Escuta Psicanalitica Com Aodolescente Em Confronto Com A Lei
Pesquisas Acadêmicas: Escuta Psicanalitica Com Aodolescente Em Confronto Com A Lei. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: monnah • 4/10/2014 • 9.799 Palavras (40 Páginas) • 484 Visualizações
Freud
RESUMO
A psicanálise é uma práxis regida pela ética do inconsciente e pelo compromisso que se estabelece entre o sujeito e o seu desejo, permitindo o acesso à sua verdade. Através de uma pesquisa bibliográfica, a partir de Freud, do ensino de Lacan, e de Célio Garcia com a proposta da Clínica do Social pretende-se discutir a interpretação enquanto método por excelência da psicanálise. Tem-se como objetivo, uma reflexão a cerca das possíveis, diferenças entre a técnica interpretativa na clinica standart e na Clínica do Social, assim como identificar de que forma o sintoma nesse mesmo contexto se apresenta.
Palavras-chave: Clínica do Social, Interpretação, Psicanálise, Sujeito.
ABSTRACT
Summary the psychoanalysis is práxis prevailed for the ethics of the unconscious one and the commitment that if establishes between the citizen and its desire, allowing the access to its truth. Through one it searches bibliographical, from Freud, the education of Lacan and of Célio Garci'a with the proposal of the Clinic of the Social one it is intended to argue, the interpretation while method par excellence of the psychoanalysis. Having as objective, a reflection about the possible ones, will be had, differences on the interpretativa technique in the Clinic of the Social one, as well as identifying as the symptom in this exactly context if it presents.
Word-key: Clinic of the Social one, Interpretation, Psychoanalysis, Citizen.
INTRODUÇÃO
A psicanálise é uma práxis regida pela ética do inconsciente e pelo compromisso que se estabelece entre o sujeito e o seu desejo, permitindo o acesso à sua verdade. Verdade essa, escondida no enigma do sintoma. Verdade impossível de ser dita por completo.
No entanto, é a posição do analista que possibilita a emergência do inconsciente. É nas entrevistas preliminares, no início do trabalho analítico, que se opera a retificação subjetiva que possibilitará a transferência analítica e, só então, a abertura do campo da interpretação.
A psicanálise tem um corpo de saber teórico e técnico específico. No entanto, isto não pode ser justificativa para ser exercida, exclusivamente, no âmbito dos consultórios particulares, pois atualmente o analista é requisitado a fazer interlocuções com questões sociais, clínicas e políticas.
Com isso, a Clínica do Social de Célio Garcia vem justamente na tentativa de inserir a psicanálise em um contexto diferenciado, onde impera a carência de recursos sociais, econômicos e culturais, convidando o psicanalista a refletir sobre o seu lugar fora do enquadre clínico tradicional, ou seja, no consultório particular. Isto supondo que, se muda o contexto, é provável que se mude também a estratégia na escuta psicanalítica.
Levando-se em conta o acima exposto, o objetivo desse estudo é uma reflexão a cerca das possíveis diferenciações que podem acontecer no tratamento no que toca a interpretação enquanto ato analítico na Clínica do Social.
Para tanto, realizar-se-á uma pesquisa bibliográfica para discutir a interpretação enquanto método por excelência da psicanálise a partir do seu fundador Sigmund Freud, e do ensino de Jacqes Lacan. No que concerne à Clínica do Social, a proposta de Célio Garcia.
Isso na tentativa de refletir como o psicanalista, através da interpretação, como técnica psicanalítica, pode atuar diante de um novo contexto, e se o sintoma apresentado pelo sujeito no contexto da Clínica do Social é o mesmo da Clínica tradicional da neurose.
Este questionamento surge no momento em que nos deparamos com uma experiência de estágio em uma comunidade carente, onde pudemos perceber a necessidade de novos recursos diante da especificidade do sintoma que ali se apresenta. Todavia, não se pode deixar escapar o rigor teórico do saber psicanalítico.
Sabe-se que a interpretação vem a ser um dos fundamentos da técnica psicanalítica e, diante desse novo sintoma que se apresenta na contemporaneidade temos que repensar um novo modo de atuação da psicanálise e para tanto Célio Garcia nos oferece a Clínica do Social.
Este trabalho propõe um percurso bibliográfico, onde no primeiro momento faz-se necessário situar a psicanálise antes de conceituar e contextualizar a interpretação na Clínica do Social.
A psicanálise é um método de investigação do inconsciente inventado por Freud no século XIX, onde a fala é a ferramenta utilizada para se alcançar o sujeito.
Para Quinet,Descartes foi o primeiro a formular o conceito de sujeito. O seu cogito “penso, logo sou” é resultado de um despojamento de saber. Ao utilizar a dúvida como método, passou a questionar todas as idéias estabelecidas, inclusive sua própria existência.
Com o cogito, é possível verificar que o ato de pensar passa a testemunhar a existência do sujeito no simbólico, já que quando penso, existo. O pensamento é exigível até para se duvidar. Uma vez que há pensamento, ou seja, simbólico, linguagem, há ser. O cogito afirma o ser enquanto pensante.
Com base em Lacan, ao tomar o cogito como referência para sua definição de sujeito da ciência, portanto, também da psicanálise, Laéria Fontenele(2002) sublinha a importância da dimensão simbólica do sujeito, acrescentando a proposição de Descartes de que existe pensar, o fato de que há um sujeito do pensamento. O cogito tem valor para a psicanálise, na medida em que, inaugura o sujeito em sua vertente simbólica. É somente nessa vertente que algo pode ter valor de existência para o ser falante. Apesar de não abarcar tudo, já que para a psicanálise o simbólico é incompleto; é neste campo que o trabalho de análise vai se dar, debruçando-se sobre o que é da ordem do pensamento, fala e linguagem.
Considerando o sujeito do inconsciente como o que porta uma verdade do sujeito, a psicanálise passa a situar o campo do simbólico como não-todo. Isto se coloca, na medida em que este sujeito só pode aparecer enquanto furo, numa estrutura que não é totalizadora, isto é, incompleta. O saber do sujeito dividido é incompleto,
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