do pedinte e sua incapacidade de se colocar a trabalho?”

Quando Dulce faz essa pergunta é curioso de se pensar, pois quando damos esmola ao pedinte, estamos realmente alimentando esse costume que eles têm e ao mesmo tempo tirando-o da realidade do que se é humanidade. Todos os seres humanos tem a capacidade de se colocar em um mercado de trabalho, e de criar o seu próprio sustento, somos todos seres humanos, todos iguais.

Quando se trata de pessoas morando nas ruas, muitas vezes as pessoas da vizinhança olham como olhar de dó, piedade, pensam neles como vitima um sofredor que precisa da misericórdia alheia. E outros pensando no morador de rua como uma pessoa perigosa, o que coloca os moradores da vizinhança em posição de fragilidade, expondo-o a uma possível ameaça da qual seriam incapazes de se defender.

Quando L. foi atendido foi levado a uma das poucas instituições que havia na rede municipal. Assim como na rua, L. tinha fortes sintomas que sugeriam crises epilepsia com um possível quadro de psicose associado. Foi fortemente medicado. Os sintomas aumentaram. Os hospitais psiquiátricos não queriam recebe-lo, com a justificativa de que se tratava de um epilético. Foram receitado quatorze diferentes prescrições medicamentosas pelos médicos dos postos de saúde em apenas dois meses.

Os remédios pareciam fazê-lo piorar, as crises não cediam.

L. saiu da instituição de que estava abrigado e não deu noticia por alguns dias. Depois de uma semana retornou, e pela surpresa de todos tinha melhor aparência e começou a recusar as medicações. No entanto, nos dias em que seguiam, L. começou apresentar um comportamento agressivo, exigia um cardápio diferente dos demais abrigados, violava as regras da instituição, ameaçava, chegando a jogar tijolas nos funcionários do abrigo. E começou a se queixar que “ninguém olhava pra ele”, e em seguida, insinuava e chegava a simular as crises anteriores, batendo a cabeça na parede.

Os funcionários do abrigo, ao mesmo tempo em que ficavam com pena de L., denunciavam as coisas erradas que ele havia fazendo no abrigo, eram absolutamente contra em querer “devolver o coitadinho à rua”. Com o passar do tempo, L. continuava insinuando que ninguém olhava para ele, e suas ameaças aos funcionários do abrigo só aumentavam.

Passado alguns dias, L. voltou para as ruas. Depois de três semanas reapareceu. Trouxe consigo endereço dos irmãos, até então ignorados, que buscou descobrir durante o tempo em que ficou ausente. Pediu para que ajudasse ele a tirar sua carteira de trabalho, pois queria um emprego para se sustentar.

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L. comentou: - a vida nas ruas não da certo, mas também não quero voltar para o abrigo, quero fazer a minha casa. Esse momento é definitivo.

O jovem sofreu desde pequeno, foi abandonado pelos pais e teve que passar por muitas dificuldades durante sua vida toda. A ele foram apresentadas sugestões de morar em um abrigo ou nas ruas. No entanto, L. construiu uma opção própria. L. se responsabilizou pelas suas atitudes violentas, e reconheceu que ele era capaz de conseguir o que queria, no começo: construir sua casa.

Resumo: Quem vocês pensam que (elas) são? – representações sobre as pessoas em situação de rua.

Quantos dentre nós, em meio ás atividades corriqueiras, nos deparamos com um morador de rua? Considerando que elas habitam com frequência vários logradouros públicos.

Contudo, se refletirmos sobre a qualidade destas interações, observamos que comumente nós as olhamos amedrontadas, de soslaio, com uma expressão de constrangimento. Alguns as veem como perigosas, apressam o passo. Outros logo as consideram vagabundas e que ali estão por não quererem trabalhar, olhando-as com hostilidade. Muitos atravessam a rua com receio de serem abordados por pedido de esmola, ou mesmo por pré-conceberem que são pessoas sujas e mal cheirosas. Há também aqueles que delas sentem pena e olham-nas com comoção ou piedade. Enfim, é comum negligenciarmos involuntariamente o contato com elas.Habituados com suas presenças parece que estamos dessensibilizados em relação á sua condição (sub) humana. Em atitude mais violenta, alguns chegam a xinga-las e até mesmo agredi-las ou queimá-las, como em alguns lamentáveis casos noticiados pela imprensa.

Vagabundo, preguiçoso, bêbado, sujo, perigoso, coitado, mendigo... São designações comuns dirigidas às pessoas em situação de rua. Estes conteúdos interferem na constituição da identidade destas pessoas.

Para Moscovici (1978), são referências que “ circulam, cruzam-se e se cristalizam incessantemente através de uma fala, um gesto, um encontro, em nosso universo cotidiano”. Além disso, para Moscovici (2003). Elas convencionalizam os objetos e pessoas e, além de darem a eles uma forma definitiva, transforma-nos em modelos de determinado tipo que passam a ser partilhados pelas pessoas na construção de sua ‘realidade’.

Assim, a proposição aqui discutida é clara: as representações sociais sobre as pessoas em situação de rua reforçam a construção de identidade articuladas com valores articuladas com valores negativamente afirmados. Neste caso específico, as representações sociais podem ser consideradas ideológicas, pois reproduzem e cristalizam relações concretas de dominação. Em contrapartida, consideramos que as mesmas

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