Desafios da Subjetividade Transgênero

Desafios da subjetividade transgênero na contemporaneidade: saúde mental e física

[pic 1]

Com o advento da contemporaneidade, muito se debate, hoje em dia acerca da patologização e concepção de direitos fundamentais do trabalho, educação e saúde integral à população que não se identifica com seu sexo biológico.

Você já teve seus direitos violados, abolidos e invalidados pelo fato de ser quem você é?

Alguns sabem que, em nosso país, há tempos, é um dos países mais perigosos para corpos transgêneros por presenciarem uma rotina de exclusão e violência direta e indireta.

Em razão disso, passo a passo, estamos desconstruindo e construindo uma sociedade mais igualitária a partir das políticas públicas de saúde através da tecnologia e biotecnologia para modificações corporais relacionado às aquisições hormonais e intervenções cirúrgicas através do Sistema Único de Saúde, apesar de um grande contraponto, o retrocesso da não criminalização da LGBTfobia . Não raro, toma-se conhecimento, por meio da própria população e movimentos sociais, as problemáticas do processo transexualizador oferecido pelo governo. Portanto, é preciso desmantelar as crenças normativas perpassadas durante a história com relação a psicopatologia transexual.

“A transexualidade e a travestilidade deveriam ser despatologizadas porque eu nunca estive melhor. (...)

Doente eu estava quando eu precisava mentir, fingir que eu era o que a sociedade impôs que eu fosse. O que nos incapacita não é a transexualidade e travestilidade, e sim o preconceito da sociedade, falando do país que é campeão de assassinato de travestis e transexuais.” Daniela Andrade.

Estação Plural, Tv Brasil.

[pic 2]

É incontestável que, apesar da retirada da transexualidade da lista de doenças pela Organização Mundial da Saúde, as amarras do patriarcado ainda estejam entre nós, que resultam numa conjuntura de ausência de direitos, acesso à cidadania, bullying, acúmulo de ações traumáticas na produção de estigma, porém é positivo que essas identidades sejam despatologizadas, pois dá autonomia para suas escolhas, responsabilidade para lidar com o seu emocional e psíquico com a sua realidade.

     Como tratar sem patologizar? No que diz respeito ao sistema público de saúde, vemos muitas dificuldades tendo como exemplo fazer testes para memória, percepção, etc. Até saber se o indivíduo está preparado para a fase inicial, sendo reavaliado constantemente durante no mínimo 2 (dois) anos, produzindo uma relação de poder entre o usuário de serviço e o profissional que é perturbadora e incômoda. Em face a essa realidade de testagem do processo transexualizador, somos levados a acreditar que existe um certo modelo ideal de homem e mulher, o que é completamente descabido, pois a subjetividade humana de gênero é completamente individual e varia de pessoa para pessoa, muitas vezes essa idealização acaba tornando-se um encadeamento diário de afirmação, que nunca chega a um ideal conformativo, gerando uma frustração contínua.

"se o gênero é uma gama de construções perfomáticas cotidianas, o ato de constituir-se  como  sujeito  gendrado  é  uma  ação  política  repleta  de  significados" (CARVALHO,  2014,  p.  71)

Aqui, antes de avançar, é importante ressaltar específicamente na performática feminil, que existem diversas formas de feminilidades, contrariando a normativa programada de “frágil, gestos curtos, delicado, submissividade”. Em contrapartida, mulheres reinventando um espaço de força, uma virilidade dentro do feminino.   Portanto, conseguimos refutar a ideia não existe um catálogo, premissa, um roteiro à resposta que se dê a predição de que gênero é diagnosticável. Esse engessamento, ao tratar identidades não-binárias, ou seja, aqueles que estão fora da caixinha dos gêneros binários, pode ser agudamente prejudicial. Outro fator existente, é que com essa junção de fatores, faz com que o processo hormonizador seja feito clandestinamente, causando impactos graves na saúde dessas pessoas.