Desenvolvimento, Infância, Escola
Por: Andabreu • 7/7/2019 • Pesquisas Acadêmicas • 3.747 Palavras (15 Páginas) • 244 Visualizações
- Introdução
O trabalho em grupo abordará de forma crítica e explicativa o surgimento da Psicologia do Desenvolvimento, seus conceitos e aplicações, bem como trará à tona a relação entre o fracasso escolar e o racismo seletivo, mostrando o papel da psicologia nessa relação, mostrará, além disso, o funcionamento dos modelos pedagógicos vigentes nas escolas e o papel da psicometria e da lógica desenvolvimentista nesse contexto.
- Sugimento, contexto socio-historico
A psicologia do desenvolvimento participou de movimentos sociais evidentemente relacionados à regulação, comparação, e controle de sociedades e grupos, esteve relacionada de forma íntima com o desenvolvimento de ferramentas psicométricas, de classificação de habilidades e com o estabelecimento de normas. Surgiu ao final do século XIX com o intuito de responder questões ligadas à teoria da evolução, à antropologia, como também à filosofia. A mesma associa-se com o surgimento do capitalismo – ocorrido inicialmente na Inglaterra – e dos saberes científicos, aderiu um modelo marcado pelo gênero, alienado e mercantilizado de prática científica. Segundo Burman (2008), os estudos de Darwin são tomados como protótipos de muitos outros estudos nos anos de 1880, as obras de Darwin na emergência da psicologia do desenvolvimento serviram para reforçar versões pré-darwinistas da biologia, focando na herança ao invés da variação.
‘Sociedades’ de estudos da criança logo começaram a florescer na Europa e nos Estados Unidos, observando crianças, pesando-as e medindo-as, documentando seus interesses, estados, atividades. Esse desenvolvimento refletia a importância crescente da ciência – e de um modelo particular de ciência – não apenas como um conjunto de procedimentos para conduzir pesquisas, mas como um conjunto de práticas associadas com o estado laico moderno. (BURMAN,2008).
A criança se insere no contexto da infância através dos princípios reguladores que asseguram que a criança vire um adulto civilizado, bem sucedido e educado. Segundo Burman (2008), o indivíduo em seu tempo de vida reproduz os modelos e estágios de desenvolvimento apresentados pelo desenvolvimento das espécies – “a ontogênese recapitula a filogênese” –, o que nos permite colocar a criança num modelo estruturado na qual ela não se torna sujeito de si, mas sujeito a quem. A questão contraditória que ela nos propõe criticar são os usos do Darwinismo e Lamarckismo em contextos distintos para naturalizar e legitimar a ficção da infância. Para estratificar e acirrar a supremacia racial foi preciso estabelecer normas comparativas em relação à infância no que diz respeito ao seu desenvolvimento. Se para a criança branca, além da falta de experiência, a inocência paira sobre sua condição de idade, já para o negro, inerentemente ele é colocado para fora da norma (marginal, selvagem, primitivo). Isso porque o contexto socio-histórico da psicologia do desenvolvimento consegue marcar bem as separações de público, privado e raça nos primórdios do capitalismo industrial/colonial.
A psicologia aparece para ajudar na classificação do indivíduo por testes psicométricos e o controle de seus aspectos. A descrição da norma produzida pela pesquisa em psicologia impõe um padrão. Sendo assim, o individuo passa a ter uma classificação que o define como ser normal ou patológico. Nos testes psicométricos, por exemplo, há todo um esforço de medir e avaliar as determinadas condições e capacidades do sujeito, é definido um critério e quem não tem as competências exigidas está fora do parâmetro, não se olha outras competências que possam estar fora dessas especificações pré-estabelecidas, define-se um padrão para se encaixar nos critérios.
A psicologia do desenvolvimento toma o período da infância como forma principal de investigação para que possa explicar a formação de um pensamento racional, e quais são as etapas para a formação de um adulto. Ela começou a se atentar mais a Psicologia do Desenvolvimento quando começou a explicar aqueles indivíduos que por alguma razão não ocupam a posição de um cidadão normal, como o louco, o criminoso e a criança, os quais, o primero trata-se de um indivíduo estudado, que mesmo sendo adulto não desenvolveu plenamente as suas faculdades mentais. A ideia de convivência social e saúde também se encontra no segundo caso que trata juridicamente, o comportamento de transgressão às leis. Por fim, as crianças eram vistas como seres humanos incapazes de tomar decisões racionais até que cheguem a uma nova fase da vida. O planejamento da psicologia era então encontrar o melhor modo de levar a criança do seu estado irracional até o ponto máximo de suas capacidades plenas cognitivas e morais, e de seus direitos. (MATTOS, 2012)
- Principais conceitos, para que e a quem serve
O estudo da psicologia do desenvolvimento volta-se para a análise do processo de formação do indivíduo maduro, emocionalmente equilibrado, independente, autossuficiente e capaz de reconhecer a separação da sua individualidade em relação ao meio que o cerca.
Segundo Castro (1998), a psicologia do desenvolvimento faz uso do controle e da previsão, inserida em um contexto de demanda da categorização de indivíduos por meio do saber científico. A psicologia do desenvolvimento se apresenta com práticas de intervenção e regulação social, como a questão de separar aqueles que não estão se desenvolvendo adequadamente, nos âmbitos social e escolar. Essa segregação pode ser observada nas instituições, a psiquiátrica atende aos que apresentam dificuldades de desenvolvimento, enquanto a prisional atende aos delinquentes.
Piaget foi um dos autores de maior referência na psicologia do desenvolvimento, sendo ele um biólogo, conseguiu aplicar conceitos evolucionistas para a psicologia.
Piaget tem como objetivo maior entender como o pensamento lógico se constitui, e, com isso, explicar como o sujeito da ciência (o cientista) se forma. Para tanto, o autor se dedicou a discriminar diferentes fases no desenvolvimento, cuja sequência se caracteriza por uma crescente habilidade formal que tem efeitos na moral, na percepção, na afetividade e na cognição do sujeito em formação. (MATTOS, 2012)
Há muitas significações que são atribuídas a infância, representações que no imaginário social se relacionam com os diferentes momentos da existência humana. De acordo com Lucia Rabello de Castro, em “Uma teoria da infância na contemporaneidade” (1998), as representações sociais sobre a infância têm a ver com o conjunto de representações sobre outros momentos da existência humana, assim podemos analisar como práticas socioculturais determinam certos tipos de experiências durante a infância.
Os valores humanos passam a ser olhados através da razão, trazendo ao homem a noção do dever, no qual ele desempenha um papel no todo social, o sujeito atua na sociedade, se submetendo a ela e tendo que passar a agir conforme seus termos. O padrão que a sociedade impõe se apresenta de maneira a ser internalizado e entendido como o certo. Desse modo, quem sai desse padrão é considerado errado e deve ser responsabilizado por isso. Assim, a trajetória da vida humana passa a ter um caráter universal e o contexto sociocultural vai sendo deixado para trás, as preocupações históricas passam a não ter mais importância.
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