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DISCUSSÃO SOBRE AS POSSIBILIDADES DE TRATAMENTO DAS PSICOSES A PARTIR DA PSICANÁLISE

Por:   •  3/8/2016  •  Trabalho acadêmico  •  1.077 Palavras (5 Páginas)  •  389 Visualizações

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DISCUSSÃO SOBRE AS POSSIBILIDADES DE TRATAMENTO DAS PSICOSES A PARTIR DA PSICANÁLISE

Psicose

De acordo com Lacan (1988), psicose não é demência, as psicoses são aquilo que sempre se chamou e ainda continua se chamando de loucuras. No século XIX, dentro da psiquiatria alemã, tudo que era chamado psicose ou loucura era paranoia.

Para Lacan (1998), as alucinações e os delírios seriam uma tentativa de reconstrução do mundo externo e interno. O que foi rejeitado no simbólico retorna no real. Sobre a psicose podemos dizer que é uma perda de contato com a realidade, uma falsa confiança sobre o que está acontecendo ou quem se é (delírios), como também ver e ouvir coisas inexistentes (alucinações).

Lacan (1988), a relação do psicótico com o campo do outro é peculiar, não existe uma barreira simbólica, permanecendo uma relação imaginária. Na medida em que não conseguiu ou perdeu esse outro, ele encontra o outro imaginário.

Segundo Lacan (1988), para o psicótico uma relação amorosa é possível abolindo-o como sujeito. Trata-se de um posicionamento peculiar: o psicótico posicionará na relação amorosa como objeto, diante de um outro. A possibilidade de aparecimento de um sujeito na psicose que vai falar sobre este posicionamento diante da linguagem é um manejo deste outro na transferência.

Em seu Seminário 3, Lacan (1988) considera a posição em que este sujeito se encontra, porque é como sujeito que ele vai falar de sua posição de objeto. O sujeito dá testemunho de sua maneira de se inserir no fenômeno da linguagem, como qualquer sujeito humano.

Referente à psicose, Lacan (1966) a define como uma estrutura onde o tipo de resposta à falta corresponde ao mecanismo de foraclusão, conceito formalizado por Lacan para descrever o mecanismo específico de defesa que está na origem da psicose. Na foraclusão há uma rejeição do Nome-do-Pai para fora do simbólico do sujeito, está desligado de toda identificação coma função paterna, não sendo integrado no inconsciente. Com essa rejeição a função paterna não realiza sua função, a de substituir o significante materno e com isso possibilita o acesso ao simbólico.

A psicose, como a neurose, seria decorrente de um acidente ocorrido durante a elaboração do complexo de Édipo. Isto se daria devido ao fato de que o significante fundamental para a instauração da ordem simbólica, Nome-do-Pai, pudesse comparecer barrando o desejo da mãe. Isto pode não acontecer e esta seria a causa da psicose. O sujeito não acederia ao simbólico porque ficaria preso ao desejo materno, este não foi barrado pelo Nome-do-Pai, por sua vez, estaria ausente devido ao fato de ter sido “foracluído”.

Segundo Lacan (1998), para que a psicose se desencadeie, é preciso que o Nome-do-Pai, jamais advindo no lugar do outro, seja colocado em oposição simbólica ao sujeito, a falta desse significante dá margem a modificação do significante que só se estabelecerá na metáfora delirante. O simbólico decorre desse efeito da operação do Nome-do-Pai, ao barrar o todo do prazer, metaforizado com o desejo da mãe, instaura a falta, castração, motor do desejo.

A clínica psicanalítica, por ser uma clinica estrutural, não se baseia nos sintomas, nos fenômenos elementares da psicose, para a construção de um diagnóstico, antes o diagnostico de uma clinica estrutural se estabelece na transferência. De acordo com as contribuições da psicanálise, a psicose passa a ser entendida como um modo de estruturação do sujeito na relação com o outro.

Tratamento

Lacan (1998) faz algumas considerações acerca do manejo da transferência, introduzindo a questão da direção do tratamento psicanalítico. De acordo com o autor o psicanalista direciona o tratamento, sem que isso signifique uma tentativa de direcionar o paciente. Direcionar um tratamento considera as particularidades estruturais e as singularidades de cada um. O analista somente responderá a partir da transferência, o que indica um cuidado clínico. É importante notar que o tratamento psicanalítico da psicose não é orientado dentro do discurso analítico. Não se pode supor uma associação livre que permitirá a produção de uma cadeia significante

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