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ESPIRITUALIDADE/RELIGIOSIDADE EM FAMILIARES DE PACIENTES INTERNADOS

Por:   •  15/8/2019  •  Artigo  •  4.653 Palavras (19 Páginas)  •  258 Visualizações

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FACULDADE DE MEDICINA DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO[pic 1][pic 2]

        PROGRAMA DE APRIMORAMENTO EM PSICOLOGIA DA SAÚDE

        

AMANDA DOS SANTOS FERREIRA

ESPIRITUALIDADE/RELIGIOSIDADE EM FAMILIARES DE PACIENTES INTERNADOS NA UNIDADE CORONÁRIA

SÃO JOSÉ DO RIO PRETO - SP

2019

RESUMO

A espiritualidade/religiosidade está relacionada à melhor qualidade de vida, saúde psicológica e a maior aderência de tratamento e menor efeitos negativos causados pela patologia. Este estudo teve como objetivo avaliar a espiritualidade/religiosidade em familiares de pacientes internados na unidade coronária por meio dos instrumentos: Escala de Religiosidade da Duke versão em português – DUREL, Escala de espiritualidade e questionário sociodemográfico Trata-se de uma amostra de conveniência, com uma análise quantitativa, de corte transversal. Foram avaliados 50 familiares de pacientes internados na unidade de terapia intensiva coronariana e na enfermaria da cardiologia de um Hospital de Ensino no interior do estado de São Paulo. Os dados encontrados mostraram que acima de 80% dos familiares expressaram estar plenamente de acordo em todas as expressões referentes a espiritualidade, 94% relataram possuir alguma crença religiosa, destacando a religiosidade acima da média nas três dimensões (Religiosidade organizacional, não organizacional e intrínseca) e 96% utilizaram a espiritualidade/religiosidade como estratégia de enfrentamento em situações relacionadas a saúde. Os resultados sugerem que a espiritualidade/religiosidade está presente na maior parte dos familiares auxiliando no enfrentamento do processo de doença/hospitalização dos pacientes e na importância da preparação dos profissionais de saúde para abordarem sobre esse tema.

Palavras-chave: Espiritualidade; Religiosidade; Família; Unidade coronária.

ABSTRACT

Spirituality/religiosity it is related to a better quality of life, psychological health and greater adherence to treatment and less negative effects caused by the pathology. The purpose of this study was to evaluate the spirituality / religiosity in family members of patients admitted to the coronary unit through the following instruments: Duke's Religiosity Scale Portuguese version - DUREL, Spirituality Scale and Sociodemographic Questionnaire This is a convenience sample, with a qualitative and quantitative cross-sectional analysis. We evaluated 50 relatives of patients hospitalized in the coronary intensive care unit and in the cardiology ward of a Teaching Hospital in the interior of the state of São Paulo. The data showed that over 80% of family members expressed their agreement with all expressions related to spirituality, 94% reported having some religious belief, emphasizing above-average religiosity in the three dimensions (Organizational Religiosity, non-organizational and intrinsic) and 96% used spirituality / religiosity as a coping strategy in health-related situations. The results suggest that spirituality / religiosity is present in most of the family members, helping to cope with the patients' illness / hospitalization process and the importance of preparing health professionals to address this issue.

Keywords: Spirituality; Religiosity; Family; Coronary unit.

Introdução

Desde os primórdios da existência da humanidade as manifestações de espiritualidade/religiosidade estão presentes, desenvolvendo um papel significante na vida e na saúde do ser humano (Melo, Sampaio, Souza e Pinto 2015; Scliar, 2007).

Embora os temas sejam próximos, são fenômenos diferentes (Pinto, 2009). A espiritualidade é uma experiência natural do ser humano, já a religião é uma corporação humana, onde uma está interligada a outra (Tavares, Valente, Cavalcanti e Carmos, 2016).

A espiritualidade é caracterizada como um movimento interno pelo qual o indivíduo busca através de uma vivência individual o propósito, significado, sentido da vida por meio de conexões com o transcendente, sobrenatural, sagrado, místico, independente de se vincular a uma religião (Heinisch, Stange, 2014; Nery, Pietrobon, Machado, Comel e Manfroi, 2014). Enquanto a religiosidade é um sistema institucional onde o indivíduo pode manifestar sua espiritualidade mediante da participação de atividades religiosas como frequentar cerimônias, praticar rituais, adoção de doutrinas, podendo ser praticada em grupo ou individualmente (Inoue, Vecina, 2017; Esperandio, Trebien e Menegatti, 2017).

A partir da década de 1980, o ser humano recebeu uma visão mais integrada quando a Organização Mundial da Saúde inclui-se debates para uma concepção multidimensional de saúde, o aspecto espiritual como relevante na saúde mental, passando a ser visto como biopsicosócioespiritual, não somente como prática religiosa ou como crença, mas também como sentido da vida, reconhecendo a similaridade da espiritualidade com as outras dimensões da vida (Nantes, Grubits, 2017).

No Brasil, a população apresenta um grande índice de espiritualidade/religiosidade, onde 93,7% dos brasileiros se declaram religiosos e apenas 7,3% se consideram sem religião, mas dentro dessa pequena porcentagem, foi observado que muitos afirmam ter crença em um Ser Superior ou Divindade (Antoniazzi, 2003 apud Melo et. al, 2015). Diante dos dados apresentados, é notável que a E/R está presente na cultura brasileira já que a maior parte da população é religiosa (Vasconcelos, 2009).

Fatores como formas de lidar com o estresse, estilo de vida, sistema de crenças, suporte social, orientação espiritual e práticas religiosas são meios pelo quais a espiritualidade/religiosidade podem influenciar na saúde. Esses fatores podem conceber consequências significativas na saúde mental frente a circunstâncias complicadas da vida como o processo do adoecimento.  A E/R pode tanto trazer um enfrentamento positivo, onde o evento estressor é redefinido como um momento oportuno para o crescimento espiritual, em que seria visto como benéfico, proporcionando uma maior aceitação, confiança, firmeza, gerando paz, diminuição do estresse psicológico e uma visão positiva, quanto um efeito negativo, onde o evento estressor é visto como um castigo, gerando sentimento de culpa, confusão, insatisfação, dúvida, autocrítica, diminuir a autoestima e criar ideologias voltadas para a repressão da raiva, desestimulando a busca de cuidados médicos (Stroppa, Moreira-Almeida, 2008; Heinisch, Stange, 2014).

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