Empirismo - Jonh Locke
Trabalho Escolar: Empirismo - Jonh Locke. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: tarabalho • 5/10/2014 • 1.906 Palavras (8 Páginas) • 596 Visualizações
A origem do conhecimento em Locke
A obra do empirista John Locke representa uma reação ao racionalismo do filósofo francês René Descartes. Por considerar o entendimento a faculdade mais nobre da alma, o filósofo inglês fez uma investigação acerca dos objetos que podemos conhecer. Dessa forma, ele pretendia mostrar as condições que temos de apresentar para conhecer, isto é, descobrir com que nossas faculdades mentais conseguem lidar e com que não conseguem. Tentar ir além do que nosso entendimento é capaz de apreender ou adentrar as veredas que extrapolam a compreensão humana é cair na especulação. Segundo Locke, o entendimento pode ter um papel tanto passivo como ativo. Quando recebe pelos sentidos o que vem de fora, ele é passivo; é ativo quando combina ideias simples e a partir delas consegue formar ideias complexas.
O projeto de Locke é mais modesto que o de Descartes, pela própria natureza empirista. Para Locke, produzir conhecimento é produzir ideias. Para Descartes, a condição fundamental da produção de conhecimento verdadeiro é Deus, uma vez que afirma a existência de ideias inatas. Ao retirar das ideias o caráter inato, Locke defende que o que apreendemos da experiência é que dá origem ao conhecimento, pois o conteúdo da nossa consciência (emoções, pensamentos, lembranças etc.) vem daquilo de que nós temos experiência. Esse conteúdo, Locke chama de ideias.
Nossos sentidos, segundo ele, são as únicas fontes de ligação direta entre nós e a realidade. As qualidades primárias estão nos próprios objetos; as qualidades secundárias surgem da interação do objeto com o sujeito; sendo assim, variam de sujeito para sujeito. Descartes entende o inato como princípio (como causalidade, identidade) ou como noção (como Deus, substância). Para Locke, tal concepção inatista coloca Deus como o responsável pela existência de determinadas ideias em nós, o que, segundo ele, teria um caráter dogmático, uma vez que é inquestionável; é colocado como ponto de partida. Dessa forma, ele tenta, através do uso das suas faculdades naturais, fazer com que os homens possam chegar às ideias.
Um dos argumentos utilizados pelos defensores do inatismo é o universalismo, isto é, o fato de todos os homens concordarem acerca de uma ideia. Segundo Locke, porém, o conhecimento universal não é inato, uma vez que não é a razão que os descobre nem todas as pessoas compactuam de certas noções ditas universais, como o Princípio de Identidade e de não-contradição.
Já que não precisamos perceber o que está na mente para que esteja de fato, todas as afirmativas verdadeiras podem estar lá também. E se realmente existem ideias inatas, porque as crianças e os idiotas não as têm? É de argumentos como esses que Locke lança mão para combater a crença nas ideias inatas. Locke questiona proposições como o Princípio de Identidade, que seriam consideradas de assentimento universal, alegando que integrantes de comunidades mais primitivas desconhecem tal princípio. Se ideias inatas existissem de fato, elas deveriam estar na mente de todos os indivíduos, isto é, deveriam ser de cunho universal - e na prática não é o que ocorre. O entendimento é a nossa faculdade de conhecer; sendo assim, como uma ideia pode estar presente em nossa mente sem que a conheçamos? A alegação de que certas verdades estão impressas, embora sejam despercebidas, e que à medida que aprimoramos o uso da razão reconhecemos tais verdades não parece um argumento razoável, pois isso leva a uma contradição, já que faz do homem um ser que, simultaneamente, conhece e não conhece algo.
Para Locke, a alma humana é uma tábula rasa; assim, ao buscar os elementos responsáveis pela formação do conhecimento, encontra a experiência e a reflexão como seus mananciais. Tudo que conhecemos deriva dessas duas fontes. Então, Locke fala de dois tipos de ideias: as de sensação, vindas do exterior; e as da reflexão, originadas do interior.
Todo o conhecimento provém da experiência, que é obtida através dos objetos sensíveis externos bem como nas operações internas; através dos sentidos obtemos as ideias de cores, gostos, temperaturas e tantas outras qualidades. Outro tipo de ideias são aquelas internas, como o conhecer, o duvidar, o querer, o crer. Essas são ideias da reflexão, que ocorrem quando a mente analisa suas próprias operações.
Assim como o corpo tem o poder de movimentar-se, a alma tem o poder de pensar, de perceber, de ter ideias. Da mesma forma que uma das operações do corpo é o movimento, uma das operações da alma é a percepção.
O entendimento tem a capacidade de comparar ideias simples, uni-las e, assim, formar outras ideias: as complexas. Apesar disso, o entendimento não consegue criar nenhuma ideia que não seja derivada da experiência ou da reflexão. Como saber um sabor que nunca testou? Como saber um sentimento que nunca teve? Se alguém nunca provou caviar, não há com saber o gosto exato dessa comida. As ideias simples podem entrar na nossa mente graças a um único sentido (como as cores entram pela visão, os sons pela audição), por mais de um sentido (figura, espaço, coisas que podemos sentir tanto pelo tato como pela visão), pela reflexão (dor, prazer) ou por ambas (por meio do sentido e da reflexão). Para Locke, o conhecimento humano é construído pela abstração dos elementos que ocorrem na experiência.
O caminho pelo qual são alcançadas as verdades origina-se nas ideias particulares, isto é, na concepção empírica o pensamento parte do particular para o geral (ao contrário do racionalismo cartesiano, cujo princípio é universal). As ideias particulares é que dão origem às ideias abstratas. A ideia é o objeto do pensamento; não se tem pensamento sem ideia nem ideia sem pensamento. Ter consciência de uma ideia é ter consciência de que se tem essa ideia, é ter consciência de si.
A reflexão é um tipo diferenciado de percepção (é uma percepção de ideias). A sensação é a fonte originária das ideias. Posso apreender ideias que me são exteriores, bem como ideias que sejam oriundas minhas, isto é, a própria percepção da atividade da mente (crer, querer, imaginar etc.). Mas as percepções são ideias, mesmo quando relacionadas à sensação. Têm-se ideias de vermelho, de quente, de áspero etc. Ideia é tudo aquilo que a mente percebe por si mesma ou tudo que é objeto de percepção do pensamento ou do entendimento, e a potência de produzir qualquer ideia na mente é a qualidade.
Qualidades primárias e qualidades secundárias
Um cubo de gelo, por exemplo, tem a potencialidade de produzir em nossas mentes a ideia da forma cúbica, de algo frio, transparente; tais ideias são qualidades que Locke divide entre
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