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SAUDÊ MENTAL E SERVIÇO SOCIAL: O desafio da subjetividade e da interdisciplinaridade

Por:   •  12/6/2017  •  Resenha  •  2.035 Palavras (9 Páginas)  •  413 Visualizações

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Neste capitulo o autor visa exemplificar as características de como os desafios da conquista dos direitos de cidadania na área da saúde mental deve ser enfrentada na Europa EUA e comparativamente nos países latino americano.

Na Europa e nos EUA este movimento vem se organizando há décadas, e se tonando de perfil estratégico politico, onde o autor chama de “autonomista” e de “sel-empowwerment”, assim trazendo e correlacionando os exemplos deste enfrentamento por parte da população usuária da rede de saúde mental, ou ate mesmo dos que já foram usuários.

Destes, alguns já se mobilizam politicamente, trazendo um novo tipo de organização politica para esta população que não é muito conhecida no Brasil especialmente, e em outros países latino americanos.

O autor cita que as diferenças de desenvolvimento politico por parte desta população, são pertinentes as diferenças enfrentadas das necessidades de cada pais ou região, associando um melhor desenvolvimento aos países escandinavos, na Holanda, nos EUA, no Canada, na Nova Zelândia primeiramente, podemos levar em consideração as diferentes formas de visão sobre as mais diversas patologias observadas.

Outros países como Japão, Itália, Republica Tcheca, já tiveram o desenvolvimento das organizações dos usuários bem mais lentas. Os anos 80 usuários europeus começaram a se encontrar em conferências internacionais, que acabaram pela criação de duas entidades internacionais nos anos 90; World Federation Of Psychiatric, e a European Network Of Users Ande X-Users. Já nos EUA os primeiros grupos de organização datam da década de 40, já na década de 90 fundam a Support Coalition, entidade que congrega mais de 40 grupos e movimentos, onde também publicam periódicos sobre o tema principal.

O autor expõe que o movimento dos usuários nos países do Norte tem perfil de predominância com autonomia sem a participação de família e profissional, sendo mais ativos, assumindo formas mais igualitárias, conforme “Maths Jesperson” que é liderança no movimento sueco, o mesmo cita a importância de se afirmar desta forma, para que não confundam as falas de profissionais e familiares se sobrepondo a eles próprios, ele também sabe da necessidade de relação com estes dois grupos, mas acha que não devem ser representados por ninguém a não ser por eles mesmos.

A maioria destes grupos visa a criação de serviços dirigidos por usuários e ex usuários, com possibilidade de mudanças em relação as politicas, legislação, serviços e cultura profissional, estes grupos também defendem que estas organizações visam a redução da marginalidade, participação de planejamentos, questionar a forma de relação com os usuários, pois esta tem grande poder de estigma, lançar desafios de pontos de vista de autoridades no campo profissional, ideias no planejamento das politicas publicas voltadas para eles.

Mesmo com estes itens de afronta em algumas formas, os usuários não tem interesse em deixar de lado os direitos já conquistados, e fazer a manutenção normal a estes para que não sejam perdidos, por exemplo, o movimento europeu busca reafirmar os direitos especiais e os direitos civis de três formas: por terem sido vitimas do sistema psiquiátrico, retirada da identidade negativa colocando o usuário simplesmente como pessoas mais sensíveis e se posicionando de forma intermediaria na defesa dos direitos e na defesa da igualdade tendo um exemplo de descriminação positiva.

As lideranças europeias expõem as principais questões e temas a serem debatidos; a auto definição e identidade social, a questão dos direitos especiais, uso de profissionais em projetos dirigidos por usuários formando um tipo de paternalismo, quais os tipos de usuários para se trabalhar em projetos de suporte mutuo, observamos assuntos de grande relevância perante a sociedade moderna.

Já neste momento, o autor traz a ideia de autonomia e cidadania, dos usuários da rede de saúde mental dos países do norte, com as mais diversas características estruturais para a realidade da América latina e do Brasil, que podem ser caracterizadas como hegemonicamente hierárquicas, desvalorizando a autonomia e cidadania dos usuários, cultivando tipos diferentes de dependência, com o tipo de capitalismo periférico, observa se os grupos subalternizados sendo servidos pelas politicas mais desiguais e exploradoras que consequentemente geram grandes desigualdades acabam se segurando nas estruturas organizacionais, somente na ultima década teve a possibilidade de entrada do terceiro setor neste campo, então somente agora observa se a possibilidade de organização de usuários.

Com toda esta desigualdade existe um real comportamento segregador, com dificuldade de assumir a loucura e identidade de usuário, dificultando a mobilização de algum tipo de movimento, os serviços de atenção psicossociais são recentes em relação a outros países, sendo neste meio que é propicio o nascimento de movimentos e grupos.

Com estas características expostas poderia se prever um movimento menos autônomo, dependência maior de profissionais, mobilização de membros mais pobres e subalternizados, com menor nível de educação, dificultando às articulações, maior dependência do serviço de atenção diária, a luta no contexto dos direitos sociais se daria devido o nível de pobreza reduzindo a força temporariamente.

Mesmo podendo ser previsto a ideia sobre a formação de grupos e movimentos no país, o autor fala sobre a possibilidade de mudança uma vez que o resultado da formação de movimentos nunca se escreve antes de sua própria formação, e os mesmos tem autonomia politica para imprimir sua própria direção dentro das mais diversas possibilidades.

Neste momento o autor põe em tela a necessidade dos direitos da cidadania no campo da saúde mental, os desafios e os paradoxos, conforme Marshall (1967) pressupõe direitos civis, políticos e sociais, sua visão que era evolucionista, linear como se este tipo de desenvolvimento fosse progressivo e inevitável, Marshall também não percebe que existe diferença entre o direito social e os outros dois não reconhecendo as contradições estruturais entre os processos históricos de avanços e conquistas destes e que certas medidas garantidoras de direitos sociais podem gerar conflitos com alguns direitos civis.

Pode se citar também o mesmo tipo de conflito com Bobbio (1992) quando da formulação dos direitos humanos, que se faz em nome da igualdade básica entre os homens, em nome dos direitos civis, mas de outra forma os movimentos sociais de quase todo o mundo luta pelos direitos especiais, como; direito previdenciário definitivo, atenção psicossocial, serviços residenciais, esquemas especiais de trabalho, e auxílios específicos. O problema esta em justificar esses direitos especiais, que no momento em que lutamos pelos direitos especiais podemos simplesmente reafirmar o estigma e a necessidade do tratamento diferenciado que para esta sociedade é o louco, vem à tona o seguinte dilema “reivindicar cuidado e não querer controle”.  

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