Dom E Dádiva

Ela aparece como a forma mais objetiva do "sistema de prestações totais". Diversamente do sistema de "simples trocas de bens, de riquezas e de produtos no decurso de um mercado passado entre individuos" Sistema de prestações totais não são "individuos" mas sim coletividades

Marcel Mauss reconhece um tipo "mais puro" desse sistema de prestações totais , representado pela aliança de duas irmandades nas tribos austrilianas ou norte americanas em geral em que os ritos , os casamentos, a sucessão de bens os laços de direito e de interesse, fileiras militares, tudo é complementar e supõe as duas metades da tribo.

Com algum cuidado com as palavras também pode-se perceber a "ficção" e "mentira social" não são uma necessidade desse paradoxo, e sim uma mera possibilidade, pois como afirma o texto maussiano, mesmo quando acontecem são acompanhadas de generosidade.

Mauss nunca descarta a obrigação , muito pelo contrário, sempre salienta sua importância necessária, sua presença "no fundo".

Outro elenco na caracterização da noção de dádiva, que Mauss chama de obrigação, seriam os três atos de dar, receber e retribuir, irredutivéis um ao outro.

O fato de haver uma separação ou lapso entre os atos de dar , receber e retribuir parece ter importância na constituição do vinculo social e vinculo pelas coisas.

A separação entre doador e recebedor é a condição do vinculo social, portanto não há alienação entre as partes e sim aliança.

Mauss vê uma certeza de ordem lógica, segundo a qual, troca é dominador comum de um grande número de atividades sociais aparentes heterôgenia entre si.

Mauss propõe mostrar primeiramente que a troca se apresenta nas sociedades primitivas menos em forma de transações que de dons recíproco, e em seguida, que estes dons recíprocos ocupam um lugar muito mais importante na sociedade.

Lévi-Strauss considera que as trocas matrimoniais e as trocas econômicas formam no espirito indígena parte integrante de um sistema fundamental de reciprocidade

Apesar disso, Lévi-Strauss ressente-se que Mauss tenha se apegado demais a conceitos nativos, como espirito da coisa dada - sem ter dado um passo adiante para atingir um conceito mais abstrato e universal como o da troca.

A troca por dádivas é então uma questão de mistura de contaminação. Não se trata de avaliar a verdade do aspecto mistico da alma e do espirito, mas sim uma maneira de compreendê-lo.

Deve-se atentar aos níveis de mistura, são vários, e que o espiritual se adquire.

Existe uma mistura entre doador e recebedor e entre doador e aquilo que é dado. Essa que pode ser em maior e/ou menor grau, dependendo de cada sociedade particular.

Conforme Gregory,eles representam uma inversão de valores, de impôrtancia, de atitude caracteristica: enquanto a positiva estressa o ato de dar (cujo extremo oposto é receber), a negativa estressa o ato de tomar (cujo extremo oposto é perder).

Nos termos da tripartição da dádiva, elas podem ser consebidas como “dádiva positiva” (decomposta nos atos de dar, receber e retibuir) e “dádiva negativa