ENVELHECIMENTO E SEXUALIDADE: EQUIDADE DE GÊNERO EM UM MUNDO QUE ENVELHECE?
Por: marciafabiany • 9/5/2018 • Trabalho acadêmico • 2.762 Palavras (12 Páginas) • 213 Visualizações
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FACULDADE SOCIAL DA BAHIA
CURSO DE PSICOLOGIA
ALINE MENDES
CARLA FREITAS
MARCIA COSTA
PAULO LIMA
ROBERTA CUNHA
THALITA PARDINHO
MARIA VILMA EÇA
ENVELHECIMENTO E SEXUALIDADE: EQUIDADE DE GÊNERO EM UM MUNDO QUE ENVELHECE?
SALVADOR
2017
ALINE MENDES
CARLA FREITAS
MARCIA COSTA
PAULO LIMA
ROBERTA CUNHA
THALITA PARDINHO
MARIA VILMA EÇA
ENVELHECIMENTO E SEXUALIDADE: EQUIDADE DE GÊNERO EM UM MUNDO QUE ENVELHECE?
Projeto intervenção apresentado a disciplina Práticas Integrativas II, do Curso de Psicologia, da Faculdade Social da Bahia como requisito obrigatório para avaliação da disciplina.
Orientadora: Profa. Mônica Coutinho
SALVADOR
2017
“Como se morre de velhice
ou de acidente ou de doença,
morro, Senhor, de indiferença.
Da indiferença deste mundo
onde o que se sente e se pensa
não tem eco, na ausência imensa.
Na ausência, areia movediça
onde se escreve igual sentença
para o que é vencido e o que vença.
Salva-me, Senhor, do horizonte
sem estímulo ou recompensa
onde o amor equivale à ofensa.
De boca amarga e de alma triste
sinto a minha própria presença
num céu de loucura suspensa.
(Já não se morre de velhice
nem de acidente nem de doença,
mas, Senhor, só de indiferença.)”
Cecília Meireles, Como se morre de velhice
INTRODUÇÃO
A Sexualidade se faz presente desde o inicio da vida e seu desenvolvimento é vivido de forma diferenciada em cada cultura. Ocupa também um lugar especifico em cada ser humano e se constitui para além da prática sexual. Portanto, a sexualidade é muito mais que sexo, é carinho, afeto, cumplicidade, amor e companheirismo de um comportamento que é intrínseco e muito subjetivo.
A Organização Mundial de Saúde (1988) faz uma diferenciação entre sexo e sexualidade. O sexo está relacionado às características biológicas que diferenciam o homem da mulher. Já a sexualidade é definida como todo ato realizado cuja finalidade seja a obtenção de prazer, não estando restrita ao momento do coito, mas presente também nos pensamentos, ações, fantasias e desejos. Neste sentido, sexualidade é “um aspecto central do ser humano do começo ao fim da vida e circunda sexo, identidade de gênero e papel, orientação sexual, erotismo, prazer, intimidade e reprodução” (Vieira, Nóbrega, Arruda, Veiga Apud OMS, p. 27).
Relaciona-se com várias formas de expressão do comportamento humano como; toque, abraço, olhar, penetração, masturbação, orgasmos e a sensação de prazer que podem ser obtidas individualmente ou em contato com o outro. “No entanto, podemos compreender que a sexualidade envolve rituais, linguagens, fantasias, representações, símbolos convenções e processos profundamente culturais e plurais”. Vieira apud Louro (2000, p. 11)
O sexo é uma das expressões da sexualidade. Fagundes (2005) aponta o importante papel da sexualidade para a constituição da pessoa. Afirma que a sexualidade independe de ensinamento e que na nossa cultura, costuma ser reduzida a dimensão da reprodução e do uso dos órgãos sexuais. Porém, a autora explica que: (...) A reprodução é o processo pelo qual a vida é gerada, ocorrendo, na espécie humana, quando se encontram e se fundem gametas masculinos e femininos. Sexualidade é muito mais do que ter um corpo apto para procriar e apresentar desejos sexuais; pressupõe intimidade, afeto, emoções, sentimentos e bem-estar individual decorrentes, inclusive, da história de vida de cada pessoa. A sexualidade resulta, também, de uma construção social marcada pela história, localizada pela cultura e que transcende as manifestações do corpo, transcende a genitalidade. (...). (FAGUNDES, 2005, p. 14)
A autora afirma também que “A dimensão biológica não é suficiente para explicar a sexualidade humana; faz-se necessária a função simbólica da linguagem para penetrar na complexa estrutura do relacionamento sexual, fortemente dependente de valores, mitos, crendices e tabus”. (FAGUNDES, 2005, p.14), ou seja, “a sexualidade se realiza na corporeidade em completa sintonia com o psiquismo”. (FAGUNDES, 2005, p.17)
Para Laplanche e Pontalis (2001, p.476), a sexualidade não designa apenas as atividades e o prazer que dependem do funcionamento do aparelho genital, mas toda uma série de excitações e de atividades presentes desde a infância que proporcionam um prazer irredutível à satisfação de uma necessidade fisiológica fundamental (respiração, fome, função de excreção, etc.), e que encontram a título de componentes na chamada forma normal do amor sexual.
A sexualidade pode ser expressa de diferentes formas e em várias etapas da vida, inclusive na velhice. Segundo o Aurélio o termo velhice designa um estado ou condição de velho. Já a palavra velho significa alguém avançado em idade, antigo ou até mesmo obsoleto. Em algumas culturas o velho é tido com sábio, pessoa de alta estima, em outras, onde a juventude é sinal de produtividade, o envelhecer representa obsolescência e o velho é comparado a um objeto sem utilidade e serventia.
Atualmente, a velhice tem atraído olhares e interesse de pesquisadores, principalmente da área da saúde. A população vem envelhecendo e isso traz a necessidade de se pensar em políticas de cuidado ao idoso, principalmente no que diz respeito às manifestações da sua sexualidade. É sabido que o número de pessoas idosas contaminadas pelo vírus do HIV vem aumentado consideravelmente, o que nega o mito de que o idoso é um ser assexuado, que não sente desejo, nem mantém relações sexuais.
Mucida (2004, p.41), compreende que não é a idade que determina a ausência do desejo e, muito menos, a ausência ou a presença de relações sexuais mesmo que estas possam ser inscritas na velhice sob tecidos diferentes daqueles encontrados na adolescência e na vida adulta, nos quais computar os orgasmos é uma forma usual. A sexualidade do idoso pode encontrar caminhos inéditos nos quais o desejo, que não morre, encontra outras maneiras de inscrição.
O sexo na terceira idade pode ser libertador e prazeroso, mas depende de como se encara a velhice e as modificações que ela causa em todos os aspectos da vida. “O idoso pode lidar com conformismo e rejeição ou levar a velhice com criatividade. O avanço não é devolver ao velho o desempenho do jovem, mas conseguir novas formas de satisfação”. A sexualidade é uma necessidade fundamental do ser humano, cuja dinâmica e riqueza deve ser vivida plenamente.
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