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Envolvimento Parental Com Filhos De 3 E 5 Anos

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Por:   •  24/1/2015  •  4.813 Palavras (20 Páginas)  •  323 Visualizações

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RESUMO

O presente estudo teve como objectivo analisar o envolvimento paterno com os filhos, com idades de 3 e 5 anos. Participaram neste estudo 20 pais com filhos de 3 anos e 20 pais com filhos de 5 anos, todos em família nuclear. Os pais preencheram o questionário Escala de Participação Parental: Actividades De Cuidados E De Socialização (Monteiro, Veríssimo & Pessoa e Costa, 2008). Os resultados totais indicam que é mais frequentemente a mãe a realizar as actividades relacionadas com os Cuidados Directos e Indirectos, enquanto, nas Actividades de Lazer no Exterior, há um ligeiro avanço para a partilha, mesmo que pouco significativo, ainda pendendo mais para o lado da mãe. É no Ensino/Disciplina e Brincadeira, que começa a verificar-se uma tendência para a partilha igualitária, respectivamente. Em relação à idade das crianças, não se verificou diferenças significativas no envolvimento do pai com filhos de 3 e 5 anos.

ENQUADRAMENTO TEÓRICO

Histórico sobre transformações intergeracionais na paternidade

O interesse na influência do papel do pai no desenvolvimento da criança, bem como a sua influência no contexto familiar, tem vindo a aumentar significativamente ao longo dos últimos 30 anos, como consequência do contexto económico, social e cultural contemporâneo. Por sua vez, a mulher tem assumido maiores responsabilidades, tanto no mercado de trabalho quanto na divisão das despesas da casa, que reflecte no homem uma nova imagem, enfatizando um pai carinhoso, que está activamente envolvido no quotidiano dos seus filhos e consequentemente uma nova partilha a nível económico, doméstico e de cuidados da criança tem vindo a emergir (e.g., Balancho, 2004; Cabrera, Tamis-LeMonda, Bradley, Hofferth, & Lamb, 2000; Deutsch, 2001; Lamb, Frodi, Hwang, & Frodi, 1983; Parke, 1996, citado por Monteiro et al., 2010). Entretanto, há dados que sugerem que, apesar de neste momento da história os homens estarem a comportar-se de modo diferente dos pais das gerações anteriores, essa mudança é significativamente mais modesta do que a veiculada pelos meios de comunicação popular (Lamb & Tamis-Lemonda, 2004; Parke, 1996; Pleck & Masciadrelli, 2004, citado por Monteiro el at., 2008). Estes dados também são válidos para Portugal, que se encontra como o país da União Europeia (EU) com uma das maiores percentagens de força de trabalho feminina, particularmente aquelas com filhos em idades pré-escolar (Amâncio & Wall, 2004, citado por Monteiro et al., 2008).

Nos anos oitenta e noventa os estudos dedicaram-se essencialmente à identificação e caracterização de eventuais mudanças nos comportamentos e atitudes do pai na relação com os filhos e na vida familiar - em interface com as mudanças no papel desempenhado pelas mães, o crescimento das famílias de duas carreiras, a consequente educação da prole em instituições exteriores à família e os impactes dos novos formatos de família (Le Campus, 1995; Lamb, 1997, 2000, citado por Balancho, 2004).

Como consequência do surgimento desses novos papéis, evidenciou-se uma transformação na organização familiar, aumentando o número de famílias recasadas e de famílias monoparentais (Dessen & Silva, 2004, citado por Monteiro et al., 2008).

A visão de um possível “pai reconstruído” (Sullerot, 1993, citado por Balancho, 2004) é mais um reflexo da mudança da mulher que deseja partilhar o trabalho de educadora e cuidadora dos seus filhos com os respectivos pais e não propriamente de uma mudança na atitude dos homens em relação à paternidade.

De acordo com Belsky (1989) & Mackey (1985), citado por Balancho (2004), podem ter acontecido algumas mudanças discretas no papel do pai nas últimas décadas, mas ainda assim, continua a ter uma função de menor envolvimento nas tarefas diárias dos seus filhos, tanto no que diz respeito à educação quanto à sua sobrevivência.

Pelo que se verificou que, ser soldado e ama de crianças ainda pode surgir no imaginário masculino como uma contradição insustentável, mais do que como duas formas complementares de ser homem (Mackey, 1985, citado por Balancho, 2004).

Os resultados de um estudo realizado por Balancho (2004) mostraram que apesar de evidências consistentes de modestos aumentos nos níveis de envolvimento, não é ainda clara a consistência generalizada dessa mudança, nem o seu alargamento a todas as culturas e níveis socioeconómicos e culturais. Contudo, constatou-se uma mudança qualitativa no pai actual, conotando-o como mais sensível, mais presente e mais compreensivo do que os pais do passado.

Perspectiva do pai acerca do seu envolvimento

O grau de envolvimento do pai em famílias nucleares, na infância e idade pré-escolar, parece variar consoante a mãe trabalha ou não, e consoante os padrões de trabalho materno e paterno (e.g., Chuang, Lamb, & Hwang, 2004; NICHD Early Child Care Research Network, 2005; Peitz, Fthenakis, & Kalicki, 2001; Yeung, Sandberg, Davis-Kean, & Hofferty, 2001, citado por Monteiro et al., 2010).

Contudo, estudos anteriores revelam que as mães são as principais responsáveis pelos cuidados, independentemente se trabalham ou não, tendo os pais a responsabilidade por actividades lúdicas de brincadeira e lazer. No campo dessas actividades, mães e pais parecem equiparar-se na participação e envolvimento com os seus filhos (Monteiro et al., 2006, citado por Monteiro et al, 2008).

As características individuais das crianças também podem ser um factor preponderante no envolvimento paterno. Segundo Andrell (1996), citado por Monteiro et al. (2010), os pais tendem a passar mais tempo e estão mais envolvidos com os rapazes do que com as raparigas, em actividades de cuidados e/ou brincadeiras (e.g., Lima, 2005; NICHED Early Child Research Network, 2005; Yeung et al., 2001, citado por Monteiro et al., 2010). Outros estudos contrariam essa hipótese (e.g., Bailey, 1994; McBride, Schoppe, Ho, & Rane, 2004; Monetiro et al., 2006; Monteiro et al., in press, citado por Monteiro et al., 2010) afirmando que os pais estão igualmente envolvidos com os filhos independentemente do género.

Em relação à idade, verificou-se que os pais passam mais tempo nas tarefas de cuidados quando as crianças têm menos idade (Lamb, 1987, citado por Monteiro et al., 2010). Laflamme, Pomerlau & Malciut (2002), citado por Monteriro et al. (2010), verificaram que a correlação entre os cuidados paternos e a idade das

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