Entrevista Psicologica
Monografias: Entrevista Psicologica. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: ednacoe • 29/5/2014 • 2.390 Palavras (10 Páginas) • 263 Visualizações
Entrevista Henriette Morato
Entrevista concedida por Henriette Morato* em 1999 a alunos de Psicologia da Universidade Metodista (São Bernardo do Campo/SP).
Aconselhamento Psicológico
Por: Aretha do Carmo, Marlene Delábio, Thaís Cristina Conde, Valéria Calipo e Viviane Zanuto.
GRUPO: Fale-nos um pouco de você.
HENRIETTE: Eu dou aulas de Aconselhamento Psicológico na Universidade de São Paulo, que é uma disciplina separada. É uma disciplina que não está junto com a Clínica, com dois semestres obrigatórios e um optativo, ou seja, Aconselhamento Psicológico I e II, e o Aconselhamento Centrado no Cliente. O obrigatório é no oitavo e no nono semestre e o optativo no décimo. Sou também professora da pós graduação também na USP, na área de Psicologia Escolar e Desenvolvimento Humano, dentro da linha de pesquisa de saúde e desenvolvimento, relações, instituições e personalidade.
GRUPO: O que é Aconselhamento Centrado na Pessoa?
HENRIETTE: Primeiro tenho que dizer o que é aconselhamento, porque centrado na pessoa já é outra coisa. No meu ponto de vista, o Aconselhamento Psicológico, é a expressão mais direta e específica do que é o trabalho do psicólogo, principalmente nos dias de hoje. Isso começou a aparecer por volta dos anos 40, depois da guerra, no sentido de poder ajudar os veteranos de guerra que estavam voltando. Surgiu também numa junção entre orientação e aconselhamento, estava também voltado para a área escolar, um trabalho que não era bem de orientação profissional, mas de orientação vocacional, mais voltado para conversar, ver os problemas. Também a questão da reabilitação, em função dos veteranos de guerra e aí aos poucos ele foi se firmando, tanto que existe hoje associações de conselheiros ( esse termo é péssimo, não?, não tem nada a ver) no mundo inteiro, no Brasil não, mas tem nos Estados Unidos, na Europa, na Argentina.
GRUPO: Essa Associação são pessoas que trabalham na A.C.P. ?
HENRIETTE: Não necessariamente, mas trabalham no campo do Aconselhamento Psicológico, enquanto um campo de atuação, o Centrado na Pessoa, é uma das formas, que você pode ter dentro de várias abordagens, pode ter na abordagem psicanalítica, numa abordagem comportamental, numa abordagem mais cognitiva racional, tem várias áreas. O Aconselhamento Centrado na Pessoa é uma derivada de tudo isso como uma possibilidade, como várias outras, com uma certa visão e compreensão dos fenômenos e não enquanto uma prática. Por isso é bom distinguir aconselhamento enquanto uma prática profissional específica do psicólogo e o Aconselhamento Centrado na Pessoa enquanto uma maneira de ver e compreender os fenômenos que são tratados ou vistos através desta prática que é aconselhamento. Então uma coisa não tem nada a ver com a outra. Porque é que se junta? É porque, para Rogers, quando ele começou a trabalhar, ele começou quase sendo um conselheiro. Naquela época, se trabalhava com testes, com diagnósticos, etc. e o trabalho do psicólogo era visto mais como um trabalho complementar ao trabalho do médico. Conforme ele foi desenvolvendo o trabalho dele e percebendo que naquele momento do encontro, enquanto ele fazia diagnóstico, podiam acontecer algumas coisas, ele começa o que seria a terapia centrada na pessoa, que naquele momento chamou de não diretiva.
GRUPO: Nesta mesma época ele cita também a sua decepção com o seu trabalho com o “jovem piromaníaco”, um caso que ele achou que embora tenha aplicado a técnica corretamente, após a alta, o rapaz volta a agir como antes.
HENRIETTE: Esse caso que ele relata e que mostra que não é o trabalho meramente técnico de aplicação escrita, mas tinham outras coisas envolvidas, e aí durante muito tempo, ele começou a falar indiscriminadamente de aconselhamento e de terapia, então era aconselhamento centrado na pessoa e terapia, porque para ele as duas coisas tinham se originado daquele momento, daquele trabalho específico, que ele achava que era próprio, aí que ele começou a ver que tinha uma especificidade o trabalho do psicólogo, na prática do aconselhamento, e que esse trabalho podia se desenvolver a ponto de terminar num trabalho psicoterápico de mais longo prazo. Porém ele começa a usar os termos indiscriminadamente e aí de repente, fica que aconselhamento é só rogeriano, ou só centrado na pessoa, por causa dessa ligação. Mas, ele mantém o campo do aconselhamento psicológico muito claro e quando vai para a Universidade de Chicago, ele cria um Centro de Aconselhamento Psicológico que faz também a psicoterapia, quer dizer, entra via uma consulta psicológica e aí pode vir acabar resultando neste processo de terapia, mas não necessariamente, e isso que a gente conserva aqui dentro do serviço do SAP é essa visão que a gente tem de aconselhamento. Centrado na pessoa está ligado com as mudanças que houveram, primeiro não era centrado na pessoa, primeiro era não diretivo porque implicava numa orientação não direta em cima do cliente, e sim acompanhar o movimento do que o cliente dizia, daí ele achar que isso tinha a ver com uma atitude não diretiva do profissional. Por isso se chamou não diretiva. Depois passou a ser centrado no cliente, e ele mudou essa palavra propositalmente porque ele não via a pessoa à frente dele como um “paciente”.
GRUPO: Porque isso tinha a ver a linha médica?
HENRIETTE: Não só a visão médica mas é também com o sentido de ser passivo, no sentido de receber, uma certa passividade no sentido de receber alguma coisa, no sentido de não ser proativo no trabalho, quer dizer, é o outro que conduz o trabalho, é o profissional que conduz o “paciente”. Então ele muda o termo exatamente por isso, ele começa a perceber que na medida em que o profissional não dirige mais tanto, não conduz mais tanto este processo, o cliente vai mostrando e portanto, assumindo uma atitude mais ativa e responsável com relação ao próprio processo.Hoje muitos psicanalistas não usam o termo “paciente”, mas a atitude é a mesma, mas naquela época que se usava, e ao passar a se utilizar do termo “cliente” Rogers queria deixar claro que o trabalho com aquela pessoa não era um trabalho médico e de separar também no sentido de que a condição daquela pessoa que estava ali procurando ajuda, não terá uma resposta pronta. Se ela procurou ela sabe para onde ela quer ir, então basta ouvi-la. Daí então começa a se chamar “Terapia Centrada no Cliente”por causa dessa mudança.
GRUPO: Como ele sistematiza essa visão,
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